14 de abril de 1912, uma data que entrou para a história do mundo. Afinal, foi nesse dia que o navio recém-inaugurado Titanic colidiu com um iceberg e afundou no Oceano Atlântico, numa das maiores tragédias marítimas de todos os tempos.
No mesmo dia, um acontecimento na cidade de Santos também entrava para a história do mundo, mais especificamente na área esportiva. Certamente, quando Francisco Raymundo Marques, Mário Ferraz de Campos e Argemiro de Souza tiveram a iniciativa de fundar um clube de futebol com o nome do município não imaginariam que o time ganharia proporções de tamanha magnitude, tendo nada mais nada menos que o Rei do Futebol.
Mas o Santos não foi revelado por Pelé, aliás o clube é o errado que deu certo. Basta ver o cenário do futebol brasileiro, no qual os times grandes estão todos em capitais, com exceção do Peixe.
Uma das grandes virtudes do Santos é o futebol ofensivo e esse DNA vem de berço. Já na década de 20, o time encantava os torcedores. No Campeonato Paulista de 1928, em 16 jogos foram 100 gols marcados, uma média de 6,25, recorde sul-americano. A linha ofensiva era formada por Omar, Camarão, Feitiço, Araken e Evangelista.
O primeiro título de expressão do Alvinegro Praiano foi o Campeonato Paulista de 1935, conquistado diante do rival Corinthians em pleno Parque São Jorge, após a vitória por 2 x 0, com gols de Raul Guedes e Araken.
Como todo clube, o Santos passou por um período sem títulos e com dificuldades. A década de 40 para o time da Vila Belmiro foi como o jejum de 24 anos da Seleção Brasileira sem Copa do Mundo, marcada por frustrações.
Mas em meados da década de 50, surgiu um esquadrão na Vila Belmiro. Em 1955, o clube saiu da fila e voltou a conquistar o Campeonato Paulista com a vitória por 2 x1 contra o Taubaté. Não restava dúvidas. Agora quem dava a bola era o Santos e neste ritmo o segundo hino surgiu e ganhou a popularidade da torcida.
Era de Ouro
No ano seguinte, um menino vindo de Bauru chegou à Vila Belmiro e o resto da história, todos já sabem, “entende”?
Pelé se juntou com outros gênios do futebol brasileiro, como Pepe, Coutinho, Mengálvio, Zito e Dorval, formando o maior time de todos os tempos, na opinião de diversos especialistas.
A equipe comandada pelo técnico Lula encantou o País e o mundo, com a magia do futebol arte.
O apogeu da história do Santos aconteceu na década de 60. Neste período o clube conquistou 6 Campeonatos Brasileiros, que na época era chamado de Taça Brasil e depois Taça Roberto Gomes Pedrosa, 2 Copa Libertadores e 2 Mundiais.
Além disso, o Peixe colecionou taças no Campeonato Paulista, Rio-SP e outras competições nacionais e internacionais, como a Recopa Mundial de 1968. Vale destacar que Santos poderia ter mais Libertadores e Mundiais, sendo o clube com mais títulos dos dois torneios. Contudo, a violência dos adversários e a desorganização na Libertadores fez a diretoria do Santos optar por excursões pelo mundo.
Em tempos que não havia patrocínio master e cota de televisão, jogar pelos países era forma de manter os craques no clube. Em uma dessas excursões no ano de 1969, o Santos parou uma guerra, isso mesmo, o time da Vila Belmiro viajou para Benin, na Nigéria, para enfrentar a Seleção do Meio Oeste.
Contudo, a cidade vivia um período turbulento da Guerra Civil, mas para ver o Santos de tantos gênios, houve um cessar-fogo entre os guerrilheiros e a partida foi realizada. Como tudo na vida, o encanto daquele time que foi se reinventando com a chegada de outros craques, como Edu, Clodoaldo e Manoel Maria tinha um prazo, o que deixou saudades na torcida santista.
O Canhão da Vila, Pepe, fez parte dessa gloriosa história do Santos na década de 60. Em suas entrevistas, ele destaca que é o maior artilheiro do Santos FC com 403 gols, isso porque, segundo o ídolo santista, Pelé não é desse planeta.
Décadas de 70 e 80
Com o fim do ápice, ficou um sentimento de vazio entre os santistas. Assim, muitos se perguntavam quando novamente o Santos teria um grande time e isso não demorou para acontecer.
Em 1978, o técnico Chico Formiga decidiu colocar em campo jovens jogadores, como Pita, Juary e Nilton Batata.
O resultado? Um belo futebol e o título do Campeonato Paulista daquele ano diante do São Paulo.
Foi nesse ano que surgiu o termo “Meninos da Vila”, que casou perfeitamente com a filosofia do clube.
O Alvinegro voltou a ser campeão estadual em 1984 contra o Corinthians no Morumbi lotado, Serginho Chulapa foi o herói do título com o gol no segundo tempo.
Após a conquista, o Peixe viveu um período de vacas magras, sem grande destaque nas competições.
Renascimento
O renascimento do Santos veio em 1995, numa campanha surpreendente no Campeonato Brasileiro. Na semifinal, a equipe perdeu para o Fluminense por 4 x 1 no Maracanã. Seria o fim do sonho, mas não é que o milagre aconteceu no Pacaembu.
Numa tarde memorável de Giovanni, o Peixe conseguiu reverter a desvantagem vencendo o duelo por 5 x 2.
Na final, a equipe comandada por Cabralzinho acabou sendo derrotada pelo Botafogo. Vale destacar que o segundo jogo da final foi marcado por erros de arbitragem. Se tivesse o VAR naquele tempo, o Santos era campeão.
Em 1997, o Peixe levantou a taça do Rio-São Paulo e no ano seguinte veio a conquista da Copa Conmebol.
Século XXI
Apesar dos títulos no fim da década de 90 faltava um troféu com grande relevância e o Santos não podia mais esperar, pois os rivais estavam conquistando diversos campeonatos.
A diretoria não poupou esforços no começo dos anos 2000, trazendo jogadores de impacto, mas o resultado não veio e o orçamento ficou curto.
Dessa forma, o clube precisou “pedalar” para encontrar uma solução na base em 2002 e os garotos deram conta do recado. Após quatro meses parado, o time do técnico Leão garantiu a classificação para as quartas de final do Campeonato Brasileiro na 8º colocação, graças aos outros resultados. A equipe, que tinha como destaque Robinho e Diego, conquistou o título derrotando o São Paulo nas quartas de final e o Corinthians na final em um dos melhores jogos de clubes no Brasil e ainda viu o Palmeiras ser rebaixado para a segunda divisão.
A boa fase não parou e o time conquistou o octa brasileiro em 2004 e o bicampeonato paulista nos anos de 2006 e 2007.
Novos Raios
Pouco tempo depois, novos raios na Vila Belmiro e um time de vídeo game encantou o Brasil, com as goleadas, dancinhas e um futebol ousado e alegre. Tendo Neymar como principal referência, o Santos conquistou o tri da Libertadores, Copa do Brasil, Recopa Sul-Americana e três títulos paulistas, entre 2010 e 2012
O lateral Léo, ídolo da torcida santista e que esteve presente nas gerações de Robinho e Neymar destaca que tem orgulho de fazer parte da história do Santos “São mais de 450 jogos, 24 gols e oito títulos em minhas duas passagens. Além disso, me sinto um verdadeiro santista, pois fixei residência na Cidade e meu filho Gael nasceu aqui. O Santos faz parte da minha vida”, destacou.
O solo de Santos tem algo diferente, pois o Peixe não para de revelar grandes jogadores, o time novamente conquistou o Paulistão em 2015 e 2016.
Nos últimos anos, o Alvinegro foi vice no Campeonato Brasileiro de 2019 e na Libertadores de 2020.
Unindo a magia e o DNA ofensivo, o clube quer seguir fazendo história.