Foi-se o tempo que a imagem de um “chefe” ou líder de equipe era de alguém de meia idade ou mais, daquela pessoa que tinha galgado os degraus de sua carreira em uma mesma empresa e depois de uma ou algumas décadas finalmente chegava ao topo na hierarquia.
Na contemporaneidade, nem líderes e nem subordinados pertencem a uma geração específica, o que resulta em um ambiente de trabalho absolutamente heterogêneo.
Bom? Ruim? Ameaça?
Não existem respostas simples para questões complexas, nem respostas prontas para questões em que sempre é necessário analisar o contexto.
No que se refere a esse assunto, em especial, a experiência que tenho sinaliza que se trata de algo potencialmente bom, considerando-se que o ambiente heterogêneo é, em tese, celeiro de ideias diferentes, geradas a partir de visões de mundo diferentes e que fomentam discussões e consensos, elementos essenciais para as tomadas de decisões assertivas, democráticas e que consideram abordagens multifacetadas a partir da ampliação do escopo das perspectivas.
Já vivi situações em que fui líder de profissionais sêniors e aprendi muito com eles.
Com os mais novos, tive e tenho a oportunidade de “beber” de sua energia e juventude e, não raro, de visões de mundo e valores muito diferentes dos meus, que ajudam sempre a complementar minhas ideias e/ou entender várias coisas a partir de perspectivas novas para mim.
Também tive situações em que fui subordinada de líderes mais jovens, ávidos por ascender profissionalmente, pelo reconhecimento, por realizações e resultados em prazos cada vez menores.
Os líderes sêniors com quem tive oportunidade de trabalhar compartilharam seus conhecimentos, experiências, trajetórias, as dificuldades pelas quais passaram, seus erros e acertos, enfim, anos de experiência e aprendizagens.
Com todos eles, sêniors e jovens, aprendi muito e não segmento essas experiências em melhores ou piores. Efetivamente, todas foram contributivas.
O aprendizado sempre existe, desde que queiramos e estejamos dispostos.
Não há facilidade ou dificuldade com uma ou outra geração.
Há necessidade de empatia e, não raro, de uma boa dose de humildade, pois é fato que não aprendemos apenas com aqueles que viveram mais.
Há aprendizado nos diferentes olhares, nas diferentes experiências e perspectivas.
Da mesma maneira, existe a necessidade de compartilhamento daquilo que se vive, que se viveu, dos valores, crenças e experiências que a vida nos oferece diariamente, sejamos nós mais jovens ou mais experientes.
A complementaridade que existe no conviver de diferentes gerações no ambiente de trabalho é rica, porque rica é a diversidade e as possibilidades que ela nos traz.
Miriam Rodrigues é Superintendente do Centro de Educação a Distância e docente na Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) nas Áreas de Gestão de Pessoas e Comportamento Organizacional
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