Quase três mil espécies caminham para a extinção, de acordo com o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
O Brasil conseguiu catalogar quase doze mil espécies na Mata Atlântica, o bioma de maior densidade populacional do país.
Destas, quase vinte e cinco porcento estão ameaçadas de extinção. Isso equivale a quase três mil sob risco de desaparecimento.
Isso significa algo que deveria preocupar os habitantes do sudeste: pois seja a proporção, de quase um quarto de todas as espécies, como o número absoluto delas, superam o resultado apurado em relação aos outros seis biomas.
A pesquisa Contas de Ecossistemas: espécies ameaçadas de extinção no Brasil indica a Mata Atlântica, a nossa região, como a mais vulnerável em todo o nosso imenso território.
Dentre as espécies ameaçadas, pode-se mencionar o lobo-guará, a tartaruga de pente, o boto cinza, o jacu-de-alagoas, a rolinha do planalto, a rãzinha de barriga colorida, a rã de corredeira, o murucututu, a jararaca de alcatrazes, o gavião cinza e o atobá de pé-vermelho, como os bichos mais próximos do desaparecimento.
Já em relação à flora, correm grande risco o pente de macaco, o breu sem cheiro, o umbu-cajá, o jaborandi, a canelinha, a brasiliana, o gravatá, o pau-brasil, a Lélia, o brinco-de-princesa, o palmito-juçara, a araucária, o pau-ferro e o labão.
Isso coincide com a apuração do desmatamento da Mata Atlântica, incessante e inclemente.
Em 2022, destruiu-se o equivalente a cento e vinte e cinco vezes a área do Parque Ibirapuera.
Já resta pouco remanescente daquilo que era a exuberante biodiversidade quando os portugueses aqui chegaram em 1500.
Mas o estímulo exterminador dos últimos anos, o avanço da agricultura e a ocupação do solo para densificação residencial faz com que esse antigo paraíso sofra perigosa redução de área.
Assiste-se a essa tragédia sem reações e sem lamentos.
Celebram-se dias festivos, o do meio ambiente, o da árvore, o da água.
Mas a derrubada insana prossegue.
Nunca mais, dizia o corvo de Edgar Alan Poe.
Nunca mais encontrar na floresta as espécies que a cupidez e a ignorância condenaram a ser memória e a residir, exclusivamente, na arqueologia da história.
José Renato Nalini é diretor-Geral da Uniregistral, docente da pós-graduação da Uninove e secretário-geral da Academia Paulista de Letras.
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