Quebra de mitos | Boqnews

Opiniões

02 DE NOVEMBRO DE 2014

Quebra de mitos

Por: Fernando De Maria

array(1) {
  ["tipo"]=>
  int(27)
}

A disputa presidencial mais acirrada da história recente do País chegou ao fim quebrando alguns mitos. Primeiro: que as pesquisas eleitorais não são confiáveis. É claro que existem exceções e para estas a maior resposta é o descrédito, mas de forma geral os acertos superaram os erros.

Tanto Datafolha como Ibope – os dois principais institutos do País – chegaram à véspera da eleição mostrando uma ligeira vantagem da presidente Dilma Rousseff. O Datafolha foi quem mais se aproximou da realidade após a abertura das urnas. Temeroso em sofrer algum revés, o instituto se precaveu e realizou uma consulta impressionante com 19.318 eleitores em apenas dois dias de coleta de dados. Buscou minimizar ao máximo o risco do erro. E acertou na mosca contrariando os tradicionais críticos de plantão.

Em âmbito regional, a quebra de mitos pode ser estendida para casos interessantes, como o fato de uma eleição presidencial nem sempre ter relação com o partido que está no poder em âmbito municipal. Por exemplo: no primeiro turno, Dilma Rousseff ganhou apenas em Cubatão, feito que se repetiu agora.

Alguns podem dizer que isso se deve ao fato da cidade ser a única da região administrada pelo PT. Pode ser, mas deve-se levar em consideração o fato do mesmo eleitor que votou em Dilma também ter escolhido os tucanos Geraldo Alckmin ao Governo do Estado e José Serra ao Senado. O curioso é que quatro anos antes ambos haviam perdido as eleições na cidade para o governo paulista e Presidência, respectivamente.

Além disso, em 2010, Dilma vencera também em Guarujá e São Vicente, dois dos três maiores colégios eleitorais da Baixada e com características semelhantes em relação ao seu perfil de eleitorado. Desta vez, perdeu no primeiro turno para Marina Silva e no segundo para Aécio Neves. Sinal do desgaste do partido no litoral.

Em ambas as cidades, ela venceu nas zonas eleitorais que atendem eleitores de regiões periféricas. Mas insuficiente para virar o jogo ao serem somados os votos provenientes das consideradas zonas ‘nobres’. Aliás, uma curiosidade: 2 em cada 3 votos dados por eleitores da região a Marina Silva e aos demais candidatos derrotados no primeiro turno migraram para Aécio. Ou seja, está cristalino como a água que o PT regional perdeu espaço até em áreas onde reinava de forma absoluta.

Um exemplo desta quebra de tabu já é frequente em Santos. Desde a eleição municipal de 2008, o candidato do partido perde na ZE 118ª. Foi com João Paulo Papa (então no PMDB) e Paulo Alexandre Barbosa (PSDB) em 2012.
Desta vez, Aécio ganhou tanto no primeiro como no segundo turno por lá. Aliás, Santos foi a cidade da região onde ele obteve a maior diferença percentual de sufrágios, chegando a 97 mil ou 69,3% do total de votos válidos. Os números são tão elevados, que a votação dos eleitores dos bairros da Zona Leste lembrou a goleada de 7 a 1 aplicada pela Alemanha contra o Brasil. Acima dos 75% dos votos válidos!

Os números, portanto, mostram o quanto os santistas criaram uma barreira em relação ao PT, o que reforça a necessidade urgente de uma ampla renovação partidária caso a agremiação sonhe em voltar a ocupar o Palácio José Bonifácio.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Notícias relacionadas

ENFOQUE JORNAL E EDITORA © TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

desenvolvido por:
Este site usa cookies para personalizar conteúdo e analisar o tráfego do site. Conheça a nossa Política de Cookies.