“Vivemos uma pandemia de cães ansiosos e estressados”, explica especialista | Boqnews
Consultora sobre bem-estar e comportamento canino, Camili Chamone. Foto: Jornal Enfoque/Reprodução

Camili Chamone

27 DE MARÇO DE 2023

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“Vivemos uma pandemia de cães ansiosos e estressados”, explica especialista

Especialista em bem-estar e comportamento canino Camili Chamone deu dicas importantes para tutores que têm ou querem adotar um cão.

Por: Da Redação

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A pandemia da Covid-19 não afetou apenas os humanos.

Os cães, em especial, também estão diretamente atingidos

“Vivemos uma pandemia de cães ansiosos e estressados”, explica a consultora sobre bem-estar e comportamento canino, Camili Chamone.

Pós-graduada em Genética e Biologia Molecular, ela já atuou como professora universitária federal de Biologia Celular, Genética e Evolução.

Criou cães da raça buldogue francês, sendo que em 2008, criou o blog “Seu Buldogue Francês”, referência mundial.

Dessa forma, ampliou os horizontes para entender o universo canino e tem ajudado tutores a lidar com o stress animal.

Aliás, Camili reforça que a situação não é exclusiva dos cães brasileiros.

“Na Finlândia – um dos países mais desenvolvidos do mundo – o stress atinge três a cada quatro cães. No Brasil, esta proporção é ainda maior”, salientou.

Chamone participou do Jornal Enfoque de hoje (27), onde explicou a relação dos tutores com os cães.

Além disso, deu dicas importantes para quem tem ou quer adotar um pet.

Dicas

Para tanto, ela enfatizou uma série de medidas que devem ser tomadas especialmente para quem quer adotar um animal.

Por exemplo, de nada adianta querer um cão se o tutor não poderá passear com ele rotineiramente. “O cão não entende”, explica.

“Ele precisa andar com frequência”, acrescenta.

Conforme ela, pesquisas mostram que um cão consegue ficar sozinho por, no máximo, 6 horas/dia.

“No entanto, muitos ficam até 12 horas/dia sozinhos e isso compromete a saúde do animal”, enfatiza.

Outra sugestão é evitar o excesso de humanização que alguns tutores querem impor aos cães, como banhos frequentes, uso de perfumes e roupas.

Sem contar a pintura do pelo, hoje menos comum.

Pintar o pelo dos cães é uma prática que mais agrada os tutores que os próprios bichos, além dos riscos à pele dos animais em razão dos produtos químicos adotados na pintura. Foto: Divulgação

“Isso pode aumentar o stress e afetar o bem-estar do animal”, explica.

“É importante olhar para as necessidades biológicas do cão”, enfatiza.

Assim, ela sugere que os tutores (donos dos cães) deixem seus animais em creches caso fiquem muito tempo longe de casa.

Dessa forma, eles teriam a convivência com outras pessoas e não se sentiriam solitários.

Em Santos, cães na praia tem espaço definido no José Menino. Foto: Divulgação/Arquivo

Praias

Por sua vez, sobre a frequência de cães nas praias, ela diz que não vê problemas quanto a isso, caso haja espaço específico e delimitado para este fim.

Em Santos, o trecho reservado fica na praia do José Menino, junto ao emissário submarino.

“O problema é o calor. Os cães não regulam a temperatura do corpo pelo suor como os humanos. Nos cães, o mecanismo é outro. A troca ocorre pela respiração, ou seja, eles respiram o ar frio e eliminam o quente”, enfatiza.

Por isso, em dias de calor, é comum alguns cães ficarem literalmente com a língua para fora na tentativa de respirar – ainda que o ar externo esteja tão elevado.

Além disso, se o corpo do animal não consegue regular a temperatura ele pode ir à óbito, por hipertemia.

Assim, isso é mais frequente em cães como narizes ‘achatados’, como boxer e buldogue, por exemplo.

Separação e adoção

Casos cada vez mais comuns, inclusive com situações chegando à Justiça, a separação de casais também pode afetar a convivência do animal.

“Humanos transferem questões emocionais. Há a necessidade de lucidez de todos”, ressalta.

No entanto, se houver criança envolvida, Camili defende que o animal fique na casa onde ela permanecer.

Não bastasse, a adoção de animais também deve ser rígida.

Desse modo, muitos animais adotados tiveram traumas decorrentes do abandono emocional por terem fica durante meses e até anos trancados em pequenas áreas e depois abandonados pelas ruas.

O abandono de animais cresceu pós-pandemia. Estima-se uma elevação de 20% a 30%, segundo o Conselho Federal de Medicina Veterinária.

“As famílias que adotam cães vão ter que tratar do animal para que os traumas do passado não se manifestem”, salienta.

Ela ressalta que condições negativas ocorridas antes da adoção não somem do cérebro do animal.

“Por isso, é importante muito cuidado na adoção destes cães. A adoção tem que ser feita de forma responsável”, enfatiza.

Para ela, as famílias é que devem ser selecionadas – e não o oposto.

“Devem ter critérios na seleção dos tutores”, sugere.

Países europeus e nos Estados Unidos já adotam esta prática.

Neste sentido, outra questão abordada refere-se à situação que muitas pessoas enfrentam por falta de recursos e manutenção da própria sobrevivência do animal.

Aliás, situação crítica quando um animal adoece.

“Não existe o SUS para cães. Infelizmente, ter um cachorro não é democrático. Precisa ter tempo, espaço e dinheiro”, resume.

Projeto Cãoportado

Além disso, a profissional também falou durante o programa sobre o Projeto Cãoportado, que utiliza a neurociência do comportamento nos pets, oferecendo aulas gratuitas para os tutores.

Dessa maneira, as informações estão disponíveis no Instagram, onde Camili tem mais de 102 mil seguidores, usando o binômio amor e neurociência para garantir uma boa relação entre homens e cães.

Confira o programa completo

 

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