Gilmar Mendes defende segurança jurídica para desenvolvimento sustentável | Boqnews
Ministro Gilmar Mendes esteve em Santos onde participou de seminário. Foto: Sandro Thadeu/Colaborador

Congresso Nacional Portuário

06 DE JUNHO DE 2025

Siga-nos no Google Notícias!

Gilmar Mendes defende segurança jurídica para desenvolvimento sustentável

Mendes deixou claro que, embora o Brasil integre uma economia liberal, o livre mercado não pode ser praticado sem responsabilidade.

Por: Sandro Thadeu/Colaborador
Da Redação

array(1) {
  ["tipo"]=>
  int(27)
}

O fortalecimento da segurança jurídica no setor portuário como base para conciliar liberdade econômica e responsabilidade socioambiental foi o eixo central da fala do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, durante a abertura do Congresso Nacional Portuário, realizada na noite da última quinta-feira, dia 5, na Casa Leone, em Santos.

Promovido pela Academia Brasileira de Formação e Pesquisa (ABFP), o evento continua nesta sexta (6).

Ocorrerão painéis dedicados à eficiência, tecnologia, sustentabilidade e relação Porto-Cidade.

Durante a explanação de 27 minutos, o magistrado deixou claro que, embora o Brasil integre uma economia liberal, o livre mercado não pode ser praticado sem responsabilidade.

“Ao rejeitar leituras radicais de livre mercado, o tribunal fortalece a noção de que desenvolvimento verdadeiramente sustentável exige equilíbrio entre eficiência produtiva, equidade distributiva e resiliência ecológica”, ressaltou.

Mendes destacou que o setor portuário deve estar alinhado às demandas ambientais, ao desenvolvimento econômico e às transformações globais em curso.

Lembrou ainda que os portos brasileiros são responsáveis por cerca de 95% do comércio exterior do país e seguem em expansão.

Portanto, abastecendo tanto o mercado interno quanto o externo.

Nesse contexto, o ministro observou que a legislação aplicável à infraestrutura do setor deve ser constantemente aprimorada.

Ou seja, à semelhança do que ocorre com o arcabouço jurídico ambiental.

“Trata-se de um setor que exige grandes investimentos, cujos retornos, em muitos casos, só se concretizam após décadas”, afirmou.

Por esse motivo, segundo ele, é fundamental garantir segurança jurídica aos agentes que operam no setor.

Dessa forma, assegurando estabilidade para contratos, concessões e parcerias público-privadas.

Adin

Como exemplo, citou a decisão do STF no julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 3497, ocorrido no ano passado.

Assim, estabeleceu o prazo máximo de 25 anos para concessões de portos secos, com possibilidade de prorrogação por até dez anos.

A decisão reafirmou que cabe à administração pública definir, caso a caso, a duração contratual e suas eventuais prorrogações — inclusive com prazos inferiores aos previstos pela Lei nº 10.684/2003.

Considerando que a referida norma está em vigor há mais de duas décadas, a Corte também autorizou o poder público a promover novas licitações para contratos que estejam em desacordo com a interpretação do plenário, determinando a extinção desses vínculos após os prazos estabelecidos.

No entanto, optou por modular os efeitos da decisão, evitando a interrupção imediata das operações.

Consequentemente, impactos negativos como desabastecimento, retenção de cargas e prejuízos a transportadores, fornecedores e consumidores.

Ministro Gilmar Mendes participou de evento em Santos onde falou sobre o PL 12.815/2013 durante o Congresso Portuário. Foto: Sandro Thadeu/Colaborador

Proteção aos trabalhadores

Dezenas de trabalhadores portuários avulsos protestaram em frente ao local do evento contra o Projeto de Lei 733/2025.

Ele propõe a revisão da Lei dos Portos (Lei 12.815/2013).

O texto, elaborado por uma comissão de juristas da Câmara dos Deputados, prevê o fim da exclusividade na contratação desses profissionais via Órgão Gestor de Mão de Obra (OGMO), permitindo aos operadores privados contratar diretamente trabalhadores certificados para a função.

Mendes reconheceu a legitimidade do debate e afirmou que a modernização do setor é essencial para reduzir o chamado “custo Brasil”, sem ignorar os direitos dos trabalhadores.

“O Brasil tem muitas vantagens comparativas e competitivas, mas é preciso melhorar o ambiente de negócios”, reforçou ele.

Assim, ele recebeu das mãos do presidente do Sindicato dos Operários e Trabalhadores Portuários do Estado de São Paulo (Sintraport), Miro Machado, um documento com os apontamentos e críticas sobre a mudança que afetará várias categorias.

Além disso, o ministro também reiterou que a prosperidade econômica deve caminhar lado a lado com a preservação ambiental.

Ao longo de sua fala, o ministro destacou o papel do STF na garantia dos fundos climáticos — como o Fundo Amazônia e o Fundo Clima — cujos recursos, segundo a Corte, devem ser obrigatoriamente alocados pelo Governo Federal.

Mendes também relembrou o papel do Supremo durante o governo Bolsonaro ao impedir o desmonte de instituições federais cruciais para a gestão ambiental.

Caso do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

“Fica demonstrado o empenho do Tribunal para com a efetivação do desenvolvimento sustentável em solo brasileiro, resguardando de forma simultânea os interesses das presentes e futuras gerações”, reiterou.

Leia também:

Proposta pelo PL 733/25 está sendo mal compreendida, diz presidente de comissão

 

Confira as notícias do Boqnews no Google News e fique bem informado.

Notícias relacionadas

ENFOQUE JORNAL E EDITORA © TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

desenvolvido por:
Este site usa cookies para personalizar conteúdo e analisar o tráfego do site. Conheça a nossa Política de Cookies.