Uma pesquisa feita pelo pesquisador Luiz Paulo de Queiroz, participante do Congresso Brasileiro de Cefaleia – que acontece at[e sábado (17), no Hotel Maksoud Plaza, em São Paulo – revela que existem diferentes razões para o desenvolvimento de dores de cabeça. O estudo demonstra como o sistema de saúde público deve agir em cada região ao entender os reais motivos que desencadeiam as dores. Foram entrevistados 3848 sujeitos das cinco regiões do País.
Na região Sul e Sudeste, o estilo de vida mais estressante e competitivo faz com que os indivíduos destas regiões desenvolvam dores de cabeça. Na primeira fase da pesquisa do Dr. Queiroz foi constatado prevalência de enxaqueca em 20,5% da população do Sudeste e 16,4% no Sul. Na cefaleia crônica diária, as duas regiões têm taxas de prevalência de 6,2%.
Outro aspecto curioso é em relação aos fatores genéticos. Nos estudos epidemiológicos realizados no resto do mundo, a prevalência de enxaqueca é maior: na Europa, América do Norte, América do Sul, Ásia e África. Segundo o censo brasileiro, os habitantes do Sul e Sudeste têm uma maior proporção de pessoas com ascendência europeia, e os das outras regiões, maior proporção de descendência africana. Na análise de Queiroz, esta pode ter uma influência provável.
Nas regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste, a pesquisa demonstra claramente a influência de um sistema mais precário de saúde pública nessas regiões, pois os indivíduos que têm cefaleias episódicas, se não diagnosticados e tratados adequadamente, evoluem para cefaleia crônica diária. A prevalência de enxaqueca é de 9,5%, 8,5% e 13,6, respectivamente, e de cefaleia crônica diária, 11,8%, 10,2% e 7,7%.
“Este estudo confirma a grande prevalência das dores de cabeça na população brasileira. As cefaleias são um verdadeiro problema de saúde pública, causando um grande sofrimento para a população e gerando gastos significativos, não apenas para a própria pessoa e sua família, mas para toda a sociedade, pois a perda de horasdias de trabalho é muito grande. Todos os médicos, e não apenas os neurologistas, deveriam saber como diagnosticar e bem tratar estes pacientes, pois não há neurologistasespecialistas em cefaleia suficiente para atender todos os pacientes atingidos por este problema”, explica Queiroz.