A Pancreatite é um processo inflamatório que acomete o pâncreas, uma grande glândula que fica no abdome, atrás do estômago.
Ela é responsável pela produção de hormônios importantes como a Insulina e o Glucagon, além de produzir também várias enzimas digestivas.
Ela pode se manifestar de forma ainda mais grave, quando o paciente tem cálculos biliares, conhecidas popularmente como pedras na vesícula.
O médico Nelson Marfil, da clínica Endocentro, explica o que pode acontecer nestes casos.
“Existe uma comunicação entre o pâncreas e a vesícula biliar. As enzimas digestivas produzidas por ele são armazenadas na vesícula, que descarrega as enzimas no duodeno no momento da passagem dos alimentos por esta região, sendo o principal responsável pela digestão das gorduras da nossa dieta. Eventualmente podem surgir cálculos no interior do pâncreas ou mesmo na vesícula biliar e caso eles migrem para a papila duodenal, que é o ponto de saídas dos sais bilio-pancreáticos para a luz duodenal, e ali fiquem impactados, podem causar a pancreatite ou uma colecistite aguda. Geralmente são quadros graves e agudos, sendo necessária rápida intervenção médica para tratamento”.
Qual o mais correto
Especialista em Endoscopia, Nelson Marfil diz qual exame é mais preciso para detectar este quadro.
“A endoscopia digestiva alta pode eventualmente avaliar uma suspeita de cálculo impactado na papila duodenal, mas o exame mais específico para diagnóstico é a colangio-pancreatografia endoscópica retrógrada (CPRE). Neste procedimento é passado uma cateter através da papila duodenal, por onde é injetado um contraste que mostra em tempo real, por meio de um equipamento de raio X, toda a árvore biliar e pancreática, fazendo o diagnóstico de várias patologias, tais como cálculos, estenoses ou estreitamentos, tumores, etc. A CPRE também pode permitir a remoção de cálculos impactados na região, evitando uma cirurgia. Outro exame que auxilia muito no diagnóstico é a Eco-endoscopia, que nada mais é do que um aparelho de ultrassonografia adaptado a um endoscópio convencional”.
Por fim
E ele completa.
“Muitas vezes é necessária a extração da vesícula biliar devido à presença de cálculos na região e tal procedimento cirúrgico, chamado colecistectomia é bastante comum, pode ser feito por vídeo-laparoscopia ou por via aberta. Após a retirada da vesícula o paciente passa a não possuir mais o reservatório para as enzimas digestivas, chamadas sais biliares. Com isso, especialmente durante a ingestão de alimentos gordurosos, não vai haver a liberação de quantidades satisfatórias desses sais para digerir as gorduras da dieta, levando a constantes diarreias. Outra patologia muito comum decorrente da colecistectomia é a deficiência na absorção de vitaminas lipossolúveis ( que dependem de gordura para ser absorvidas), em especial da Vitamina D.
Nelson Marfil finaliza fazendo um alerta um alerta. “Alguns fatores dietéticos podem aumentar o risco de cálculos bilio-pancreáticos, tais como o consumo crônico de álcool e a ingestão exagerada de gorduras”.