Ômicron, a nova variante do coronavírus, tem uma velocidade impressionante, mas, aparentemente, com menor letalidade.
De qualquer forma, o desafio é saber se as atuais vacinas têm eficácia sobre elas.
Afinal, a velocidade da nova variante chama a atenção.
Inicialmente, achava-se que os primeiros casos tenham surgido na África, mas levantamentos mostram casos anteriores na Europa.
Mesmo assim, voos de países africanos estão sendo cancelados, inclusive no Brasil.
“São 34 mutações nos aminoácidos, provocando uma mudança significativa, pois ele se fixa no receptor da célula”, adiante o médico infectologista e professor pós-doutor, Marcos Caseiro.
Ele participou do Jornal Enfoque – Manhã de Notícias desta quinta (2).
Caseiro se espanta com a velocidade da nova cepa.
“A capacidade de transmissão é muito assustadora, maior que a própria Delta”, diz.
Ele acredita que até a próxima semana os laboratórios das principais vacinas já terão pareceres sobre a eficácia – ou não – das vacinas usadas contra a Covid.
“Este vírus causa cansaço extremo, mas aparentemente leva a uma menor letalidade”, diz, ressaltando que ainda é cedo, porém, para atestar os riscos da Ômicron na sociedade.
Ele ressalta, porém, assim como seu amigo pessoal e também médico infectologista Fábio Mesquita (entrevistado ontem no Jornal Enfoque – Manhã de Notícias- confira o vídeo abaixo), que enquanto o mundo viver com o apartheid de vacinas, o surgimento de novas cepas será inevitável.
África
“Assim como a Aids, a vacinação na África é muito menor que em outros continentes”, salienta o médico.
E assim, enquanto não existir um esforço para vacinação global, o mundo conviverá com novas variantes, cada vez mais agressivas, como ocorre atualmente com a ômicron, destaca o médico.
No programa, Caseiro também falou sobre necessidade da vacinação, inclusive na dose de reforço, preferencialmente a Pfizer – ou Astrazeneca e Jansen – , no quinto mês após a segunda dose.
Ele também defendeu a necessidade de se evitar aglomerações e teme novas ondas em razão dos abusos cometidos, especialmente em ambientes fechados.
Além disso, questiona a realização de eventos, como o Carnaval e festas de Réveillon, além de shows em locais restritos, como no novo centro de convenções, com shows já agendados.
“Não é o momento para aglomerar. Não é hora ainda. A gente nadou, nadou, mas não é hora para abusar”, salientou.
Assim, ele é enfático: “Em 20 anos neste século, já tivemos oito pandemias. Sem dúvidas, vamos ter mais nos próximos anos”, acrescentou.
Dessa forma, ele também criticou a posição do Governo Federal de ainda não obrigar o passaporte vacinal.
Ao contrário do que está ocorrendo em outros países, como a Alemanha, que irá adotar esta prática.
Animais na praia
Autor de dissertação de mestrado sobre o tema, além de mais de 40 artigos relacionados aos riscos da presença de cães nas praias sob o aspecto da saúde humana, Caseiro foi categórico em afirmar ser contrário à proposta da prefeitura de Santos para liberar a presença de animais na praia, ainda que em espaço controlado.
“Isso é um absurdo”, enfatiza.
A Prefeitura de Santos anunciou uma área dedicada ao convívio dos animais com seus tutores na região da praia do José Menino.
Na prática, porém, já é comum verificar animais circulando pela faixa de areia, muitas vezes soltos.
A falta de fiscalização pela Guarda Municipal é comum.
Ele brinca que não foi convidado para fazer parte do comitê de profissionais que irá estudar os impactos da presença de animais na praia, a despeito de ser especialista no assunto e médico da prefeitura de Santos há 31 anos.
Coincidência ou não, ele se filiou ao PT.
“Isso é fruto de espíritos curtos”, disparou.
No entanto, Caseiro não adiantou se entrará ou não na vida política partidária.
“Preciso convencer minha mulher primeiro”, brinca.
Confira o programa completo