Qualquer que seja o prefeito eleito deverá ter a saúde como principal prioridade. Todas as pesquisas que tratam sobre o assunto apontam que o setor é o Calcanhar de Aquiles de qualquer governante. Os números ajudam a explicar o porquê desta constatação.
Apesar do orçamento municipal destinado à saúde ter triplicado na última década, tal fato não foi suficiente para diminuir as carências do setor, atingindo principalmente a população que mais necessita dos serviços públicos, mas também os usuários de planos de saúde que, sem alternativas, vêem na medicina privativa a chance de ter um atendimento melhor, o que nem sempre ocorre, pois o crescimento contínuo do número de pacientes das operadoras não se reflete necessariamente no aumento de oferta de leitos e serviços aos clientes. Resultado: filas e transtornos também para os pacientes conveniados.
Por exemplo, em 2008, Santos tinha 1.850 leitos – um índice que atenderia bem a população santista, dentro dos preceitos estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde – sendo 967 destinados ao SUS – Sistema Único de Saúde. Dois anos depois, houve uma queda para 1.692 e 816 leitos (diminuição da oferta de 8,5% e 15,6%, respectivamente). Isso, portanto, justifica a dificuldade em se obter uma vaga hospitalar. Tanto para pacientes SUS como para conveniados.
A compra pela prefeitura do Hospital dos Estivadores, com 237 leitos, poderá ser um alento ao cenário. Só que isoladamente tal iniciativa será mais um ônus do que solução, se não existirem verbas das demais esferas públicas nem o apoio dos municípios vizinhos.
Afinal, na prática, o que ocorre é que Santos paga pelos baixos investimentos dos municípios vizinhos na área da saúde. E o cidadão que não é atendido na sua cidade busca ajuda onde encontrará respaldo. É fácil comprovar residência na Cidade. Basta ter um amigo ou empregador morando por aqui.
Portanto, caberá a (o) próximo (a) prefeito (a) agir consensualmente com os demais governantes dos municípios vizinhos para que haja uma agenda conjunta para investimentos coletivos na região na área da saúde, reivindicando junto aos governos do Estado e Federal uma maior participação com recursos sob o viés metropolitano.
A iniciativa é difícil e corre o risco de esbarrar nas vaidades pessoais, como já ocorrera em tentativas anteriores. No entanto, se nada for feito, o quadro só tende a piorar em razão do aumento populacional contínuo, especialmente em cidades como São Vicente, Bertioga, Praia Grande e Guarujá.
E assim, o ônus maior sempre ficará com a Cidade, mais rica e, portanto, aquela cuja conta sempre é apresentada no final. Alguém mais se habilitaria a pagá-la?
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