“A próxima peste está na esquina”, alerta ex-presidente da Anvisa, Gonzalo Neto | Boqnews
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Meio ambiente

12 DE JULHO DE 2021

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“A próxima peste está na esquina”, alerta ex-presidente da Anvisa, Gonzalo Neto

O fundador da Anvisa, Gonzalo Vecina, revelou que o órgão sofreu pressão para aprovar, ainda que de forma limitada, a Covaxin e a Sputnik

Por: Fernando De Maria

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Coronavírus é o novo, mas não será a única peste que o mundo vai lidar nas próximas décadas. Degradação ambiental motiva situação. Foto: Divulgação

 

A epidemia do SARS – CoV-2 não será a única que a humanidade enfrentará ao longo dos próximos anos e/ou décadas.

Aliás, a humanidade tem lidado com tais situações desde os primeiros anos do século, com o surgimento da Sars em 2002, na China.

Foram as gripes aviária e suína, por exemplo.

No entanto, nenhuma ganhou tanto dimensão como o coronavírus.

A praga deste início de década já atingiu 187 milhões de pessoas – de forma oficial – e 4,03 milhões de mortes.

Ou seja, o equivalente a quase 10 cidades do tamanho de Santos, no litoral paulista.

“A próxima peste está na esquina”, salienta o médico sanitarista Gonzalo Vecina Neto, médico sanitarista.

Também foi fundador da Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária e professor da Faculdade de Medicina da USP e da Fundação Getúlio Vargas.

Além disso, foi um dos precursores do SUS no Brasil.

“Podem se preparar para as próximas”, alertou.

Conforme ele, o avanço das agressões ambientais à natureza se refletem no atual cenário que a humanidade passa.

“Ela (a natureza) se vinga com novos patógenos. Enquanto isso, estivermos destruindo o meio ambiente, ele estará nos agredindo”, ressaltou.

Vecina referendou situação semelhante ao do médico epidemiologista, Fábio Mesquita, do Ministério da Saúde, ex-vereador em Santos e representante do Brasil na Organização Mundial de Saúde, sendo uma das maiores autoridades em HIV.

Assim, confira o trecho abaixo com o epidemiologista Fábio Mesquita.

“A degradação ambiental tem impacto direto nesta situação”.

Ambos participaram do Jornal Enfoque – Manhã de Notícias em datas distintas.

Por sua vez, Mesquita esteve no dia 29 de junho e Vecina Neto, em 2 de julho.

Pressão contra a Anvisa

“A Anvisa sofreu pressão descomunal por parte do Legislativo e Executivo”, enfatizou Vecina Neto, a respeito da liberação das vacinas Covaxin e Sputnik V.

“Eu mesmo recebi vários telefonemas de governadores do Nordeste, que gostariam de importar a Sputnik V”, enfatizou.

Além da pressão por parte do Legislativo, o órgão regulador também sofreu pressão por parte do Judiciário.

“O (Ricardo) Lewandowski pressionou para que a Anvisa tomasse decisões em três dias. Isso não existe. São decisões complexas que não podem ser tomadas em tão pouco tempo”, salientou.

Não bastasse, no caso da indiana Covaxin, havia uma pressão para sua aprovação por parte do governo e de empresários.

Dessa forma, tal situação fica nítida durante a CPI da Covid no Senado.

Diante desta situação, a Anvisa acabou aprovando a utilização ‘meia-boca’, expressão usada por Vecina, para o uso tanto da Sputnik V e Covaxin.

Assim, no caso da Covaxin, a autorização limitou a quantidade de 4 milhões de doses.

Portanto, elas só poderão ser usadas dentro de condições controladas, sob responsabilidade do Ministério da Saúde (MS).

Dessa forma, no final de junho, porém, a Anvisa suspendeu o prazo para concluir a análise do pedido do uso emergencial da Covaxin.

Ou seja, ela verificou que documentos obrigatórios e essenciais foram apresentados apenas parcialmente ou não foram localizados.

Não bastasse, os escândalos envolvendo o nome da vacina fizeram que o Ministério da Saúde recuasse em relação à compra.

Vacinação e previsões

Já em relação à Sputnik, a quantidade de doses será restrita a 1% da população de cada um dos seis estados solicitantes: Bahia, Ceará, Maranhão, Sergipe, Pernambuco e Piauí.

“Para a imunidade de rebanho, precisamos que 70% de toda a população seja imunizada de forma total (com duas doses, como a maioria das vacinas). Ou 90% da população vacinável, ou seja, acima de 18 anos”, destacou.

Assim, em números, cerca de de 140 a 150 milhões de brasileiros.

Portanto, hoje, o Brasil vacinou – com as duas doses – pouco menos 15% da população.

Além disso, Vecina também fez previsões sobre a vacinação.

“Se tudo ocorrer como previsto, com entrega das vacinas, toda a população adulta do País deve estar vacinada até o final de setembro ou início de outubro”.

E depois iniciar a vacinação em adolescentes.

Ontem (11), o governador João Doria anunciou a antecipação da vacinação em várias faixas etárias, incluindo menores, previsto para agosto.

Ele relembra também o festival de compras de testes rápidos contra a Covid (“surgiram mais de 130 pedidos na Anvisa”, lembra).

Várias delas foram alvo de investigações por suspeitas de superfaturamento e desvios de recursos públicos.

 

Na entrevista, Vecina Neto analisou sobre outros temas, como o centenário da BCG – vacina contra a tuberculose, vacinação em massa e outros assuntos.

Confira o programa completo

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