GAPA/BS comemora 30 anos e ainda mantém tradição de combate ao preconceito | Boqnews
Foto: Divulgação GAPA/BS

Ação solidária

23 DE SETEMBRO DE 2018

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GAPA/BS comemora 30 anos e ainda mantém tradição de combate ao preconceito

Mesmo passado três décadas do surgimento da instituição, preconceitos com portadores do vírus ainda continuam

Por: Da Redação

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Há 30 anos ajudando aqueles que sofrem com demasiado preconceito, o Grupo de Apoio a Prevenção à AIDS – GAPA/BS luta para acabar com os estereótipos sobre os portadores do vírus HIV/Aids.

Criado em 12 de abril de 1988 por pessoas do teatro amador santista após a descoberta da soropositividade do cartunista Henfil, os trabalhos do GAPA/BS se iniciaram na Cidade.

Ele havia contraído o vírus após realização de transfusão sanguínea.

Desta forma, os diretores se reuniram para a realização de uma peça com a leitura da Revista do Henfil, que tinha como foco principal ajudar o cartunista a comprar o remédio AZT (azidotimidina).

No entanto, antes da realização da peça, Henfil veio a falecer.

Assim, segundo a coordenadora de Marketing, Mariana Alonso, 27 anos, além do falecimento do escritor, o descaso do governo com o assunto gerou a criação da instituição.

“Não tinha nada, o GAPA surgiu para dar o apoio às pessoas infectadas, porque elas estavam sendo largadas”, explicou.

Preconceito 

Mesmo após o surto de HIV em Santos, durante há década de 1980, o número de infectados com o vírus voltou a crescer.

Desta forma, a taxa preconceito contra os portadores voltou a se proliferar.

Desta forma, Mariana informa que, atualmente, o nível de preconceito das pessoas com os portadores do vírus é o mesmo de quando a instituição foi fundada.

“A Aids ficou muito estigmatizada no começo da epidemia. Porque, no começo, os infectados eram os homossexuais, profissionais do sexo e usuários de drogas”.

Além disso, ela disse que devido a má campanha feita pelo governo na época, não houve melhoras no quesito Aids e assim, só alavancou o preconceito das pessoas.

A filha da presidente da Nanci Alonso, está desde quando era bebê dentro da instituição. Por sinal, Mariana foi estrela de uma das campanhas do GAPA, enquanto ainda era uma criança.

Outro ponto abordado pela coordenadora é de que as histórias dos pacientes são parecidas.

“Existem pacientes que estão aqui há 20 anos e contam que a família os colocou para fora”, salienta.

“Creio que o preconceito é devido a desinformação correta sobre a Aids”, informa.

Ela ainda reforça que inúmeros jovens não sabem o que é HIV e ainda, assemelham ao HPV.

Campanhas 

Se antigamente o governo não deu a devida atenção no combate ao vírus, a entidade seguiu rumos diferentes. Hoje, sendo uma das mais respeitadas instituições na luta contra a Aids, as campanhas em prol da conscientização estão a todo o vapor.

Mariana está produzindo, junto a um grupo de jovens, campanhas via Facebook para auxiliar na informação sobre a doença.

“Quando eu estudei nos EUA, havia diversas campanhas falando sobre o assunto. Com isso, eu comecei a observar e me perguntei o porque não levar isso ao Brasil”, comenta.

Campanha em prol da conscientização da Aids. Foto: Reprodução/GAPA

Mariana disserta que as redes sociais são os meios por onde os jovens recebem mais informações sobre esse tipo de assunto.

E, após a criação de um grupo de Marketing Research com adolescentes de diferentes idades, as ideais sobre como envolver o assunto entre o público jovem surgiu.

As imagens são compostas por cores fortes e textos curtos, assim, chamando a atenção dos jovens.

“Em cima de inúmeras pesquisas feitas, desenvolvemos essa campanha de conscientização”, diz.

A partir de outubro, o GAPA/BS realizará testagens rápidas sobre HIV. Os testes se iniciaram há quatro anos juntos a UNAIDS e com o Ministério da Saúde.

Para quem deseja fazer o teste, o GAPA se localiza na Av. Epitácio Pessoa, 278, Embaré.

Além das testagens, a instituição ainda realiza palestras em escolas, empresas. Neste caso, para quem estiver interesse em receber a instituição, ligue: (13) 2138-9679.

Dinheiro

No entanto, para manter as portas abertas, o GAPA/BS recebe subsídio de R$5 mil por mês da Prefeitura. Entretanto, as despesas com a sede são maiores que o subsídio. Apenas de aluguel, a entidade paga R$6 mil.

Porém, mesmo com o déficit de R$1,5 mil, as portas continuam abertas devido ao bazar.

Para mante-lo funcionando, as doações da população são de exímia importância. O bazar aceita peças de roupas, sapatos, acessórios de decoração e brinquedos.

“Dessas doações, o que não vai para as pessoas que nós atendemos, nós vendemos no bazar”, informa.

Bazar é a maior fonte de renda da instituição atualmente. Foto: Felipe Rey

Contudo, em 2018, os vereadores, Telma, Audrey, Fabrício do DVD, Rui de Rossi e Chico Nogueira, se sensibilizaram e doaram parte da emenda parlamentar para ajudar na melhor conscientização da Aids.

O montante doado foi em cerca de R$200 mil.

“Graças ao dinheiro, nós conseguimos realizar essa campanha para os jovens”, relata.

No entanto, a emenda será apenas para este ano. Assim, para não iniciar o próximo ano no vermelho, a presidente do GAPA/BS, Nanci Alonso se prontificou e conversou com o prefeito Paulo Alexandre Barbosa sobre um possível aumento do subsídio repassado pela Prefeitura.

Durante a mudança de sede, os problemas financeiros atrapalharam a entidade. Desta forma, a Associação do Banco do Brasil doou um toldo para auxiliar na reforma do local.

Além do mais, para quem deseja realizar doações ao GAPA/BS, a entidade está aberta de segunda a sexta, das 9 às 17h30.

Nanci Alonso espera que o subsídio repassado pela Prefeitura aumente. Foto: Divulgação

Documentário

O cineasta e vice-presidente Márcio Rosário, em homenagem aos 30 anos do GAPA/BS, iniciará no final de outubro, a produção de um documentário que contará a história da instituição.

Além disso, haverá lançamento de uma vaquinha virtual para viabilizar financeiramente essa produção.

“Vamos relembrar a importância do GAPA, que é uma referência e sinônimo de credibilidade, por ajudar tanta gente no trabalho de prevenção à aids na Baixada Santista. Queremos mostrar como podemos ajudar a manter firme essa bela mensagem para os próximos 30 anos”, disse Rosário, que é vice-presidente da entidade.

O documentário deverá ser exibido em março de 2019.

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