Para Aldo Rebelo, Ciência e Tecnologia são apostas ao desenvolvimento | Boqnews
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Eleições 2018

27 DE JUNHO DE 2018

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Para Aldo Rebelo, Ciência e Tecnologia são apostas ao desenvolvimento

Aldo Rebelo foi ministro em várias pastas nos governos Lula e Dilma, além de presidente da Câmara dos Deputados. Será candidato à Presidência pelo SD.

Por: Da Redação

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Durante 40 anos, Aldo Rebelo esteve no PCdoB.

Foi deputado federal, presidente da Câmara dos Deputados (2005-2007), ministro de pastas importantes, como Defesa, Esportes, Secretaria de Relações Políticas e Institucionais e Ciência e Tecnologia nos governos Lula e Dilma.

Na de Esportes, aliás, esteve à frente da pasta durante a Copa do Mundo no Brasil em 2014.

Saiu no ano passado e foi para o PSB.

Mas em abril, decidiu mudar novamente por não concordar com o interesse do partido em lançar o ex-ministro do Supremo, Joaquim Barbosa.

Migrou para o SD (Solidariedade), onde surge como pré-candidato à Presidência.

Nesta entrevista à Boqnews TV, ele explica os motivos da candidatura, a experiência pelos cargos ocupados e como a Ciência pode ser um diferencial para a retomada da economia.

Na última segunda (25), Rebelo esteve em Santos se reunindo com sindicalistas.

 

Confira a entrevista com Aldo Rebelo

 

Boqnews: Por que o sr. é candidato à presidência da República?

Aldo Rebelo: Eu acumulei experiência como deputado, fui presidente da Câmara Federal, líder do governo, e ministro de quatro ministérios diferentes.

E relatei projetos importantes para o Brasil, como o Código Florestal, a Lei de Biossegurança, que autorizou pesquisas com células-tronco.

Assim, acho que poderia contribuir para o debate nacional no momento em que o Brasil vive, uma encruzilhada de dificuldades e crises.

Porque são crises: a econômica,  fiscal, da previdência, da segurança publica, do desemprego, o que é muito grave no país.

Eu vi essa situação de vários postos de observação.

Assim, acho que posso oferecer uma contribuição, alternativas para o Brasil enfrentar essas situações.

Foi ai que fui convidado pelo Solidariedade (SD) para ser pré-candidato à presidência da República.

Estou cumprindo essa jornada para debater os caminhos do Brasil.

 

Ciência & Tecnologia

 

Boqnews: O sr. foi ministro da pasta de Ciência e Tecnologia. Assim, como o sr. analisa o esvaziamento desse ministério, com sucessivos cortes de verbas para pesquisas no País?

Aldo Rebelo – A economia brasileira perdeu muita competitividade.

Empresas deixaram o Brasil, migraram para China, Paraguai e outros países.

O emprego de alta tecnologia, de alta remuneração, o emprego mais qualificado, nós perdemos.

E nós perdemos exatamente porque perdemos capacidade científica e tecnológica. E também de inovação.

Quando você perde isso, a sua empresa perde competitividade, o emprego desaparece.

E isso é um problema grave para o Brasil.

E nós cedemos o espaço para os nossos concorrentes, porque esvaziamos a agenda da Ciência, Tecnologia e Inovação.

Além disso,  nos últimos dois anos esse esvaziamento se tornou mais grave, ainda mais acentuado.

Os nossos institutos de pesquisa, nossas universidades, perdem cérebro, porque se aposentam sem reposição.

Perdem recursos e equipamentos.

Se você não tiver, por exemplo, um microscópio de última geração para fazer suas pesquisas, você vai ficar atrasado em relação aos outros países.

Então  dotar de equipamentos nos centros de pesquisas é  importante.

Porque não destinamos os  recursos necessários para Ciência, Tecnologia e Inovação.

 

Boqnews – Dentro das propostas de seu governo, essa pasta vai ter uma participação especial?

Aldo Rebelo – Será decisiva. Quando eu era ministro, propus à presidente Dilma (Rousseff), e ao governo, que repactuassem a distribuição dos royalties e do fundo do pré-sal, incluindo Ciência e Tecnologia.

Mas destinaram todos os recursos para educação e saúde.

Foram 75% destinados para Educação, mas como pode se conceber educação sem Ciência,  Tecnologia nem Inovação? A própria saúde depende muito da tecnologia, de equipamentos modernos, laboratórios à altura das necessidades do sistema de saúde.

No Ministério da Ciência e Tecnologia, eu cheguei a preparar uma proposta de um decreto – e depois no Ministério da Defesa eu reapresentei o documento incluindo a defesa para receber o fundo do pré-sal, pois a defesa está muito ligada à tecnologia.

Cheguei a fazer empréstimos, fui aos Estados Unidos, vi empréstimos com o Banco Mundial em equipamentos  na área de Ciência e Tecnologia.

E incluir obras, pois ficamos de fora do projeto de retomada do crescimento do PAC.

E como acelerar crescimento sem ciência e tecnologia?

Isso é fundamental para o país voltar a crescer, ter competitividade, e emprego de alta tecnologia e remuneração.

 

 

Petrobras

Boqnews – Dentro deste cenário de tecnologia, há a questão do pré-sal. Em relação aos últimos leilões da Petrobras, o avanço de empresas estrangeiras interessadas na tecnologia da empresa de prospecção de petróleo em águas profundas preocupa? O sr pretende fazer alguma mudança caso venha ser eleito?

Aldo Rebelo Cabe destacar que a Petrobras é líder na área de tecnologia, inclusive ganhadora de prêmios internacionais, pela prospecção de petróleo em águas profundas.

Isso deu a liderança à Petrobras para o mundo.

Sem essa tecnologia não chegaríamos ao pré-sal.

Então a Petrobras não é apenas uma empresa detentora de reservas importantes, que colocam hoje o Brasil como protagonista mundial nesse tipo de energia.

Ela pode contar com parcerias com outros países. Eu não sou contra que a Petrobras convide e partilhe a exploração do Brasil com outras empresas.

Porque isso será uma contrapartida, que nos permitira participar na exploração de petróleo em outros países.

O grande problema é que a Petrobras deve ter como denominador comum o interesse nacional, o interesse público, porque os brasileiros são os acionistas mais importante da Petrobras.

E nem sempre ela considera isso.

Eu acho que ela adota como preferência o sócio minoritário, pois abriu a empresa para aquisição de ações por parte de estrangeiros ao levar a Petrobras para a bolsa de Nova Iorque.

Um caso específico: nós cotamos o preço do nosso petróleo, a partir do preço internacional em dólar.

Nós não extraímos em dólar. A extração e nosso custo são em reais.

Não importamos petróleos, nós exportamos petróleo.

 

Intervenção militar

Boqnews – O sr. teve contato com os militares quando ministro da Defesa. Durante a greve dos caminhoneiros, surgiram faixas pedindo a intervenção militar. Existe este risco?

Aldo Rebelo – Eu posso dizer,  com certeza, que não há, por parte das Forças Armadas, qualquer interesse em virar protagonista na política.

Eles já têm uma missão  difícil, que é defender e proteger o Brasil.

Assim, são 17 mil quilômetros de fronteiras, é muita coisa.

Para ter uma ideia, toda a fronteira do sul dos Estados Unidos com o México tem 3 mil quilômetros.

Ou seja, só com a Bolívia,  temos 3.400 kms de fronteira.

Temos 7.500 km de litoral. Fora isso, são 4 milhões de km² de águas sobre nossa responsabilidade, onde estão as riquezas do Brasil, inclusive o pré-sal.

Dessa forma, nós temos 8,5 milhões de km2 de espaço aéreo em terra para proteger.

Então, eles já tomam conta disso tudo, além da Amazônia, de dar assistência aos ribeirinhos e aos índios, além dos atingidos pela seca do Nordeste.

Portanto, as Forças Armadas têm muita atribuição.

Eles não querem cuidar da política, com várias crises.

E alguns civis, por descrença, por desespero, achando que os militares resolveriam o que os civis não resolveriam, fazem esta defesa.

E outra parcela por interesse para fazer coisas erradas sem que ninguém investigue.

 

Portos

 

Fiscalização por mar, ar e terra

Boqnews  – O sr falou da questão da soberania militar, fazendo uma associação com essa extensa área que a gente tem e a facilidade  do tráfico de drogas em grandes centros. O porto de Santos já é considerado o que mais exporta drogas no mundo. Como lidar com essa realidade?

Aldo Rebelo – É uma combinação de presença física com equipamentos de capacitação tecnológicos, porque temos uma fronteira com tríplice vulnerabilidade.

Temos vulnerabilidade porque é uma extensão muito grande.

Temos a vulnerabilidade do espaço aéreo que tentamos reduzir com a Lei do Abate, permitindo à Força Aérea abater qualquer avião clandestino que não se identifique e nem obedeça qualquer instrução da Aeronáutica.

Portanto, inclusive já conseguimos apreender aviões com drogas e quando eles não obedecem recorremos ao tiro.

E em terceiro, temos a vulnerabilidade fluvial. São mais de 20 mil milhas navegáveis e todos esses rios são águas internacionais.

Desta forma, isso precisa ser corrigido com uma presença ostensiva, com um sistema que estamos começando com a fronteira do Paraguai, que é o SISFRON, um conjunto de radares de alta eficácia.

 

 

Copa no Brasil

Boqnews – O sr. foi ministro dos Esportes na época da Copa no Brasil? Com tantas denúncias de superfaturamento, o sr. ficou decepcionado diante de tantos escândalos que surgiram pós-Copa? Não foram construídos estádios em excesso que hoje estão subaproveitados?

Aldo Rebelo – Qualquer escândalo naturalmente é uma decepção.

Seja ela na saúde, construção de um hospital, estrada, no Porto ou até mesmo no estádio.

Quero ressaltar que a Copa do Mundo não teve nada a ver com isso.

Como o doente ou o usuário da saúde que nada tem a ver com a roubalheira no hospital.

Ou como o usuário de uma estrada, aquele que transita em uma rodovia ou passa por um viaduto, não vai responder por que alguém, um governante ou gestor, que roubou na construção do viaduto.

Assim como os estudantes, professores e funcionários de uma universidade não podem responder por um roubo que houve na construção da universidade.

Ou seja, qualquer ato ilícito, em qualquer área, traz desapontamento.

Agora preciso dizer o seguinte, não teve um jogador que levou um tijolo na Copa do Mundo.

Ou seja, o roubo ou irregularidade que ocorreu na construção de um estádio é o mesmo que aconteceu na construção de uma estrada, rodovia, ferrovia, Porto, aeroporto, do hospital.

Ou seja, isso foram crimes que o país precisa apurar.

Mas não vamos colocar a responsabilidade na Copa!

Ou seja, a Copa não teve a ver com isso!

As seleções que vieram jogar aqui não participaram de qualquer irregularidade.

Além dos torcedores  de todo o mundo, os 20 mil jornalistas que vieram cobrir a Copa, não tiveram  a ver com isso.

Então a Copa do Mundo, como evento esportivo, foi um grande êxito para o Brasil.

O Brasil deu uma grande demonstração de capacidade de receber esses turistas, de oferecer segurança a eles.

Além de pontualidade nos aeroportos.

Aliás, hoje, o Brasil tem aeroportos entre os dez melhores do mundo. Isso tudo nós preparamos para a Copa do Mundo.

Assim como agora a Rússia está demonstrando eficiência em recepcionar os turistas, jogadores e seleções.

Em relação aos estádios, o Brasil não podia fazer uma Copa apenas em São Paulo.

 

Estádios (foto Mané Garrincha – Brasília)

Assim, não podia fazer uma Copa e a Amazônia, com 4,5 milhões de quilômetros quadrados, ou seja, mais da metade do território do Brasil ia ficar fora?

Ou todo o Centro-Oeste brasileiro, com o potencial agrícola.

Nem o Nordeste  poderia ficar fora da Copa.

Desta forma, os estádios já existiam. Eles foram reformados para receber as seleções.

E se houve superfaturamento, que seja apurado e os responsáveis punidos.

Agora, a Copa do Mundo não tem que responder por isso.

 

Entrevista

Confira a entrevista na íntegra

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