Após três meses consecutivos de retração, a produção industrial brasileira não registrou variação entre dezembro e janeiro, conforme a Pesquisa Industrial Mensal divulgada nesta terça-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Isso significa que a produção manteve-se estável, sem crescimento nem declínio no período.
Em comparação com o mesmo mês do ano anterior, o setor industrial cresceu 1,4%, alcançando a oitava expansão seguida nesse tipo de comparação. Portanto, no acumulado de 12 meses, o crescimento foi de 2,9%.
Com esse resultado, a produção da indústria brasileira em janeiro superou o nível pré-pandemia de Covid-19, registrado em fevereiro de 2020, apresentando um aumento de 1,3%. No entanto, a produção ainda está 15,6% abaixo do pico histórico da série, atingido em maio de 2011.
Ademais, a Pesquisa Industrial Mensal também revelou que 68,9% dos 789 produtos analisados apresentaram alta na produção em janeiro, quando comparado a dezembro.
Interrupção da queda e aumento da difusão positiva
A estabilidade de janeiro interrompeu três meses seguidos de queda na produção, quando a indústria teve redução de 1,2%, conforme os dados a seguir:
Outubro: -0,2%
Novembro: -0,7%
Dezembro: -0,3%Janeiro: 0%
Vale lembrar que o último período de quatro meses consecutivos sem crescimento ocorreu em 2015, quando a produção caiu 5,6% de setembro a dezembro.
Apesar da variação nula, o gerente da pesquisa, André Macedo, destacou aspectos positivos, como a interrupção do movimento de queda e o aumento da difusão dos resultados positivos. Além disso, ele observou que três das quatro grandes categorias econômicas apresentaram crescimento:
Bens de capital (máquinas e equipamentos): +1,5%
Bens intermediários (utilizados para produzir outros bens ou serviços): -1,4%
Bens de consumo duráveis: +4,4%
Bens de consumo semiduráveis e não duráveis: +3,1%
Além disso, 18 dos 25 segmentos pesquisados apresentaram crescimento. Entre os destaques positivos, os principais foram:
Máquinas e equipamentos: +6,9%
Veículos automotores, reboques e carrocerias: +3%
Produtos de borracha e material plástico: +3,7%
Artefatos de couro, artigos para viagem e calçados: +9,3%
Farmoquímicos e farmacêuticos: +4,8%
Produtos diversos: +10%
Máquinas, aparelhos e materiais elétricos: +4,3%
Móveis: +6,8%
Manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos: +5%
Alimentícios: +0,4%
De acordo com Macedo, o crescimento observado foi impulsionado pela volta à produção em janeiro, após o período de férias coletivas no final de 2024. “Esse aumento de dinamismo na produção de janeiro de 2025 eliminou as perdas de dezembro de 2024”, explicou.
Setor extrativo sofre impacto negativo
Por outro lado, seis segmentos industriais apresentaram queda na produção. O destaque negativo ficou por conta das indústrias extrativas, que registraram uma redução de 2,4%, interrompendo dois meses consecutivos de crescimento.
Contudo, Macedo explicou que a queda desse setor foi fortemente influenciada pelos principais itens da indústria extrativa: petróleo e minérios de ferro. Ele ainda apontou que o setor de petróleo e gás, por exemplo, enfrentou paralisações em plataformas, tanto programadas quanto não programadas.
Por isso, em resumo, apesar da estabilidade geral na produção industrial, a atividade extrativa e a desaceleração de alguns segmentos ainda representam desafios para o setor, que segue em recuperação desde a pandemia
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