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Opiniões

04 DE MARÇO DE 2017

Lápide do samba

Por: Fernando De Maria

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Com Carnaval antecipado novamente, ausência de tendas, programação musical limitada, sobraram para as bandas carnavalescas organizadas pela comunidade as únicas referências para quem curte a festa e permaneceu na Cidade durante os quatro dias de folia.

Exceção feita ao Carnabonde, já incorporado à cultura da Cidade, e ocorrido desta vez no sábado de Carnaval (mas já realizado em um domingo, contrariando a data correta: uma semana antes da festa, quando o Rei Momo recebe as chaves da Cidade). Uma flexibilidade impressionante.

Pouco para um município que tem entre suas matrizes econômicas o turismo e que em um passado recente já ostentou o segundo melhor Carnaval do Brasil, atrás apenas do Rio de Janeiro.

Parafraseando o poeta Vinícius de Moraes, que classificou São Paulo como o túmulo do samba há décadas (hoje a realidade é distinta), Santos caminha para pelo menos se tornar a lápide do samba, em razão da ausência de clima carnavalesco – especialmente na orla – no momento maior da festa.

A Secretaria de Turismo – agora acrescida do Setor de Eventos – apostava no projeto Santos Arte e Cultura para animar os foliões. Mas, com palcos improvisados, alguns shows tiveram que ser cancelados no sábado passado (25), em razão da chuva. Uma pena, mas algo previsível. Eventos são sujeitos às intempéries.

A ausência das tendas na orla – já uma marca registrada – foi sentida pelos amantes do Carnaval. Se antes elas eram elogiadas pela Administração, agora viraram inimigas dos cofres públicos.
Neste ritmo, Santos entrará definitivamente na rota para aqueles que querem fugir do Carnaval. Esquecem nossos governantes que a festa estimula a circulação de recursos, seja de santistas que por aqui ficaram, seja de turistas.

Se houvesse maior ousadia, a Administração poderia ter captado – com ações de marketing (a Secretaria de Turismo possui um departamento exclusivo, mas que virou ação entre amigos) – para atrair patrocinadores que bancassem os custos das tendas (que poderiam ser reduzidas de cinco para três ou duas), mas jamais eliminadas.

A alegação da falta de recursos soa pueril, ainda mais com a potencialidade oferecida por uma cidade como Santos, que autoriza a realização de eventos na orla para terceiros, mas é incapaz de promover ações próprias para alegrar os foliões, especialmente crianças e idosos.

Por isso, infelizmente, tomando como referência o Carnaval deste ano, a Cidade já entraria na lista de Vinícius de Moraes, caso estivesse vivo. Algo bem triste se lembrarmos que no ano passado o Município foi homenageado pela escola de samba carioca Grande Rio, com pompa e estilo, algo alardeado pela Administração Municipal pelos sete cantos.

E, conforme alegado pelo Governo, sem custo à Municipalidade, tendo sido a festa bancada por patrocinadores. Por qual razão, portanto, tais empresas também não ajudaram desta vez para, pelo menos, montar as tendas na orla ou patrocinar os músicos com direito à exploração das suas marcas?
Impressiona como a situação muda tão rapidamente, não? Por qual razão? Triste constatação…

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