A campanha Novembro Azul, além de conscientizar a respeito do câncer de próstata, alerta também para o diabetes.
Nesta quinta-feira (14), é celebrado o Dia Mundial do Diabetes.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes, atinge mais de 13 milhões de pessoas no Brasil – cerca de 6,9% da população.
Trata-se de um problema crônico, em que o portador não consegue produzir insulina – hormônio responsável por controlar a quantidade de glicose no sangue – ou o corpo não absorve adequadamente o que é produzido.
Quando o nível de glicose no sangue fica elevado, acontece a hiperglicemia que, a longo prazo, pode causar danos em vasos sanguíneos, nervos e órgãos.
Por outro lado, a hipoglicemia consiste em níveis baixos de açúcar no sangue ou muita insulina. Em casos mais graves, a condição pode gerar convulsões e coma.
O diabetes pode ser do tipo 1, quando há autodestruição das células produtoras de insulina, com maior incidência em crianças e adolescentes.
Já o tipo 2 combina fatores genéticos com hábitos não saudáveis, como sedentarismo, sobrepeso, obesidade ou má alimentação.
Os sintomas incluem perda de peso, fome e sede constantes, além de feridas que demoram para cicatrizar. Por não ter cura, o tratamento é medicamentoso.
Visão afetada
O tratamento inadequado do diabetes pode acarretar em retinopatia diabética, que afeta os pequenos vasos da retina (responsável pela formação e envio de imagens ao cérebro) e pode causar cegueira.
Embaçamento e distorção da visão são alguns sinais da retinopatia. Além disso, de acordo com o oftalmologista Pedro Carricondo, do HC FMUSP, flutuação da visão, com grandes mudanças de um dia para o outro, bem como frequente troca de óculos servem de alerta para aqueles que não possuem diagnóstico de diabetes ou não realizam o tratamento apropriado.
O tratamento da retinopatia diabética nas fases iniciais, é feito por meio do controle do diabetes, visando conter o avanço das complicações.
Já em fases avançadas, quando o paciente pode até apresentar manchas escuras no campo de visão, pode ser necessário aplicação de laser, injeções intraoculares ou cirurgia de vitrectomia.
Diabéticos devem frequentar o oftalmologista pelo menos uma vez ao ano. E, posteriormente, diminuir a periodicidade dependendo do quadro encontrado.
Além dos cuidados com a visão, o paciente deve estar atento a fatores como obesidade e tabagismo.
Alimentação
A melhor maneira de prevenir o diabetes é manter hábitos saudáveis.
Esses hábitos incluem praticar exercícios físicos, evitar álcool e cigarro e, principalmente, manter uma alimentação balanceada.
A nutróloga Vanessa Miramoto pontua o ritmo atual das cidades como um dos fatores associados à doença. Bem como aumento do sedentarismo e sobrevida dos indivíduos com diabetes.
Os diabéticos devem evitar, sobretudo, açúcares, doces, refrigerantes e carboidratos refinados – farinhas e pães brancos; arroz branco; macarrões ou massas não integrais; biscoitos e bolos.
Além disso, a médica ressalta que deve haver prudência no consumo de alimentos diet e light.
A primeira categoria tem redução de pelo menos 25% de algum nutriente (açúcares, gorduras, calorias, sódio ou outros) presente no produto original. Já a categoria diet não tem um nutriente.
Assim, quanto menos industrializado for o alimento consumido, melhor. E isso vale também para os não diabéticos.
Vanessa ressalta a importância de dar preferência a legumes, verduras, frango, peixe, ovo e carne vermelha com moderação.
Outros fatores de risco são o consumo de bebidas alcoólicas e o tabagismo.
Cada 1 grama de álcool contém 7kcal, tornando a bebida calórica. Essa característica pode ser reforçada em casos de drinks como batidas.
O cigarro pode causar complicações microvasculares do diabetes e também reduzir os níveis de insulina.
Qualidade de vida
Aos 4 anos de idade, Diogo Bianconi descobriu ser portador do diabetes tipo 1. Os primeiros sinais percebidos pelos pais foi sede em excesso, perda de peso e constante vontade de fazer xixi.
Pela pouca idade, a adaptação à realidade com a silenciosa doença foi mais fácil, como explica a mãe Viviane Bianconi.
O cotidiano do garoto, hoje com 11 anos, é compartilhado na página “Di de Diabetes” (Facebook e Instagram), que apresenta também informações sobre a doença.
Atualmente, o tratamento do Diogo é feito por meio do uso de bomba de insulina. O dispositivo eletrônico, semelhante a um celular, possui um sensor que mede a glicemia em tempo real. Assim, não é necessário furar o dedo constantemente, como é feito com outros aparelhos.
Entretanto, a série de restrições alimentares levaram a mãe e jornalista a migrar de área e cursar Gastronomia, para que o filho “não perdesse o prazer de comer”, esclarece.
Dessa forma, a Mãe Chef também utiliza as redes sociais para divulgar receitas e dicas para comer de maneira saudável.
Para Viviane, compartilhar experiências é fundamental, para entender melhor as mudanças que acontecem ao longo do caminho, especialmente com as crianças. “Nos sentimos amparados e sabemos que não é só com a gente, outras pessoas enfrentam essa mesma condição”, enfatiza.