As dores abdominais podem sinalizar vários problemas. Desde um desconforto muscular, até enjoos, infecções e quadros graves. Justamente pelos sintomas, pouco específicos da doença, que a apendicite é difícil de ser diagnosticada.
A apêndice é um pequeno órgão linfático, parecido com o dedo de uma luva, localizado no ceco, a primeira porção do intestino grosso. “Na infância ela tem a função da criação de células de defesa. Na fase adulta ela não tem funcionamento algum”, afirma o cirurgião Alfredo Petty Moutinho.
A inflamação do apêndice, a apendicite, acontece quando essa estrutura é obstruída pela retenção de fragmentos fecais. Segundo o cirurgião, não há prevenção para a doença que, embora mais comum entre 20 e 30 anos, pode-se manifestar em qualquer fase da vida. “Não há predisposição. Há pessoas que nunca vão precisar retirá-la”, acrescenta.
Sintomas
Os sintomas da apendicite são característicos de uma doença infecciosa. Os primeiros sinais são dores musculares e articulares, mal estar e dor de cabeça. A dor abdominal, que surge após os primeiros sintomas, inicia-se de uma maneira mal localizada. “É uma dor difusa e a pessoa não consegue definir o ponto exato. Com o passar das horas a dor se instala na boca do estômago e depois na região abaixo do umbigo, do lado direito”, explica. “O vômito também é um sinal característico da apêndice”, complementa.
De acordo com o cirurgião, a partir do início do mal estar, a evolução dos sintomas acontece, em média, num período de quatro a oito horas. “Se o paciente não apresentar boa estrutura física e estiver desnutrido esse período pode encurtar”, afirma.
No início da doença a febre é baixa, não superior a 37,5 graus, e com o agravamento dos sintomas, a temperatura aumenta. “No início, o paciente está em boas condições e, em alguns casos, consegue realizar suas atividades normalmente. O aumento da febre significa que o processo de inflamação da apendicite está piorando”, comenta.
O abdômen rígido e inchado é outro sintoma, além da diarreia que pode acompanhar as fases mais avançadas da doença. A medida que o tempo passa, os sintomas também se agravam. A pressão baixa, a desidratação aumenta e o paciente apresenta piora no estado geral.
Diagnóstico
O diagnóstico da doença é clínico, realizado com base no histórico do paciente e na palpação do abdômen. Alguns exames como hemograma, ultrassom, radiografia também podem ser utilizados. “Os exames servem para descartar outras possibilidades porque a apendicite não é visível por meio de exames”, diz. “Muitas vezes esses exames apresentam resultados satisfatórios o que confunde alguns profissionais”, complementa.
Petty afirma que, nos casos em que o médico não identifica a doença, o paciente é medicado e liberado. Os remédios, por sua vez, mascaram os sintomas e o quadro se agrava. Segundo ele, como a doença evolui num espaço de tempo curto, ela tem a maior mortalidade nos países de terceiro mundo.
“Existem cerca de 35 doenças que se parecem com a apendicite. As mais comuns nas mulheres, são os cistos no ovário e nos homens a infecção urinária e cólica urinária. O importante é que os profissionais sempre lembrem da possibilidade da apendicite”, diz.
Com o passar das horas e o agravamento dos sintomas o quadro avança para uma apendicite supurada, que é a perfuração da apêndice. Com essa perfuração o peritônio, órgão que reveste os organismos internos do abdômen, fica inflamado. “Infelizmente a apendicite aguda só é diagnosticada nessa fase porque, normalmente, é possível identificá-la por meio de exame”, diz. “Nos Estados Unidos, por exemplo, eles operam apendicite inicial em praticamente todos os casos”, complementa.
Tratamento
O tratamento da apendicite é cirúrgico. Nos casos iniciais a incisão é pequena, cerca de 3 cm, e o paciente recebe a raquianestesia. Já nos casos mais graves é necessário incisões maiores, com cortes verticais, e anestesia geral. “A intervenção pode ser feita também por videolaparoscopia, com pequenas incisões nos pontos afetados”, afirma.
Apesar de raro, o cirurgião comenta sobre pesquisas que mostram a cura de pacientes com apendicite após tratamento convencional, com medicamentos.
11 DE DEZEMBRO DE 2009
Difícil diagnóstico
As dores abdominais podem sinalizar vários problemas. Desde um desconforto muscular, até enjoos, infecções e quadros graves. Justamente pelos sintomas, pouco específicos da doença, que a apendicite é difícil de ser diagnosticada. A apêndice é um pequeno órgão linfático, parecido com o dedo de uma luva, localizado no ceco, a primeira porção do intestino grosso. […]