Os primeiros atos após a posse de Donald Trump à frente da presidência norte-americana são claros sinais de que o pragmatismo guiará as ações adotadas pelos EUA durante sua administração.
Espetaculosa e cercada de simbolismos, a cerimônia de imposição do cargo concentrou a atenção da mídia mundial e mobilizou milhares de norte-americanos em torno das ideias de mudanças que ensejou.
Mais do que a esperança de recuperação econômica para uma nação que hoje também enfrenta o fantasma da inflação, a recondução Trump ao cargo político mais importante do mundo ocidental sintetizou o desejo de renovação das posições adotadas até aqui pelos EUA no contexto global das nações.
Além do redirecionamento das políticas de gênero, imigratórias e ambientais, o perfil do novo governo se caracteriza pelo cunho empresarial e pelo liberalismo.
Não há como negar que, a partir de agora tem início um novo e importante capítulo da geopolítica internacional, com a valorização das relações comerciais em detrimento aos alinhamentos ideológicos e desconsideração aos ritos da diplomacia tradicional.
Inegavelmente, os EUA exercem forte influência nas relações internacionais e, por isso, Trump é saudado pelas demais nações como arauto de uma nova ordem política e econômica a ser construída sob a sua liderança.
Nesse contexto, ao governo brasileiro cabe o dever de, apesar de defender posições muito antagônicas, buscar uma maior aproximação com o novo mandatário norte-americano, estabelecendo laços de cooperação com um antigo aliado e, sobretudo, colocando-se como um importante parceiro comercial estratégico e para o desenvolvimento conjunto de novas tecnologias sustentáveis.
Mais de ressaltar pontos de divergência e promover ataques verborrágicos publicamente, é de responsabilidade das autoridades brasileiras preservar as relações institucionais visando manter as muitas vias de integração que aproximaram as duas nações ao longo das décadas.
O Brasil sempre se pautou pelo respeito à democracia e à soberania dos países que mantém relação, não haveria agora de ser diferente.
Da mesma forma, o pragmatismo defendido por Trump serve como alerta para a necessidade de o País ampliar ainda mais suas rotas de comércio visando reduzir, de forma gradativa e contínua, a significativa dependência de mercados como o dos EUA e China, responsáveis pela absorção de quase metade das exportações brasileiras.
O mundo está aberto às oportunidades e impõe novos sistemas de integração comercial para serem compartilhadas em benefício de todos.
Humberto Challoub é jornalista, diretor de redação do jornal Boqnews e do Grupo Enfoque de Comunicação
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