A despeito de uma taxa de desemprego de 21% no estado de Pernambuco, o polo tecnológico do Porto Digital, em Recife (PE), tem 1.500 vagas abertas para atuação imediata por profissionais da área de TI (Tecnologia da Informação), Análise de Sistemas, Ciência de Dados e afins.
A informação foi divulgada pela diretora executiva do Porto Digital, Mariana Pincovsky.
Ela participou da edição desta quarta (19) do Jornal Enfoque – Manhã de Notícias, onde relatou este déficit em razão do boom que o setor vive, em razão da pandemia.
“Falta mão de obra”, reconhece.
Ou seja, a elevação da demanda não só no Brasil como também no exterior em razão da pandemia acabou atraindo profissionais de empresas de Recife para trabalhar em empresas do exterior.
Ainda que permaneçam no País, mas trabalhando em home office.
Motivo: é impossível manter bons profissionais recebendo em real, a medida que lá fora os salários são pagos em dólar e euro.
E assim, a relação aumento da demanda X evasão de profissionais resulta na falta de mão-de-obra.
Histórico
Dessa forma, o Parque Tecnológico de Recife completou 21 anos no ano passado e hoje é uma das maiores referências tecnológicas do Brasil.
Em 2000, o Porto Digital foi inaugurado com duas empresas.
Hoje, são 349 empresas de tecnologia, dando suporte nacional e internacional a empresas como Fiat, Samsung, TV Globo, entre outras.
O parque ocupa a área insular e histórica de Recife, onde os negócios são realizados.
Confira o vídeo de divulgação
Porto Digital x Porto de Santos
Para se ter ideia, o Porto Recife – que ocupa uma ampla área histórica – e recuperada – do Centro Velho emprega 13.500 pessoas.
Mais que o porto físico de Santos, de forma direta e indireta.
Segundo o presidente da Sopesp – Sindicato dos Operadores Portuários do Estado de São Paulo, Regis Prunzel, o cais santista emprega atualmente 11 mil pessoas.
Com a aprovação do porto expandido, dos atuais 8 para 15,5 km2, a expectativa é que o segmento empregue até 60 mil pessoas nos próximos 20 anos.
Por sua vez, a chave de sucesso do Porto Digital, segundo Mariana, foi o fato dele ser uma organização social (OS) sem fins lucrativos, o Núcleo de Gestão do Porto Digital (NGPD)
“Hoje, 19 pessoas fazem parte do Conselho. O Governo do Estado e a Prefeitura de Recife tem 2 e 4 assentos, respectivamente. Ou seja, a minoria”, explica.
Assim, o Porto Digital se blinda de eventuais desejos de políticos, tornando-se uma política de Estado – e não de governo.
Mas ela também ressalta outro ponto fundamental neste processo.
“Aqui precisa ter alma, com pessoas pensando neste ecossistema”, salienta.
Assim, o espaço reúne profissionais não só de TI (Tecnologia da Informação), mas empresários dos mais variados segmentos, o sistema S (Sebrae, Senac, Sesc) e profissionais de economia criativa.
Além disso, por ocupar o Centro Histórico, aquece o mercado de arquitetura, preservação do patrimônio histórico, gastronomia e segmentos afins, em um verdadeiro networking a céu aberto – ou não – pelas ruas do bairro, onde a tecnologia e a criatividade andam juntas.
Mariana Pinconvsky destacou o papel do Porto Digital na expansão das atividades tecnológicas no Brasil e a necessidade de formação de mão-de-obra, com 1.500 vagas abertas na atualidade. Foto: Reprodução/Jornal Enfoque
Embarque Digital
Hoje, o maior desafio do Porto Digital é a formação de mão-de-obra, reconhece Mariana.
Ela explica que a pandemia acelerou o processo de transformação digital das corporações, especialmente as de médio e grande portes.
“Hoje temos 1.500 vagas abertas. Muitos jovens aqui formados foram contratados por empresas estrangeiras ganhando em dólares e euros. E não temos como competir com os salários pagos no exterior”, destaca.
Assim, surgiu o programa Embarque Digital.
Dessa forma, com um investimento de R$ 30 milhões, a prefeitura de Recife em parceria com o Porto Digital vão garantir 2 mil vagas para jovens da rede pública interessados em estudar em cursos voltados à área tecnológica, como Análise de Sistema, Ciência de Dados, Sistema de Informação e afins.
Apesar do apoio das instituições públicas (universidades federal e estadual de Pernambuco), a oferta de vagas nestas instituições é limitada.
“Por isso, resolvemos abrir estas oportunidades em parceria com instituições particulares para atender a demanda”, explica.
Assim, 200 alunos já iniciaram as aulas presenciais em outubro passado.
“Outros 400 neste mês e mais 200 bolsistas em julho”, salienta.
Dessa forma, entre os pré-requisitos, os alunos devem ter nota mínima de 600 no Enem e ser egresso de escola pública.
Portanto, instituições como a Universidade Católica de Pernambuco, Unit e Senac fazem parte da parceria.
“As bases curriculares dos cursos também foram feitas para atender a nossa demanda”, salienta.
Além das aulas, os jovens farão programa de residência. “Eles já vão colocar a mão na massa”, explica.
Santos x Recife
Por sua vez, em Santos, a extinta incubadora de empresas chegou a ser inspirada no espaço pernambucano durante o governo Beto Mansur e ampliada na gestão do ex-prefeito João Paulo Tavares Papa.
No entanto, não houve continuidade posteriormente.
Assim, após anos praticamente parada, hoje Santos tem um belo prédio onde funciona, de forma parcial, o Parque Tecnológico.
No entanto, apesar das peculiaridades, segundo Mariana, nenhum representante do parque santista visitou o Porto Digital durante sua estada na instituição.
Ela está desde 2019, ocupando o cargo de superintendente de negócios e inovação.
Assim, é a diretora executiva da organização desde agosto passado.
“Recebemos profissionais do Brasil inteiro para conhecer nosso trabalho. Estamos de portas abertas”, salienta.
Convite feito, portanto.
Programa completo
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