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11 DE MARÇO DE 2017

Quem sabe faz a hora

Por: Fernando De Maria

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Em menos de quatro anos, a Prefeitura de Santos sofre uma nova greve dos servidores. Um feito que o prefeito Paulo Alexandre Barbosa (PSDB) carregará em seu currículo.

Afinal, em 2013, no início do seu primeiro mandato, ele sofreu o primeiro revés, com manifestações em frente ao Paço Municipal. Pressionado, deu o aumento solicitado à categoria. A greve durou um dia. Foi a primeira paralisação ocorrida na Prefeitura em quase 20 anos (a anterior fora no governo David Capistrano – PT).

A despeito dos números apresentados pelo sindicato e pelo Poder Público serem distintos em relação à paralisação, o fato é que a greve é real, atingindo especialmente o setor da Educação, com 70% de adesão, em média.

A Administração alega que não dispõe de recursos para oferecer qualquer reajuste aos servidores em decorrência da crise econômica. Em 2016, a diminuição na arrecadação chegou a R$ 100 milhões. E nestes dois primeiros meses do ano, a expectativa está aquém do previsto. Eram R$ 126,5 milhões, mas caíram nos cofres municipais R$ 104,2 milhões. Diferença de R$ 22,3 milhões.

Ressalve-se, porém, que parte destes recursos poderão entrar em meses subsequentes. Por exemplo, o IPTU sofreu uma redução em janeiro (quando há pagamento da cota única) com queda de 3,9%. Não significa, porém, que haverá inadimplência.

É possível que muitos contribuintes, acostumados a pagar à vista, optem pelo parcelamento (o desconto de 4% não é atraente). Ou seja, falar em números também é relativizar.

O que é fato, porém, é que a população foi induzida a acreditar que vivia em uma ilha da fantasia, como se a crise não passasse por aqui. Pelo menos é a conclusão dos programas eleitorais da eleição passada. Na prática, porém, quem acompanha os números oficiais nos demonstrativos financeiros sabia – e este jornal cansou de divulgar – que o quadro era mais feio que o tom pintado na tela do horário eleitoral e a oposição pouco explorou – não teve tempo, competência ou conhecimento para tal.

Para conquistar o objetivo – ser reeleito e, se possível, obter o maior número de votos que a Cidade já concedeu a um governante – optou-se por um arco de alianças expressiva, cuja fatura, é claro, precisa ser quitada agora.

Pagam-se hoje, portanto, as promessas feitas no passado recente, a despeito dos sinais preocupantes que a economia já demonstrava ao longo dos últimos anos (desde a eleição da presidente Dilma Rousseff em 2014).

Hoje, o prefeito vive um dilema. Com mais de R$ 160 milhões em dívidas com fornecedores só no último ano e uma greve instalada, precisa ter agilidade para cortar não só despesas, mas cargos, fundir secretarias e mostrar realmente à população que está cortando na carne, inclusive com a revisão urgente dos servidores comissionados que incorporam 20% anuais, inchando os holleriths de alguns com penduricalhos, criando castas dentro do funcionalismo e provocando distorções na folha de pagamento, que perduram até a aposentadoria e pensão.

Como diria Geraldo Vandré, ‘quem sabe faz a hora. Não espera acontecer’.

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