Pequenas ações que podem contribuir para a melhora da qualidade de vida da população.
Assim, é o caso da horta comunitária do Projeto Beco Limpo, onde são colhidas alface, salsinha, tomate e tomilho.
Mas as sementes plantadas nos dois anos da iniciativa do Instituto Arte no Dique, no Rádio Clube, em parceria com a Prefeitura de Santos, também deram outros frutos.
Por lá já passaram 175 jovens, de 17 a 23 anos.
Provenientes das comunidades do Dique da Vila Gilda, Vila dos Criadores, São Manoel e Alemoa, áreas vulneráveis de Santos.
A colheita é imensurável, já que eles se tornam agentes comunitários de meio ambiente e passam a disseminar conhecimentos sobre preservação ambiental em meio aos moradores.
“A participação da população é fundamental”, salienta o secretário de Meio Ambiente, Marcus Neves Fernandes.
Secretário Marcus Neves Fernandes (à esq) falou das ações da pasta ao jornalista Francisco La Scala durante o Jornal Enfoque desta segunda. Foto: Felipy Brandão
Ele participou do Jornal Enfoque desta segunda (30), com apresentação do jornalista Francisco La Scala Jr.
Futuro túnel Santos-Guarujá
Fernandes falou também sobre ações e projetos desenvolvidos pela pasta, preocupação com os impactos locais e no estuário em razão das obras do futuro túnel Santos -Guarujá.
E ainda: sobre o navio-bomba, cuja autorização passa pelo governo do Estado, via Cetesb, e também sobre a URE – Unidade de Recuperação Energética a ser instalada na área continental de Santos.
Além da importância da reciclagem, onde o índice de reaproveitamento dos recicláveis chega a 12%.
O que parece pouco, é significativo, pois há uma década o percentual era quatro vezes menor, pelo menos.
Fernandes falou ainda de projetos ambientais nos parques da Cidade e outras ações como o Beco Limpo, premiado pelo trabalho de conscientização e atuação coletiva.
Confira o programa completo
Beco Limpo
A própria horta comunitária simbolizou o encerramento da sexta turma do projeto, neste mês, quando 20 jovens puderam expor os conhecimentos obtidos em três meses de curso, em áreas focadas desde o cultivo de plantas até a reutilização de materiais.
A sétima turma já iniciou as ações de educação e capacitação, que são remuneradas.
O Beco Limpo conta com investimento do Ministério Público e já teve reconhecimento nacional ao vencer o prêmio ESG do Grupo A Tribuna, em 2023.
As oficinas profissionalizantes são focadas nas áreas de marcenaria criativa, gestão de resíduos sólidos e cocriação socioambiental.
Na marcenaria, por exemplo, os jovens são desafiados a conhecer ferramentas de uso comum do dia a dia para pequenas reformas e construções.
Com a iniciativa de reutilização, a turma conta com a parceria da Ecofábrica de Santos, Cata Treco e também da Cooperativa Comares.
Simples, mas fundamentais os ganchos são o símbolo do projeto Beco Limpo. Foto: Raimundo Rosa/Divulgação PMS
Ganchos, símbolo do Beco Limpo
Uma das atividades de mais destaque do Beco Limpo é a produção de ganchos – ícone do projeto – para serem pendurados sacos de lixos nas portas das casas.
Aliás, o objeto simboliza uma luta nas comunidades para que os resíduos não cheguem até a maré.
Aliás, isso vai ao encontro com a proposta de combate na questão do lixo no mar proveniente de fontes terrestres, problemática que gerou o surgimento do projeto.
Já nas aulas de cocriação, onde trabalha-se a criatividade dos jovens, a turma conta com auxílio do designer Barão di Sarno, designer e arquiteto em São Paulo.
Ele trabalha no desenvolvimento de questões sociais por meio de maquetes e desenhos.
Dessa forma, tem o objetivo de maior envolvimento e interação dos jovens ao olhar para as questões urbanas enfrentadas diariamente.
Sustentabilidade
“As cidades em todo mundo vêm buscando a sustentabilidade e Santos também está nesse caminho. Sustentabilidade, além do importante respeito ao meio ambiente, também inclui acesso a habitação digna, à saúde, à educação, à segurança e ao desenvolvimento humano. É o exercício da cidadania. O Projeto Beco Limpo trabalha todos esse conceitos e ajuda desenvolver o espírito cidadão nos jovens, que passam a ser multiplicadores de práticas e valores muito importantes para a sociedade”, diz o prefeito Rogério Santos.
‘Gás’ aos jovens’
Segundo a coordenadora do projeto, Beatriz Prol, a certificação que o projeto entrega para os alunos é uma prova que mostra a capacidade de eles poderem ir além.
“Nossos alunos se mostram muito interessados e engajados com as questões ambientais e comunitárias. A formação que o Beco Limpo dá, além da oferta da bolsa, é o que oferece um ‘gás’ para eles conseguirem trabalhos e se encontrarem em futuros projetos. Alguns, no término dos ciclos, acabam até virando nossos monitores. Tivemos casos de alguns dos nossos formandos estarem tão motivados com essa conquista que terminaram o ensino médio e começaram um curso técnico. Eles sentem como se tivessem promovidos, e para nós é uma enorme realização”.
No último dia da sexta turma, os jovens tiveram que colocar ‘a mão na terra’ e realizar todas as etapas dos cultivos (preparo e adubação do solo, escolha das sementes e mudas, plantio e compostagem de resíduos orgânicos), além de realizar atividades de reaproveitamento, pintura, limpeza e manejo dos canteiros.
Assim, os envolvidos também participaram da escolha das verduras e legumes mais proveitosos para as refeições dos moradores da região.
Portanto, com mensagens como ‘Amar é Arte. Plantar faz parte’, os pallets de madeira, utilizados para delimitar o espaço da horta, também foram arte dos alunos, que deixaram a criatividade correr solta.
Cores vibrantes, desenhos e palavras escritas como ‘paz’ e ‘gratidão’ marcaram a decoração do local.
Dessa forma, para quem passar pelo lugar, inclusive, perceberá que o mais bonito não é a estética, mas sim a forma como os jovens expuseram os seus sentimentos e dedicaram cada segundo à iniciativa.
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