Problema que tem se intensificado nos últimos anos – com o aumento da frota de veículos em toda a região – a mobilidade urbana foi destaque na última quinta-feira (26). Primeiro pelo trânsito caótico que moradores de Santos enfrentaram pela manhã. O motivo foi a visita da presidente Dilma Rousseff, pela primeira vez na Cidade. Bastou a segurança presidencial fechar algumas ruas do Centro para o trânsito parar, o que demonstra a fragilidade do sistema de tráfego santista.
O segundo é a própria visita presidencial, que anunciou – no Teatro Coliseu – a inclusão do túnel Santos e São Vicente no PAC2 Mobilidade. Dilma lembrou que o Governo Federal entrará com orçamento a fundo perdido com a metade do valor (R$ 228 milhões) com financiamento “de mãe para filho”.
“No Brasil, havia o hábito de financiar obras vultuosas a curto prazo”, disse. “Hoje temos de ter bons projetos, que resolvam a vida das pessoas”. Para a presidente, o projeto do túnel na região é primordial neste sentido por interferir diretamente na cotidiano da população.
“Sobrevoando vemos claramente como a ilha (Santos e São Vicente) é interrompida. É um projeto fundamental e estratégico para a região, que facilitará a vida dos cidadãos”, ressaltou a presidente.
De acordo com o prefeito de Santos, Paulo Alexandre Barbosa, o momento é considerado histórico para a Baixada, que vive uma fase de expansão. Já para o governador Geraldo Alckmin, os túneis vão aproximar as duas cidades, beneficiando toda a região.
Histórico
Santos e São Vicente discutem há mais de 60 anos o projeto do túnel ligando as cidades. Primeiro, com a apresentação do Plano Regional designado pelo engenheiro e arquiteto Prestes Maia em 1951. Já em 1988, o prefeito de Santos na ocasião, Oswaldo Justo, intermediou uma conversa com o então governador de São Paulo, Orestes Quércia, onde se prometia a construção do túnel ligando duas das zonas da cidade de Santos: a Leste e a Noroeste.
Em 1997, na gestão do prefeito Beto Mansur, atual deputado federal, foi assinado um contrato para a elaboração do projeto de construção do túnel. Cinco anos depois, foi publicado o primeiro edital de concorrência. A obra atraiu interesse, na época, de 73 empreiteiras. Após dois anos da publicação, a empresa OAS foi a vencedora do processo licitarório. Na época, o orçamento foi estimado em R$ 146,6 milhões. Mas a obra, que já tinha até projeto executivo, não teve início por faltar licenciamento ambiental, algo só conseguido a partir de 2007, por meio da Secretaria do Estado do Meio Ambiente.
Em janeiro do ano passado, os prefeitos Paulo Alexandre Barbosa, de Santos, e Luis Claudio Bili, de São Vicente, se reuniram com o ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro. E, ao longo do ano passado, se uniram com outros prefeitos da Baixada Santista para solicitar recursos ao Governo Federal para a viabilização do projeto. “É o maior investimento na Baixada Santista nos últimos 30 anos”, diz Barbosa.
Projeto atual
A implantação do corredor possui investimento de R$ 456,3 milhões. De acordo com projeto apresentado, cada pista terá três faixas, sendo uma exclusiva para ônibus, duas para carros de passeio, além de ciclovia e faixa exclusiva para pedestre (veja mais na página 5).
“Esse é um bom exemplo de parceria de gestão entre os governos Estadual e Federal, onde todos trabalham em prol do bem comum, do bem do cidadão, que é o objetivo maior de qualquer governante”, diz.
Próximos passos
No mesmo dia do anúncio da presidente Dilma Rousseff sobre os investimentos no projeto, foi aberta também a portaria de seleção assinada pelo Ministério das Cidades. “A expectativa é de que, em um ano, consigamos dar sequência ao licenciamento ambiental para iniciar as obras. Depois de começadas, teremos 36 meses de execução, ou seja, três anos”, explicou Barbosa, após cerimônia da vinda da presidente da República a Santos sobre os próximos passos do projeto. Em relação às obras na entrada da Cidade, o prefeito reitera que já foi assinado o contrato de financiamento.
Demais projetos
Junto a outras autoridades da região, como os prefeitos da Baixada – Mauro Orlandini, de Bertioga, Maria Antonieta, de Guarujá e Marco Aurélio, de Itanhaém, Wagner Moura, de Cubatão, a presidente Dilma também reforçou os desafios de investimentos em habitação e saneamento, citando inclusiva a questão da drenagem na Zona Noroeste. “São setores prioritários. Não se trata apenas de interligar. É uma questão de qualidade de vida”. Também enfatizou a importância do pré-sal e dos investimentos futuros para a região, que precisa se preparar para a nova realidade econômica.
Região integrada
Atualmente, existem duas rotas ligando as cidades de Santos e São Vicente. A primeira passando pela orla da praia e a segunda pelo Centro de Santos. Há ainda a ligação pelo morro do Marapé ao da Caneleira, ainda em Santos. Com o túnel a expectativa é que os moradores que fazem o trajeto diariamente não fiquem tanto tempo parados nos congestionamentos tanto da avenida da praia, como pelo Centro, que tem interferência direta no fluxo do sistema Anchieta/ Imigrantes.
