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Opiniões

14 DE MAIO DE 2013

Clube da luta

Por: Da Redação

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Tyler Durden (esquerda) e O Narrador no início do clube terapêutico
Tyler Durden (esquerda) e O Narrador no início do clube terapêutico

 

Lei nº 1 e nº 2

“Nunca fale sobre o clube da luta”

“Nunca fale sobre o clube da luta”

 

Nos créditos de abertura do filme, notem uma enorme corrente
neurotransmissora fazendo ligações intermináveis até chegar, depois de uma
câmera minuciosamente percorrer, de forma digital – característica opcional,
muito usada pelo diretor David Fincher – os poros do protagonista, e nos
inserir na cena que estampa o grave drama vivido pelo “narrador” (Edward
Norton), um homem que trabalha em uma empresa de seguros que forja dispositivos
de segurança e que sofre de insônia crônica, chegando a dormir apenas 1 hora
por noite.

Para tentar contornar seus problemas, o homem encontra em
grupos de apoio uma solução para seus problemas emocionais. O problema? Ele
fica viciado nas reuniões, que tratam dos mais variados diagnósticos: câncer,
tabagismo, homens que perderam os testículos, tuberculose, melanoma, linfoma,
demência, parasitas – do sangue e do cérebro – entre outros.

Porém, para atrapalhar seu bom comportamento e saúde, o pesadelo
chega por causa de uma mulher, Marla Singer (Helena Bohan Carter), uma perfil
de estranha, quase que com os mesmos problemas que o protagonista, e que acaba
por abalar a rotina anestésica do mesmo.

Numa sociedade cada vez mais capitalista, Clube da Luta cai
sempre como uma luva para contestar o desejo de combater uma forma de vida
sintética, estagnada pelo desejo de obter bens materiais para se estabelecer
como pessoa, um cidadão apto a conviver com um processo de retroalimentação
financeira e industrial.

Esquecendo a tragédia que ocorreu em um shopping do centro de
São Paulo, na qual um estudante de medicina entrou em uma sessão onde o filme
era projetado e atirou contra os espectadores, afirmando ter escolhido a sessão
por saber do seu conteúdo, a produção vai além do sofrimento. Ela é
eficientemente bem conduzida do começo ao fim, trabalhando cada detalhe para
que a trama surpreenda com segredos construídos de forma magistral.

 

Lei nº 3 e nº 4

“Somente duas pessoas por luta”

“Uma luta de cada vez”

 

Durante o longa, muitas pistas são deixadas como migalhas de
pão para que quem assista, vá ligando os pontos, catando as migalhas de pão e
consiga chegar ao grande mistério: a construção do personagem secundário Tyler
Durden (Brad Pitt), que é a peça chave para as respostas do papel de Norton.
(Dica 1: Na cena do hospital, quando o protagonista vai se consultar com um
médico, prestem atenção na câmera se aproximando do “narrador”. Logo, foquem a
visão no lado superior direito da tela).

“Cópia, cópia, cópia”, diz o narrador, cansado de sua fútil e
consumista vida. Para exemplificar, um plano travelling, da esquerda para a direita, monta um apartamento
perfeito, interagindo de forma digital com o personagem principal.

 

Lei nº 5 e º 6

“Sem camisa, sem sapatos”

“As lutas duram o tempo que for necessário”

 

Já em outra cena, a mesmice e o desapego dos bens materiais se
consolida na cena do avião, durante um discurso convincente sobre a vida ser um
produto oferecido sempre em doses únicas. (Dica 2: notem as maletas idênticas).
Depois disto, a única amizade “dose única” do narrador é “revelada”.

O exagero das imagens digitais usada por Fincher é algo
desnecessário, mas nada que ofusque qualquer tipo de informação ou detalhe do
filme. Tratando-se de produções americanas, o cineasta sempre acaba caindo no
gosto do público e passa sem problemas na avaliação dos cinéfilos. (Dica 3:
Prestem atenção na direção do olhar do protagonista na primeira reunião em que
participa).

Inserindo personagens parcialmente niilistas, o gosto pelo
sangue vai tomando proporções jamais planejadas pelos envolvidos nos clubes de
lutas espalhados por diversos países. (Dica 4: Quando os dois personagens se
encontram no bar e saem para começar uma briga, notem não uma, mas duas garrafas
sendo colocadas no chão).

Uma idolatria é cultuada entre os membros, transformando a
imagem de Tyler num Deus da Violência. Ao invés de lágrimas, mostradas no
início do filme como um smyle na
camisa do grande personagem Bob (Meat Loaf), o líquido viscoso e vermelho é a
nova terapia para os mais diversos estereótipos do homem, que vai desde o
faxineiro de um edifício até executivos de importantes empresas. A arquitetura
de um plano de destruição do símbolo consumista do mundo começa a tomar forma.
(Dica 5: Tyler nunca se encontra na mesma cena com Marla Singer).

No terceiro ato, verdades começam a aparecer. O verdadeiro “eu”
do narrador vai tomando ciência da proporção de adeptos ao clube e a seriedade
com que aquilo se mesclou com a vida dos envolvidos. A cena onde o personagem
Angel Face (Jared Leto) é espancado brutalmente, apenas pelo desejo do Narrador
em “estragar algo belo”, é de estremecer os sentidos. (Dica 6: “Nunca fale
sobre mim” – Tyler Durden).

 

Lei nº 7 e nº 8

“Quando alguém gritar “pára!”, sinalizar ou
desmaiar, a luta acaba”

“Se for a sua primeira noite no Clube da Luta, você tem que
lutar!”

 

Entre cenários convincentes, atuações de tirar o fôlego e um
enredo surpreendente, Clube da Luta acerta um soco de direita e dá nocaute no
espectador que espera um filme onde o suspense, a ação e a violência são os
ingredientes para transformar sabão em nitroglicerina…ops, perdão, em uma
atração onde o questionamento do comportamento é elevado ao nível mais
psicótico da mente humana.

 

Ficha técnica

Diretor: David Fincher

Roteiro: Jim Uhls

Elenco: Edward Norton; Brad Pitt; Helena Bonham Carter;Meat
Loaf; 
Zach Grenier;
Richmond Arquette; 
David Andrews;

Trailer:

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