O Governo de São Paulo emitiu um alerta sobre a circulação do vírus da febre amarela no estado e reforçou que os macacos não transmitem a doença. Esses animais funcionam como sentinelas naturais: quando adoecem ou morrem, indicam a presença do vírus na região, permitindo que as autoridades sanitárias adotem medidas preventivas.
Até o momento, registraram-se 14 casos e nove óbitos em humanos, além de 30 casos em primatas não humanos nas regiões de Ribeirão Preto, Campinas, Barretos, Bauru e Osasco.
Histórico da doença no estado
O vírus da febre amarela foi identificado nas regiões norte e noroeste de São Paulo em 2016. No ano seguinte, houve um aumento no número de casos, principalmente na região de Campinas. Em outubro de 2017, o vírus chegou à zona norte da capital, Mairiporã e Caieiras, causando a morte de primatas em 40 municípios. Além disso, isso levou ao fechamento temporário de algumas Unidades de Conservação, como o Parque Estadual Cantareira.
Ademais, na época, a desinformação resultou na perseguição de macacos, erroneamente responsabilizados pela transmissão da doença, especialmente os bugios.
Monitoramento e prevenção
A Coordenadoria de Fauna Silvestre (CFS) da Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil) reforça a importância da vigilância sanitária sem comprometer a conservação da fauna.
“Os macacos são essenciais para identificar a circulação do vírus antes que ele atinja os humanos. Portanto, eles não transmitem a doença, que é propagada exclusivamente por mosquitos”, explica Paloma Arakaki, coordenadora da Comissão Pró Primatas Paulistas (CPPP). Além disso, para fortalecer a vigilância, a CPPP coordena o Grupo de Assessoramento em Saúde Única (GASU), que monitora a febre amarela em primatas e apoia a prevenção da doença.
O que fazer ao encontrar macacos doentes
Por isso, se alguém encontrar um macaco com comportamento anormal, como dificuldade de locomoção ou equilíbrio, é fundamental registrar a ocorrência no aplicativo SISSGEO, da Fiocruz.
Não tente capturar ou transportar os animais. Açione o Corpo de Bombeiros, a Guarda Civil Municipal (GCM) ambiental ou a área de zoonoses da Secretaria de Saúde local.
Contudo, os empreendimentos de fauna cadastrados no sistema de gestão da fauna silvestre do Estado foram orientados a redobrar a atenção para macacos doentes ou mortos.
“A recomendação é instalar telas em portas e janelas dos recintos para evitar a entrada de mosquitos. Em caso de suspeita, o animal deve ficar isolado por 10 dias. Se houver óbito, é essencial comunicar a Secretaria de Saúde do município para coleta de amostras”, destaca Hélia Maria Piedade, especialista ambiental e diretora do Centro Regional de Gestão de Fauna Silvestre da Semil.
Febre amarela e transmissão
A febre amarela silvestre é endêmica no Brasil, afetando principalmente a região Amazônica, mas também impacta o Centro-Oeste, Sudeste e Sul em ciclos epidêmicos. O vírus é transmitido exclusivamente pela picada de mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes, que se proliferam em ocos de árvores com água acumulada.
O Governo de São Paulo reforça a importância da vacina, do uso de repelente e da conscientização da população para evitar a propagação do vírus e proteger tanto as pessoas quanto a fauna silvestre.