Um dos principais debates relativos à área portuária dos últimos tempos é a respeito da dragagem (escavação do fundo do mar) do canal de navegação portuário de Santos. O processo de dragagem já ocorre rotineiramente no canal de navegação para manutenção da sua profundidade, que é, em média, de 15 metros, de modo a garantir a segurança do tráfego e atracação de embarcações no Porto.
Contudo, estuda-se o aumento da profundidade e da largura do canal de navegação para comportar navios maiores e aumentar a dinâmica econômica portuária. No entanto, essa medida esbarra nos impactos ambientais ocasionados pela modificação na geologia original do oceano. Entre eles, a erosão e a diminuição da faixa de areia nas praias próximas ao estuário.
Até o momento, nenhum estudo confirmou e nem descartou a relação. Contudo, especialistas acreditam que existe uma conexão direta entre a dragagem e a erosão.
“A operação de dragagem sempre existiu… Não há necessidade de alargar o canal, mas talvez apenas de aprofundar. Esse é o grande problema. Houve agravamento no processo de erosão da Ponta da Praia. Existem outras influências, mas a dragagem é um fator”, afirma Élio Lopes, professor da Universidade Santa Cecília e ex-perito ambiental do Ministério Público.
Estudo
Para investigar a situação foi celebrado um convênio com a Universidade Paulista (USP) em dezembro passado.
A expectativa é de que o primeiro relatório seja entregue nos próximos dias. A pesquisa vai custar R$ 10 milhões aos cofres da Codesp e deve ficar pronta em dois anos.
O secretário de assuntos portuários e marítimos da Prefeitura de Santos, José Eduardo Lopes, afirma que uma aliança entre Prefeitura, Codesp e empresários chegaram em um acordo para encomendar o estudo único.
“Antes havia uma intenção desses agentes de realizar cada um o próprio levantamento. Chegamos a um consenso para fazer uma só pesquisa e verificar os limites operacionais portuários, os impactos da dragagem e quais seriam as ações de mitigação. Com certeza, a adequação do canal de navegação deixará o Porto de Santos mais competitivo, mas para isso precisamos do estudo”, ressalta o secretário.
O presidente da Codesp, José Alex Botelho de Oliva, diz que dentro da negociação com a USP foi acordado que um modelo reduzido do estuário de Santos será construído em uma das oficinas da Codesp.“O laboratório estará à disposição como um centro permanente de pesquisa. Faremos convênios com todas as universidades da Baixada Santista para que haja aqui um grande laboratório, embrião de um centro de pesquisa para o Porto de Santos e também para a região”, destaca o profissional, com atuação também na área acadêmica.