“Precisamos repensar o que foi feito”, diz presidente da Codesp sobre ISS | Boqnews
Foto: Nara Assunção /Arquivo

A partir de abril

17 DE FEVEREIRO DE 2018

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“Precisamos repensar o que foi feito”, diz presidente da Codesp sobre ISS

Presidente da empresa, José Alex Oliva, está preocupado com o impacto que o reajuste do ISS terá na cadeia portuária. Aumento de 3% para 5% vale a partir de abril

Por: Fernando De Maria

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O presidente da Codesp, José Alex Oliva, está animado com o possibilidade do cais santista implantar o novo modal hidroviário.

O presidente da Codesp também se mostra preocupado com os impactos dos aumentos do ISS – Imposto sobre Serviços ao setor reajustados pelas prefeituras de Santos e Guarujá, que entrarão em vigor a partir de abril.

Nesta entrevista, o presidente da Codesp aborda outros desafios para ampliar a capacidade e a produtividade portuária

 

 

 

Presidente da Codesp

Presidente da Codesp, José Alex Oliva, está preocupado com o impacto que o reajuste do ISS terá na cadeia portuária. Aumento de 3% para 5% vale a partir de abril. Foto: Divulgação/Arquivo

Entrevista com presidente da Codesp – José Alex Oliva

Apesar do recorde de movimentação de cargas, os congestionamentos de caminhões diminuíram. Quais as principais mudanças que provocaram a melhoria no sistema?
Foi uma ação ordenada da Codesp, terminais e todos envolvidos.

Não tivemos problemas na safra 2016/2017 e esperamos melhorar ainda mais neste ano.

Afinal, precisávamos fazer algo. Onde está o caminhão não pode passar trem e vice-versa.

Precisamos ter navio amplo atracando e operando 24 horas para garantir a fluidez para o caminhão e trem chegarem com a mercadoria.

Antes, o tempo de espera do navio na barra demorava 20 dias. Com as mudanças, reduzimos para 9 dias de espera.

Isso faz a diferença. É a lei da Física. Dois corpos não ocupam o mesmo espaço.

Assim, precisamos organizar para que cada um passe de cada vez.

Esta foi a mudança em 2016/2017.

Nosso desafio para 2018 é reduzir de 9 para 6 dias o período de espera de cada embarcação e sincronizarmos ainda mais este modais.

 

Como fazer isso?
Os três dias que eu quero reduzir dependem de boa vontade e força da gente.

Depende de uma ótima gestão.

Já temos a boa. Vamos buscar a ótima. É um trabalho de equipe.

 

Mas para atingir este meta também depende da parte sindical…
Temos uma boa relação. São 18 sindicatos na Baixada Santista ligados ao porto.

Tenho me relacionado muito bem com eles. Houve alguma greve nestes últimos dois anos?.

 

Algumas pontuais junto a terminais…
Por reivindicações e pontos de vista contrários.

Mas faz parte da democracia.

Basicamente por questão salarial, mas no momento de crise, as empresas não têm caixa.

Aí há o confronto capital-trabalho. Hoje não temos qualquer conflito deflagrado.

Nos dois anos que estou aqui (desde novembro de 2015), ocorreram paralisações pontuais.

A relação com os sindicatos é ótima, sem transtornos.

 

Hidrovias

E a implantação do modal hidroviário?
No primeiro momento, o transporte será feito com as cargas em contêineres.

A expectativa inicial é de 350 mil transportados por barcas ao longo de 2018.

 

Qual a vantagem da hidrovia?
Uma balsa pode transportar de 300 a 400 contêineres, dependendo do tamanho.

Ou seja, serão 300 a 400 caminhões a menos trafegando pelas avenidas até chegar aos terminais.

O contêiner será transportado até Cubatão (cais da Usiminas) por 17 quilômetros, virá pelo canal hidroviário, o que desafogará as estradas, diminuindo o volume de caminhões com contêineres.

Isso agilizará e ampliará a capacidade dos caminhões de granel que precisam chegar ao Porto para descarregar, e também a capacidade do trem, pois diminuirá o fluxo de caminhões, provocando um impacto menor nesta relação caminhões x trens.

Além de aumentar a capacidade de recebimento de cargas do agronegócio.

 

E sob o aspecto econômico?
Custo menor.

Alguns descrentes podem até falar que serão dois trabalhos: tirar do caminhão, levar para a balsa e de lá colocar no terminal.

Mas o que eu vou tirar de conflito nos modais (rodoviário e ferroviário) e economia de tempo, de gasto de energia e de CO2 vai pagar e ainda dará troco.

E ainda vou buscar os créditos de carbono para capitalizar isso no futuro para a Codesp.

 

O transporte hidroviário pelo estuário vai reduzir, portanto, o tempo de espera dos navios?
Sim, vai ajudar, pois teremos menos acessos de caminhões aos terminais e assim haverá maior fluidez de caminhões de grãos.

Consequentemente, a estada do navio será menor, com menos conflito e maior agilidade.

Se eu tiver por dia, no mínimo, quatro embarcações com 350 contêineres cada, serão 1.400 caminhões a menos por dia circulando.

Potencialidade

Qual a potencialidade para a região?
Enorme. São 200 quilômetros navegáveis já identificados.

Começaremos com 17. Olha o potencial!

As pessoas ainda são como São Tomé, querem ver para crer.

Estou convencido que isso será a chave que vai virar para o novo momento do Porto de Santos. Será um outro contexto.

 

O sr. não teme que a eleição presidencial atrapalhe estes planos?
Não estou preocupado. Meu mandato termina em 31 de dezembro.

Estou preocupado apenas em fazer um bom trabalho, em deixar um legado para a sociedade.

 

Nova tarifa do ISS

A partir de abril, entra em vigor a nova tarifa de ISS em Santos e Guarujá, majorada de 3% para 5%. O sr. teme que isso prejudique os planos de expansão?
Estou oferecendo uma logística eficiente onde todos ganham. O aumento do ISS independe da Codesp.

Ontem (a entrevista foi realizada no dia 23 de janeiro), eu assinei um cheque de R$ 5 milhões para a Prefeitura referente ao ISS.

Imagina 5%! (passará a R$ 8,35 milhões).

A cidade tem que entender que 72% da sua receita é ligada à atividade portuária.

 

A Codesp foi consultada?
Na verdade, apenas fomos comunicados que haveria o aumento.

 

O sr. teme que o esforço feito hoje possa ser prejudicado no próximo ano, quando vários dos contratos atualmente em vigor com os terminais poderão ser revistos?
Eu sou muito otimista. 2018 já está posto. Para 2019 nós vamos ter um freio de arrumação e aí…

 

O sr. já sentiu o impacto no meio empresarial?
O setor empresarial, de forma geral, não ficou satisfeito.

Até porque outros portos, como uma medida de atração, reduzirão o ISS. Nós estamos na contramão, aumentando-o.

Outros portos têm menor eficiência, mas estão crescendo e oferecem menores custos. Não podemos achar que somos os donos absolutos e nada vai acontecer.

Não existe isso.

Vamos colocar o pé no chão. Isso afetará a cadeia produtiva.

E o empresário vai onde ele ganha. Se ele começa a perder aqui, ele buscará outra alternativa para ganhar.

E aí a gente vai sentir o reflexo já na safra de 2019.

 

E o que o sr. pensa sobre isso?
Penso que a gente tem que repensar o que foi feito.

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