Três anos sem possibilidade de engravidar, de forma segura e eficaz.
A Prefeitura de Santos está ampliando o acesso ao contraceptivo de longa permanência, implantado abaixo da pele, no braço.
Todas as policlínicas passarão a oferecer a aplicação deste dispositivo, antes restrito ao Instituto da Mulher e Gestante.
Neste momento, o contraceptivo está disponível às mulheres usuárias de drogas, em situação de rua, que convivem com HIV, pacientes da Saúde Mental, mulheres com três filhos ou mais ou com múltiplos parceiros.
“Esta é uma medida que fortalece ainda mais a relação entre a policlínica e as suas pacientes, uma vez que identificada a vontade da paciente e ela estando dentro dos critérios estabelecidos possa ser feita a aplicação pelo médico que já a acompanha na unidade perto da sua casa”, afirma Adriano Catapreta, secretário de saúde de Santos.
O secretário explica ainda que o implante também é uma estratégia do Programa de Planejamento Familiar, importante ferramenta para manter o índice de mortalidade infantil do Município abaixo de 10 por mil nascidos vivos, conforme meta da Organização Mundial de Saúde.
O índice de 2023 em Santos é de 8,6 por mil nascidos vivos.
Adolescência
Além disso, Catapreta enfatiza que preocupa o crescimento de adolescentes grávidas.
“Temos feito programas de conscientização da população, inclusive nas escolas”, explica o secretário, ginecologista de formação.
Catapreta participou do Jornal Enfoque desta quarta-feira (9).
Secretário Adriano Catapreta participou do Jornal Enfoque desta quarta (9), apresentado pelo jornalista Francisco La Scala. Foto: Carla Nascimento
Ele destacou que não é apenas a gravidez precoce que está em ascensão, mas também o surgimento de DSTs – Doenças Sexualmente Trasmissíveis.
“Temos notado o aumento do caso de sífilis, hepatite B, tricomoníase e HIV, por exemplo. Muitas vezes, algumas jovens, ao realizar os pré-natais, reconhecem que nem sabe quem é o pai do bebê”, lamenta.
Catapreta enfatiza que o trabalho de conscientização deve ser conjunto entre o Poder Público e a família.
“Há necessidade deste trabalho em parceria”, ressalta.
Assim, diante desta realidade, outro ponto preocupa o profissional.
A baixa adesão de pais que não levam seus filhos para a vacinação contra o HPV, em meninas e meninos de 9 a 14 anos, e distribuídas gratuitamente nas policlínicas.
“Alguns pais ainda acreditam que a vacina seria um estímulo à iniciação sexual, mas não tem qualquer relação. Infelizmente, temos notado meninas de 12, 13 anos grávidas”.
Dessa forma, Catapreta não descarta a possibilidade da rede passar a oferecer o contraceptivo às adolescentes que tiverem interesse em recebê-lo.
Confira a entrevista
Como ter acesso
As mulheres adultas que desejarem o interesse no contraceptivo devem procurar a equipe de enfermagem da policlínica de referência do endereço de moradia, de segunda a sexta-feira, das 8h às 16h.
Portanto, uma primeira avaliação ocorrerá para conferência dos requisitos, seguida do agendamento.
Antes da implantação do dispositivo, ocorre ainda um teste rápido na urina para atestar que a pessoa não está gestante.
Importante salientar que todas as mulheres recebem orientação quanto à importância do uso de preservativos, essenciais para prevenir infecções sexualmente transmissíveis, caso da sífilis, hepatites virais e vírus HIV.
A recepcionista Thatiane Barreiro, de 40 anos, é mãe de três filhos e, neste momento, não tem interesse em ampliar a família.
“Considero o implante mais eficaz, porque a pílula a gente esquece e a injeção hormonal retém líquido, ocasionando aumento de peso. Estou super feliz e satisfeita por decidir o que é melhor para mim”, destaca ela, que é paciente da Policlínica Bom Retiro.
Profissionais foram habilitados para realizar os procedimentos médicos para aplicação do anticoncepcional. Foto: Marcelo Martins/PMS-Divulgação
Equipe
Os médicos que atendem nas policlínicas de Santos passaram por capacitação para a implantação do contraceptivo de longa duração, medida necessária para habilitá-los a esta nova função.
Ao todo, 69 pacientes passaram pelo procedimento de implantação, realizado em poucos minutos, após anestesia local.
Dessa maneira, nas primeiras 24 horas, o contraceptivo já começa a agir.
Porém, a recomendação é manter outros métodos pelos próximos 15 dias para evitar a gravidez.
Assim, a troca do contraceptivo é realizada após os 3 anos de validade, no Instituto da Mulher e Gestante.