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Opiniões

10 DE JUNHO DE 2020

Novo clamor contra o racismo

Por: Humberto Challoub

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Os protestos que se estenderam por várias cidades dos Estados Unidos, decorrentes do assassinato do afro-americano George Floyd, desnudou o racismo institucional e sistêmico presente na sociedade daquele país, fruto da herança escravista que perdura até os dias de hoje. As manifestações que também eclodiram em diversos outros países, envolvendo as questões raciais e xenófobas que penalizam minoriais e imigrantes, ganhou mais uma vez notoriedade e a repulsa de vários segmentos da sociedade, notoriamente dos jovens que buscam construir novos valores para o convívio em sociedade, por meio do combate às práticas excludentes motivadas por diferenças étnicas, religiosas e sociais.

No Brasil, assim como na quase totalidade dos países colonizados sob a égide da cultura escravocrata, os reflexos do período de exploração autoritária da mão de obra negra ainda de fazem sentir, especialmente pelas décadas de subvalorização da cultura afro na formação da identidade nacional. Igualmente relevante é a tradução abstraída dos indicadores socioeconômicos oficiais. Eles traduzem, de forma inequívoca, as conseqüências do triste legado deixado pela escravocracia: apesar de representarem mais de 50% da população brasileira, os negros ocupam, proporcionalmente, poucos cargos de liderança; têm participação modesta nas atividades de representação política; são pouco presentes nas universidades e recebem menores salários para o exercício das funções produtivas. Como resultado, representam a maior fatia do contingente das famílias de baixa renda no País. Hoje acrescenta-se um dado ainda mais trágico: são as maiores vítimas da pandemia de coronavírus.

O despertar de uma consciência nacional para a questão racial é uma missão urgente, lovável e justa, por isso deve estar inserida em um conceito amplo da luta pelo fim de todo e qualquer tipo de preconceito. O quadro de injustiças sociais, no atual momento, requer o estabelecimento de novos métodos e modelos de organização social, com a redução das diferenças a partir da garantia de vivência digna e igualdade de oportunidades a todos, sem exceção. Nesse sentido, o papel do Estado como provedor das condições mínimas e essenciais voltadas ao cumprimento dos deveres civis, e assegurando os direitos de cidadania, reveste-se de extrema importância.

A miscigenação que caracteriza a formação da população brasileira deve ser motivo de orgulho nacional, devendo portanto ser vista como um fator preponderante na construção de uma nação justa e próspera, que não exclui ou marginaliza seus filhos.

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