Não costumo usar este espaço para discorrer sobre esportes, pois temos o gabaritado colunista Armando Gomes para escrever sobre esta paixão nacional. Mas é impossível não fazer referência ao centenário do Santos FC, completados neste sábado (14). Apesar de não ser torcedor, tenho um carinho especial pelo clube. Afinal, nasci e vivi boa parte de minha vida na Rua Princesa Isabel, na Vila Belmiro. Lembro-me dos jogos, das comemorações – especialmente a do paulista de 1984 – e até das matinês e bailes carnavalescos promovidos nos anos 70 e 80.
O tempo passou, mas as lembranças permaneceram. O clube, que viveu momentos difíceis nos últimos anos do século passado, deu a volta por cima e hoje voltou a ser referência internacional, resgatando uma das trajetórias mais vitoriosas entre os clubes brasileiros e estrangeiros. Portanto, os 100 anos devem ser comemorados por todos os santistas, de nascimento ou não, mesmo os que tenham preferência por outra agremiação. Afinal, o Santos é o clube brasileiro mais umbilicalmente ligado a uma cidade e o único entre os grandes times do futebol brasileiro que não está em uma capital. Apesar desta constatação, nota-se certo distanciamento das ações entre o clube e o Poder Público para comemorar a data.
As comemorações não deveriam se restringir ao centenário do clube, mas da Cidade como um todo. Deveria ter sido feito um calendário conjunto, envolvendo ambas as partes. Se o fizeram, não são condizentes com a magnitude do evento. Tanto que existem informações desconexas. O site do Santos FC, por exemplo, traz uma extensa programação comemorativa ao centenário, com homenagens políticas e com programas especiais divulgados na mídia. Espaço restrito, porém, para a participação popular. Entre eles, passeio ciclístico e shows musicais na praia do Gonzaga programados para sábado à tarde, mas os shows só foram divulgados 24 horas antes.
Se não fosse o apoio de uma empresa do setor retroportuário, que forneceu os materiais para a findar a execução da obra artística no entorno do CT do clube, no Jabaquara, o painel com as imagens dos eternos jogadores ficaria inacabado (um mutirão ocorre neste final de semana para terminar a obra). O local poderá se tornar um novo ponto turístico, como já ocorrera no Memorial das Conquistas. Na prática, a cidade de Santos não explora turisticamente a potencialidade do clube e vice-versa. O distanciamento entre as partes é evidente.
Uma pena. A data poderia servir de estímulo para ações turísticas visando atrair torcedores do Brasil inteiro para cá para promover uma grande festa cultural-esportiva-social neste final de semana e nos próximos. Além disso, o Santos tem o principal garoto-propaganda do Brasil e a cidade não aproveita a imagem de Neymar. Sem contar com o Rei, cujo legado ficará em definitivo na Cidade por meio do Museu Pelé. A potencialidade existe, mas é pouco aproveitada.
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