Gota é uma doença crônica que acomete as articulações quando há um depósito considerável de ácido úrico nessas regiões. Isso acontece devido a duas circunstâncias básicas: a dificuldade de eliminação de ácido úrico do organismo – provocado por deficiências nos rins – ou a produção vertiginosa desse composto.
Neste último cenário, a elevada fabricação do ácido úrico acontece durante o metabolismo das células, ou seja, quando ocorre a renovação dessas unidades. Segundo o doutor Geraldo Castelar, coordenador da Comissão de Gota da Sociedade Brasileira (SBR) de Reumatologia e professor associado da disciplina de Reumatologia, na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), o ácido úrico acumulado nas articulações se cristaliza e inflama o local, e assim se origina a gota.
Todavia, ele enfatiza que nem sempre o excesso de ácido úrico pode caracterizar-se como gota: “De cada cinco pessoas nessa condição, apenas uma possui a doença”.
Precauções
Além da hereditariedade, a obesidade é um fator diretamente relacionado à gota. Quem apresenta péssimos hábitos alimentares – com igestão de grande quantidade de proteínas –, problemas de colesterol, hipertensão e consumidores regulares de bebidas alcoólicas, principalmente cerveja, são mais suscetíveis a esse problema.
Segundo Castelar, uma dieta equilibrada que dose as quantidades de sal, bebidas alcoólicas, e principalmente alimentos como carne vermelha, vísceras e frutos do mar é rigorosamente recomendada. “Mas não deve ser algo proibitivo, é difícil impedir que um homem de meia idade beba cerveja. A dieta deve ser cumprida paulatinamente de forma contínua, sobretudo de maneira negociável”, explica.
Diagnóstico
Em um cenário clássico de gota, onde um homem de meia idade apresenta dores súbitas nas articulações, o procedimento a ser feito é a retirada do líquido na região atingida e posteriormente uma análise buscando a presença de microcristais de ácido úrico.
Castelar ainda ressalta que características como: sobrepreso, colesterol, hipertensão e problemas dessa ordem contribuem na hora de fazer o diagnóstico.“Quando ocorrem as crises agudas, a dor sentida pelo paciente é bastante desagradável. Se o enfermo apresentar condições, cortisona ou medicamentos antiinflamatórios podem ajudar”, ressalta.
Mas, de acordo com o médico, como a gota é mais comum em homens com mais idade, essa medida pode não ser a mais indicada devido aos possíveis efeitos colaterais. Nessa circunstância, o esvaziamento do líquido inflamatório produz grande alívio. Normalmente, as crises não duram mais do que poucos dias.
Tratamento
Não é difícil encontrar na internet produtos naturopáticos que prometem ajudar no tratamento da gota. Óleo de copaíba, sucos combinados, chás de dente-de-leão, entre outros. Castelar, que se diz frequentador assíduo de congressos nacionais e internacionais de reumatologia, diz que nunca viu nenhum trabalho ou base científica que justifique o uso dessas substâncias.
Um dos poucos tratamentos alternativos que demonstrou resultados satisfatórios e já conta com alguma base teórica é a ingestão de leite. Como sugere um estudo chefiado pela médica reumatologista neozolandesa Nicola Dalberth, realizado pelo departamento de medicina da Universidade de Auckland, se consumido diariamente o leite enriquecido pode ajudar na prevenção da gota, uma vez que os voluntários do estudo mostraram uma redução de aproximadamente 10% na quantidade de ácido úrico presente no organismo.
Contudo, o médico recomenda que é muito importante buscar atendimento médico, se possível especializado, antes de qualquer tipo de tratamento alternativo que o paciente for adotar, já que eventualmente ele pode prejudicar o tratamento tradicional de alguma maneira.