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29 DE OUTUBRO DE 2023

Chafariz de champagne?

Por: Fernando De Maria

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Chafariz de champagne? Fala de prefeito vicentino é, no mínimo, deselegante. Foto: Divulgação

“A mim, parece muito desigual ver as dificuldades que temos de finalizar um calçadão, que faz divisa com outra cidade, que vai fazer um chafariz de champagne, porque transborda dinheiro”.

Fala do prefeito de São Vicente, Kayo Amado (Podemos), durante Summit São Vicente realizado esta semana – em Santos, cidade vizinha, aliás, alvo de sua crítica.

Aliás, a frase – com direito a destaque na última página do caderno publicado pelo Jornal A Tribuna – de Santos – é, no mínimo, deselegante.

Não só com a Cidade vizinha, mas com os santistas como um todo.

E, ressalte-se, sua frase infeliz não condiz com a cordialidade da população vicentina e da própria centenária cidade, que se prepara para completar 500 anos em 2032.

Além disso, fica claro que os desafios são inúmeros não só em São Vicente, mas em toda a Baixada Santista.

Assim,  somente a união e apoio coletivo de todos – metropolitano, estadual e federal – para efetivamente diminuirmos nossas desigualdades.

Portanto, não será com tal crítica pueril como esta que se alcançará o objetivo pretendido e necessário, prefeito Amado!

Prefeito Kayo Amado: Santos ‘vai fazer um chafariz de champagne, porque transborda dinheiro’. Foto: Divulgação

Falsa imagem

Afinal, ao criticar a cidade vizinha, no caso de Santos, diante da sua arrecadação de R$ 4,8 bilhões – R$ 3 bilhões a mais que a vizinha São Vicente para 2024, o gestor esquece de um detalhe importante.

A arrecadação atual  é fruto de um trabalho de décadas ao longo de gestões públicas – de correntes políticas distintas-, que contribuíram para se chegar neste patamar.

Dados de 2020 mostram,  conforme o IBGE, que Santos tem o 45º maior PIB do País. São Vicente, 207ª.

Mas esta diferença já foi menor em décadas anteriores.

De qualquer forma, o abismo econômico regional precisa, pelo menos, ter maior equilíbrio, indiscutivelmente.

Para o bem de toda a Baixada Santista e de seus moradores.

Portanto, não será criticando o vizinho que o objetivo será alcançado.

Bolsões de miséria

Afinal, vale ressaltar, ao contrário do que afirma o gestor vicentino, Santos também tem seu bolsões de miséria.

Por exemplo, o Município tem a maior favela da palafitas da América do Sul, com o Dique da Vila Gilda.

Sem contar os cortiços, onde milhares vivem em condições subumanas, além de moradias em locais de risco nos morros.

Além disso, quase 3 em cada 10 santistas têm rendimento nominal mensal per capita de até 1/2 salário mínimo  – R$ 660,00 (ou R$ 22,00/dia).

Dados, aliás, do IBGE, ainda que de 2010 – os mais recentes.

Portanto, certamente esta parcela da população não tem dinheiro para comprar ou beber champagne – nem em chafariz público em área nobre, pois não teria dinheiro para se deslocar das periferias até a orla, como sintetiza a amada fala irônica.

Para se ter uma ideia, uma garrafa de Taittinger Prestige Rosé , com estojo 750 ml, custa mais que a renda mensal desta parcela de santistas.

Saúde e Educação

Assim, ao invés de lutar pelo desenvolvimento regional, o prefeito vicentino prefere atacar a cidade vizinha – e seus moradores.

Mas esquece que os atendimentos em áreas como Saúde e Educação desafogam os respectivos setores na cidade vicentina.

Basta fazer um levantamento sério do perfil dos usuários atendidos tanto nas UPAs em Santos, como crianças que estudam em escolas municipais da Cidade,  provenientes das cidades vizinhas como São Vicente.

E muitos moradores saem de Santos para as cidades no entorno – em razão do custo do aluguel e da falta de oportunidades, por exemplo.

Portanto, entende a população, somos uma região metropolitana de direito e de fato na prática.

Ainda que alguns governantes de plantão entendam o oposto.

Portanto, somente com o trabalho conjunto e coletivo com os demais pares – em atos e não em palavras ou fáceis discursos para a midia- é que, enfim, a Baixada Santista unirá esforços e atenções conjuntas – algo que não ocorre.

Continuando dessa maneira – onde cada um cuida do seu umbigo -, a Baixada Santista sempre ficará a reboque de outras regiões, especialmente na comparação com o interior paulista, perdendo espaços, oportunidades e empregos.

Lá, as bandeiras ideológicas são deixadas de lado pelo bem comum.

Aqui, infelizmente, a realidade é outra.

PDUI

Prefeito Kayo, pressione, portanto, seus colegas parlamentares que garantem  apoio ao seu governo para agilizar a votação da PDUI – Plano de Desenvolvimento Urbano Integrado na Assembleia Legislativa.

Afinal, nove regiões já o fizeram.

A Baixada Santista ainda aguarda na fila. Por que será?

Afinal, tal atitude sim é mais importante que criticar os vizinhos.

Assim, reforço, vivemos em uma região metropolitana.

Para quem não sabe vale a pena conferir seu significado…

“Região metropolitana é um recorte espacial formado pela metrópole e pelos municípios integrados a ela. As regiões metropolitanas são constituídas a partir do crescimento do tecido urbano das cidades, formando uma extensa área urbanizada unificada que é interligada pelas redes de infraestrutura e pelas dinâmicas espaciais próprias marcadas pelos intensos fluxos de pessoas, capitais, informações e mercadorias.”

Fonte: Brasil Escola

“Os que muito falam, pouco fazem de bom” – William Shakespeare

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