Esqueceram de avisar que o Carnaval ainda existe | Boqnews

Opiniões

20 DE FEVEREIRO DE 2023

Esqueceram de avisar que o Carnaval ainda existe

Por: Fernando De Maria

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Nem marchinhas de Carnaval pode mais tocar na orla de Santos. Imagem tirada por volta das 20 horas desta segunda (20). Tendas na orla ficaram no passado. Foto: Fernando De Maria

 

Quem gosta de Carnaval não deve colocar Santos no seu roteiro, especialmente se for turista ou veranista.

Afinal, existem locais mais atraentes e animadores para os foliões.

Casos de São Paulo, outrora o ‘túmulo do samba’, Rio de Janeiro, Salvador e até as cidades vizinhas, como São Vicente.

Até porque, a despeito da rede hoteleira estar concentrada em bairros da orla, não há qualquer sinalização de que existe Carnaval na Cidade.

Nem faixas, cartazes ou qualquer identificação nas ruas mostrando que um dos municípios mais tradicionais do Carnaval brasileiro está jogando sua história para ‘debaixo do tapete’, sob o argumento simplista de ‘garantir segurança’.

Ao contrário do que fazem outras cidades, portanto, que reúnem – e atraem – milhares de foliões.

Mas, seria a questão da segurança a única razão para tantos impeditivos?

Então, por que outros municípios continuam promovendo suas festas, ainda mais agora, após dois anos de interrupção em razão da pandemia da Covid-19?

Afinal, Carnaval traz alegria e divisas, movimentando o comércio e ambulantes, fazendo o dinheiro circular.

Ainda que os desfiles carnavalescos tenham ocorrido uma semana antes do Carnaval oficial, por aqui a festa de Momo parece inexistir agora.

Especialmente na orla da praia, onde está o maior jardim de praia do mundo, confirmado no Guinness World Records

Afinal, o Carnacentro – projeto idealizado pela Secretaria de Cultura de Santos – começou na prática hoje (20). E prossegue amanhã (21).

O objetivo pode ser nobre – desde que não impeça que as tradicionais bandas continuem sua festa pelos bairros.

Decreto radical

Afinal, o decreto imposto pela Prefeitura é tão radical que poucos tiveram a ousadia de colocar o bloco na rua, especialmente nos bairros da zona leste da Cidade.

O próprio presidente das bandas na Câmara, vereador Zequinha Teixeira (veja o vídeo) foi ousado e gastou R$ 52 mil para manter a tradição da festa da Banda do Jaú, na Aparecida, no final de janeiro.

Mas reconheceu que o decreto – com tantas obrigações e riscos – praticamente coloca um fim às bandas tradicionais.

Fica a dúvida: será que o mesmo poder de fiscalização ocorre nos bairros mais afastados?

 

Tragédias

As chuvas torrenciais que teimaram em cair na cidade e região, provocando mortes em cidades do Litoral Norte, impediram que os foliões se divertissem no sábado e domingo de Carnaval.

Algo perfeitamente compreensível.

Mas, na segunda (20), o público pode se curtir a festa pelas ruas do Centro Histórico na nova atração da Cidade, o CarnaCentro.

No entanto, ainda que seja a primeira edição, reclamações não faltaram, como gastos elevados e proibições de acesso com alimentos e bebidas ao local – o que não ocorreu com outros eventos musicais no Centro.

Assim, quem tem filhos, gastou mais do que podia.

Ou seja, se o Carnaval é uma festa popular, poucos puderam despender de tantos recursos ao longo dos estabelecimentos montados no entorno da Praça Mauá.

De qualquer forma, o pobre turista (vale também para o santista) carnavalesco – sem qualquer informação disponível de forma visível pelas ruas, como as tradicionais faixas – teve que se contentar com o tempo nublado e ir à praia.

Depois de tanta chuva, escolheu a do Boqueirão para relaxar após assistir a tantas tragédias das chuvas pela televisão.

Aproveitou e fez sua doação para as vítimas do Litoral Norte.

Afinal, ele pensou em viajar com a família para lá neste Carnaval.

Optou por Santos.

E as tendas?

Assim, ele relembrou das antigas tendas espalhadas pela orla da praia que tinham matinês no período da tarde – onde levava seus filhos – e o horário noturno era reservado aos adultos.

Apesar de espaços limitados, a animação era grande.

Até achou que a programação de verão – com shows em diversos locais da Cidade – fosse mantida no Carnaval.

Soube que acabou justamente na semana passada.

Como não as viu mais e com o fim da programação de verão, achou que tinham mudado para outro espaço, quando começou a ouvir  marchinhas de Carnaval, do tipo Mamãe, Eu Quero.

E se animou.

Afinal, a praia, espaço democrático, é o local ideal para se divertir.

Não bastasse, Carnaval é um momento único ao longo dos 365 dias do ano.

No entanto, ficou surpreso que o simples ato era proibido na Cidade, que já apresentou desfiles carnavalescos históricos ao longo da orla da praia no passado.

Mas, passado é passado, dirão alguns.

Aqui não!

Resultado, a animação teve que ser encerrada por  guardas municipais que cumprindo ordens – de quem? – mandaram acabar com a animada festa que ocorria na praia do Boqueirão, quase em frente ao Posto 4.

Afinal, a noite estava chegando quando ocorreu o imbróglio.

E, sem entender  o motivo da proibição, o pobre turista teve que voltar para a casa alugada para curtir o Carnaval com a família.

Restou-lhe ligar a TV e ver a alegria – dos outros – pelo Brasil afora.

Mesmo assim, lembrou de não aumentar o volume do som.

Afinal, em casa, ninguém o impediria de curtir o Carnaval.

Mas, refletiu…

Quem sabe poderia  um vizinho reclamar do barulho da TV e som ligados tocando marchinhas carnavalescas e os enredos das escolas de samba…

Enfim, em Santos, tudo é possível… especialmente durante a festa de Momo…

 

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