Aos 60 anos, Beatriz Pacheco tem a típica figura de uma avó acolhedora. Mas há 15 anos, a advogada de Porto Alegre (RS) descobriu-se portadora de HIV. Porém, o que era motivo de tristeza tornou-se razão par viver. Desde então, Bia, como prefere ser chamada, tornou-se uma militante contra a epidemia e irá contar sua história no seminário do projeto “Direito Garantido”, na próxima terça (31), às 15 horas, na sede da OAB de Santos (Praça José Bonifácio. 55 – Centro). A participação no seminário é gratuita e as inscrições podem ser feitas pelo e-mail [email protected] ou pelo telefone 32243947.
Quando se descobriu uma avó com HIV, no tempo em que esses eram dois termos praticamente incompatíveis, Bia enfrentou inúmeras dificuldades. Mas tudo começou a mudar semanas depois daquele inesperado diagnóstico, quando o marido Carlos fez seu exame, e desta vez o resultado foi negativo. O marido, entretanto, não abandonou Bia, que contraíra a doença do companheiro anterior, falecido, infectado em uma transfusão de sangue.
Pelo contrário. Servidor do Ministério do Trabalho, Carlos propôs-se a iniciar com a mulher um trabalho de apoio ao trabalhador com Aids e prevenção à doença. Também a estimulou a contar publicamente o seu drama. Os dois viraram ativistas, realizaram palestras por todo o país, transformaram-se em um exemplo de esperança. Até que, em 2006, Carlos morreu. De câncer. Sem nunca ter contraído o HIV.
“A morte não é uma questão do soropositivo, é uma questão de qualquer ser humano. Por isso, deve-se acabar com o preconceito. Sou uma mulher vivendo de com HIV desde março de 1997, tive uma relação soro discordante durante 10 anos (termo usado quando um é soropositivo e outro negativo em um casal). Sou mãe de quatro filhos, tenho três netos. Sou uma mulher normal”, diz Beatriz.
Diante de a sua própria história, a advogada defende que a prevenção à doença passa necessariamente pela quebra do preconceito. Segundo Beatriz, ainda é comum a muitas pessoas a ideia de que o HVI ameaça apenas gays, profissionais do sexo ou pessoas com muitos parceiros sexuais. Por isso, ela já protagonizou uma campanha nacional de conscientização sobre os riscos da Aids para adultos maduros e idosos, vive dando palestras sobre o HIV e a terceira idade.
“Negar a sexualidade mais livre de hoje em dia, é hipocrisia. Existe uma fantasia de quem está acima dos 50 anos não faz mais sexo. Por isso, nos últimos tempos, estamos tendo atenção maior para esta população, com ações e linguagem diferenciadas”, explica.
Serviço
Data: 31 de janeiro de 2012, às 15 horas
Local: OAB/Santos – Praça José Bonifácio. 55 – Centro
Inscrições: Gratuitas – [email protected] ou por telefone (13) 32243947
Mais informações: http://www.asppe.org