As greves ocorridas nos últimos dias e programadas para os próximos, seja por trabalhadores da iniciativa privada, preocupados com as mudanças radicais impostas pelo projeto de reforma da Previdência Social, seja por servidores públicos, de âmbito municipal em busca de reajustes salariais e melhores condições de trabalho, assim como os funcionários estaduais, sintetizam uma realidade, especialmente no setor público: existem dois grupos distintos que mostram realidades opostas em seus contracheques.
Infelizmente, ao passar dos anos, os governantes foram concedendo benesses a apenas uma pequena parcela dos servidores, especialmente aos amigos de quem está no poder, criando castas dentro das administrações municipais a ponto de profissionais que ocupam o mesmo cargo ganharem salários tão díspares e vergonhosos, em detrimento das necessidades reais da população.
Isso ocorre, de forma geral, em todas as esferas públicas, seja no Executivo, Legislativo e Judiciário, com penduricalhos criados pelos detentores do poder que garantem benefícios eternos, inclusive até a aposentadoria e pensão, cujos valores aprofundam a distância entre os trabalhadores. Na prática, os direitos não são iguais a todos, como preconiza a Constituição.
Só para citar como exemplo, o custo do Poder Judiciário brasileiro consome 10 vezes mais recursos do que países como Espanha, Argentina e Estados Unidos. No tocante aos salários, um juiz brasileiro recebe dez vezes mais que seu colega francês, português ou estadunidense. Cena que se repete em âmbitos estaduais.
No Legislativo, a farra também é grande. Aliás, vários deles, subservientes ao Executivo, torram dinheiro público com cargos e salários fora da realidade. Em Santos, um servidor chega a receber mais de R$ 52 mil, em razão dos penduricalhos conquistados ao longo da carreira, o famoso direito adquirido. Em São Vicente, os assessores (e serão mais 15, a despeito dos protestos da população) ganham mais que os próprios vereadores, outra falácia que só não vê quem não quer.
Por fim, o Executivo, que tem o poder arrecadatório, é guloso em demasia. Com máquinas inchadas em sua maioria, empregam apaniguados, muitas vezes de competência discutível, e amigos dos donos do poder da ocasião, além de servidores comissionados que incorporam em seus holleriths benefícios legais, mas imorais, só interrompidos com a morte.
E isso não se restringe às prefeituras e aos governos estaduais e federal, mas também às autarquias a elas atreladas, geralmente esquecidas pelo Poder Legislativo que geralmente é conivente e interessado em oferecer indicações em troca de poder, votos, e, é claro, dinheiro. Casos não faltam para ilustrar. Pobre povo.
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