A imagem é emblemática. Um poste no meio do leito carroçável de uma movimentada rua no Centro de Santos. Em razão da reforma da calçada da Rua Riachuelo, com o respectivo alargamento, o poste, que não foi movido, acabou ficando literalmente na rua. Parece piada, mas não é.
O interessante é que a obra demorou cinco meses para ser finalizada e mesmo ao longo deste extenso período nem a Prefeitura nem a CPFL chegaram a um acordo para a retirada do mesmo.
Falando em poste, ele tem sido um problema aos santistas principalmente no que se refere à iluminação pública. Na Ouvidoria Municipal, do total de 9.939 ocorrências no primeiro semestre deste ano, uma a cada três queixas refere-se ao assunto, que superou de longe a ex-líder em reclamações: a poda de árvores.
Na realidade, a situação é reflexo da falta da manutenção adequada que a CPFL Serviços, contratada via licitação, tem prestado ao município, que conta com 30 mil pontos de iluminação.
A alegação da empresa é que como as atividades passaram para a prefeitura no início deste ano, conforme decisão da Agência Nacional de Energia Elétrica, e só foram retomadas pela CPFL em maio, a demanda de serviços está represada. Mas pelo valor que a população paga, bem que poderia existir maior eficiência.
Não é possível que os cinco meses quando o parque de iluminação ficou nas mãos da Prefeitura foram suficientes para piorar tanto a situação. Afinal, são R$ 723 mil mensais ou R$ 24 mil diários que a prefeitura paga para cuidar de consertos, como troca de lâmpadas. Dinheiro há para contratar mais funcionários.Ressalte-se que o contrato é três vezes superior ao valor dos ativos que a empresa repassou na transferência do parque de iluminação à Municipalidade. Portanto, um ótimo negócio.
Deve-se lembrar que os consumidores pagam – e caro – pelo serviço. Basta olhar a conta de luz (verifique qual o valor pago no código IP-CIP, o Imposto de Custeio de Iluminação Pública). A cada aumento do seu consumo ou do reajute na tarifa, o valor cresce. Só no primeiro semestre, já foram 30%, em média.
Não bastasse, a empresa tem o péssimo de hábito de fazer o que bem entende ignorando os consumidores. No sábado passado, alegando a necessidade de troca de cabos de iluminação pública na Avenida Dino Bueno, na Ponta da Praia, funcionários de uma empresa terceirizada ‘a serviço da CPFL’ simplesmente deixaram às escuras moradores e comerciantes durante quatro horas. Detalhe: não houve comunicado prévio do corte de energia, pegando todos de surpresa.
Não é de hoje que a empresa trata a Cidade e seus moradores como consumidores de segunda categoria. Em 2012, ela decidiu mudar seu centro operacional de Santos para Sorocaba, mas o assunto foi abortado após mobilização de políticos e sindicalistas.
Portanto, já passou da hora da empresa repensar suas ações e olhar a Cidade e seus moradores com maior atenção, cabendo à Prefeitura as devidas cobranças como contratante.
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