Permito-me comentar sobre isso para comemorar a sensibilidade da justiça em reconhecer uma relação entre duas almas, independente de seu sexo como a expressão do desejo real em fundar uma história em comum. Em grande parte, desejos de felicidade e prazer muitas vezes idealizados nos levam a procurar no outro a segurança confortável, sem nenhum questionamento ou dúvida.
Mas como não há mentira que dure para sempre, principalmente quando mentimos para nós mesmos, e só prestarmos atenção, tentarmos nos ver lá no escurinho da alma e perceber que nas entrelinhas surgem sensações de espanto e desconforto quando nos deparamos desejando coisas e pessoas que se encontram fora do script.
A intolerância com que o mundo lida com as diversidades sexuais é diretamente proporcional à intolerância que reservamos aos nossos próprios desejos quando esses não correspondem à imagem que fazemos da nossa vida hollywoodiana, certinha como um filme. Na teoria, a liberdade é um sentimento que todos nós perseguimos, mas na prática só conseguimos quando temos coragem de viver em harmonia com o que sentimos.
Imoral é a sociedade que não valoriza o afeto e o desejo na construção de uma relação afetiva. Heteros, homos, bi, trans são antes de tudo pessoas desejosas de expressar o amor. Compreender essa diversidade significa exercer a sexualidade com respeito pela própria natureza e pela dos outros.