Manifestações em várias cidades do País ocorreram neste domingo contra a PEC da Blindagem, aprovada esta semana na Câmara dos Deputados, com a garantia do voto secreto.
Além da proposta da Anistia aos crimes cometidos em 8 de janeiro de 2023, que deve ser votada nesta semana.
Pouco mais de 40 mil pessoas foram à Avenida Paulista, número semelhante em Copacabana, no Rio de Janeiro, que contou com a presença de cantores Gilberto Gil, Djavan, Paulinho da Viola, Caetano Veloso, Chico Buarque e outros.
Confira como foi – São Paulo
Cerca de 42,4 mil pessoas se reuniram neste domingo (21) na avenida Paulista, na região central de São Paulo, para protestar contra a anistia aos condenados por tentativa de golpe de Estado e a chamada PEC da Blindagem.
Ela prevê exigência de autorização do Congresso para processar criminalmente deputados e senadores.
A estimativa de público é do Monitor do Debate Político no Meio Digital, vinculado à USP (Universidade de São Paulo).
Ao todo, 33 cidades tiveram atos, incluindo todas as capitais.
Com críticas ao Congresso Nacional, os manifestantes exigiram a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Ele já está condenado a 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado, organização criminosa, entre outros crimes.
Convocadas pelas frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular, ligados ao PSOL e PT, as manifestações contaram com a presença de sindicatos, grupos estudantis, artistas e movimentos sociais.
Casos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), além de outros partidos de esquerda e centro-esquerda.
Professora aposentada pelo estado de São Paulo, Miriam Abramo teme pela volta da ditadura no Brasil.
Ela acredita que a PEC da Blindagem pode ser um encurtamento do caminho para que o país reviva o período.
“Estou aqui porque tenho 75 anos e eu vivi a época na qual você não tinha direitos de nada. Eu votei pela primeira vez para presidente da República quando eu tinha 40 anos e eu não quero que essa juventude espere ter 40 anos para poder escolher seu presidente novamente”, falou a professora.
Exemplo para os filhos
O professor de artes marciais Renato Tambellini não apenas foi se manifestar como levou a filha de 12 anos, Luiza, para mostrar a ela a importância da manifestação popular e para que ela já comece a participar.
Ele contou que sempre conversa sobre todos os temas com a Luiza e seu irmão.
“Explico a eles que é preciso se mobilizar, reivindicar direitos. E nesse momento é imprescindível, com a gente saindo de uma tentativa de golpe. Acredito que finalmente podemos viver um momento histórico com a condenação de golpistas no país. E temos que estar na rua mostrando que estamos apoiando isso para consolidar ainda mais a nossa democracia”.

Manifestantes mostraram sua indignação em relação à parcela dos deputados favoráveis à aprovação da PEC da Blindagem e das discussões sobre anistia aos que participaram dos atos de 8 de janeiro de 2023 em Brasília, incluindo também o ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado a 27 anos e 3 meses por tentativa de golpe de Estado e mais sete integrantes do seu governo. Foto: Tânia Rego/Agência Brasil
Confira como foi – Rio de Janeiro
A exemplo de São Paulo, milhares de pessoas ocuparam neste domingo (21) a Praia de Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro.
De acordo com os cálculos do Monitor do Debate Político no Meio Digital, vinculado à USP (Universidade de São Paulo), 41,8 mil pessoas estiveram no ato em Copacabana – número semelhante ao da capital paulista.
A proposta de emenda à Constituição repudiada pelos manifestantes foi aprovada pela Câmara dos Deputados na última terça-feira (16).
Na prática, a medida dificulta a abertura de processos criminais contra parlamentares, ao impor que as casas legislativas devem aprovar a abertura desses processos.
Aos gritos de “Sem Anistia” e “Viva a democracia”, os manifestantes se reuniram na altura do Posto Cinco da Orla de Copacabana, para escutar os discursos de lideranças políticas.
E assistiram aos shows dos cantores Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Paulinho da Viola, Djavan, entre outros.
Caetano Veloso disse, durante o ato musical, que a democracia no Brasil resiste.
Segundo ele, a cultura nacional apresenta grande vitalidade.
“Não podemos deixar de responder aos horrores que vêm se insinuando à nossa volta”.
Gilberto Gil lembrou que o Brasil já passou por momentos semelhantes em sua história.
“Passamos por momentos parecidos sempre em busca da autonomia, o bem maior do nosso povo”, afirmou.
Ambos tiveram que morar no exterior durante a ditadura, sob o risco de tortura e morte.
De estudantes a aposentados
A servidora pública federal aposentada Regina de Brito, de 68 anos, foi uma das primeiras a chegar, para ficar bem perto dos cantores do ato musical.
Ela disse ser muito importante apoiar o movimento contra os que tentaram planejar um golpe no país.
“Eu fui criada na ditadura militar. Sei como era isso. Esses caras acabaram de ser condenados, nem estão cumprindo pena e já querem anistia?”, diz.
“E esse Congresso vilão, da direita, em vez de votar pautas do povo, como a isenção do imposto de renda até R$ 5 mil”, destaca.
“É um Congresso que não pensa no povo em nenhuma instância, só pensam no próprio umbigo”, desabafa.
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