Porto de Santos enfrenta desafios para avançar e gerar mais riquezas | Boqnews
Foto: Nara Assunção /Arquivo

124 anos

02 DE FEVEREIRO DE 2016

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Porto de Santos enfrenta desafios para avançar e gerar mais riquezas

Nesta terça-feira (2), o Porto de Santos completa 124 anos. Segurança e acesso são os principais desafios

Por: Nara Assunção
Da Redação

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 Passeio Na última quinta (28), Dia do Portuário, moradores da região puderam conhecer melhor o cais com passeio gratuito de escuna. Na foto, a técnica de enfermagem Ana Amélia, de Guarujá, que não conhecia o Porto neste ângulo


Passeio
Na última quinta (28), Dia do Portuário, moradores da região puderam conhecer melhor o cais com passeio gratuito de escuna. Na foto, a técnica de enfermagem Ana Amélia, de Guarujá, que não conhecia o Porto neste ângulo

“-Como pode? Nasci aqui e não conhecia o Porto. Nunca tinha visto os terminais desta maneira e nem imaginava como funcionavam”. A declaração da técnica de enfermagem Ana Amélia Souza durante o passeio de escuna realizado na última quinta (28) em comemoração aos 124 anos do complexo – resume o quão distante o Porto está dos moradores e das cidades que nasceram e se desenvolvem ao seu redor.

A tarefa de aproximar as cidades do Porto não é fácil. O contato inicial pode até ser pelo passeio de escuna com explicações sobre a movimentação dos terminais e a história, mas os desafios desta integração são complexos e esbarram em projetos essenciais, como o Porto Valongo, novas opções de acesso aos caminhões, modernizações dos equipamentos, o lendário túnel…

Avanços que são primordiais para um convívio seguro e que acompanham também o ritmo crescente de movimentação do complexo portuário, que atingiu novo recorde de movimentação de quase 120 milhões de toneladas em 2015.

Segurança
Depois dos acidentes que aconteceram no cais, a segurança desta área é o assunto mais discutido no momento. Para o engenheiro, professor universitário, ex-gerente da Cetesb e ex-secretário de Meio Ambiente de Guarujá, Élio Lopes, o que falta é gestão. “Não é a fiscalização que resolve. Cada empresa deve ter uma gestão com medidas preventivas para evitar que venha a acontecer um sinistro, já que todo processo tem sequelas”, afirma. Um exemplo de grave consequência foi o incêndio nos contêineres de armazenagem de produtos químicos no terminal da Localfrio, em Guarujá, no início deste ano, que acometeu a saúde pública e com suspeita de ter provocado vítimas fatais.

Após o acidente no Terminal Químico de Aratu/Tequimar, do Grupo Ultracargo, em março de 2015, que portoteve oito dias de incêndio, a Prefeitura de Santos junto à Codesp decidiu contratar o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) para fazer um estudo dos riscos e assim saber o que é necessário mudar.
Entretanto, com mudanças na direção da empresa, esta contratação voltou a ser discutida apenas na última semana. “A prefeitura está fazendo a parte dela, porém não é o suficiente. Precisamos de um trabalho em conjunto para evitar esses acidentes. As análises do IPT vão nos ajudar a conhecer melhor os riscos”, destaca o secretário de Assuntos Portuários e Marítimos da Prefeitura de Santos, José Eduardo Lopes.

Acesso
Com acidente na Ultracargo — mais grave nas áreas ambiental e econômica — ficou notória a necessidade de outro acesso ao Porto. Segundo o secretário, a opção mais plausível é a criação de um viaduto no final da via Anchieta junto à Avenida Perimetral. “Com esta obra, já teríamos o atual acesso pela Alemoa e este segundo dedicado especialmente ao porto”, explica.

Compete à cidade R$ 290 milhões, fruto do empréstimo com a Caixa Econômica Federal, que a prefeitura vai pagar em 30 anos e, de acordo com o secretário, quem está mais atrasado neste processo viabilizando o outro montante é a União. “Em fevereiro, a prefeitura deve dar início às obras”, garantiu.

Expansão
O projeto de expansão portuária para a Área Continental está sendo discutida há anos. O secretário vê esta como uma oportunidade de requalificação do porto. “Temos terminais em lugares errados, como os grãos na Ponta da Praia. Já que as empresas terão que fazer novos investimentos, porque não fazer em um lugar que não incomoda?”.

Segundo o promotor de Meio Ambiente e Urbanismo, Daury de Paula Júnior, os novos projetos de expansão estão sendo acompanhados pelo MP por meio de inquéritos específicos, pois todos estão sujeitos ao licenciamento do EIA-RIMA.

P4-OK

Mesmo em um ano em que a crise se instalou no País, a movimentação de cargas no Porto de Santos superou as expectativas em 2015, atingindo 119,931 milhões, um crescimento de 7,9%. O número positivo, porém, não representa um aumento da oferta de empregos no complexo portuário. Alguns terminais fizeram demissões em 2015.

“É um contrassenso. Mas é preciso entender a dinânica do Porto para compreender este quadro. A situação depende do setor. No granel ocorreram empresas com até ampliação de funcionários. Quem vive mesmo a crise são os terminais de contêineres”, explica o presidente do Settaport, Francisco Nogueira, conhecido o Chico do Settaport.

O aumento das movimentações foi impulsionado pela significativa alta de 14,4% nas operações de exportação, com influência dos embarques de açúcar, de grãos e farelo, e de milho, respectivamente. Algo que não ocorreu com a carga conteinerizada, em tonelagem, que apresentou queda de 5,5%. O movimento de contêineres reduziu em 7,7%. E é neste setor que o corte de funcionários está acontecendo. Mas segundo Chico, é precisa analisar e cobrar das empresas a responsabilidade social em momento de crise.

“O contêiner foi o mais prejudicado com o dólar alto. Outro fator foi a vinda de dois novos terminais, que não trouxeram clientes novos e sim redistribuíram os clientes de outros terminais. Houve então uma queda brusca de movimentação em terminais que já operavam aqui. Mas eles têm que segurar estes empregados.É uma atividade com mão de obra altamente qualificada. Antes. o problema era não ter esta qualificação. Hoje que as pessoas se especializaram, eles vão mandar embora? Onde está a responsabilidade destas empresas?”, ressalta. A Ecoporto, de acordo com Chico, negociou que não dará aumento, mas vai segurar o quadro de funcionários por sete meses. Já a Libra, que cortou mais de 200 pessoas no ano passado, não se pronunciou perante o sindicato.

“Estamos abertos à negociação, mas a empresa tem que pagar a maior parte desta crise. Sem falar que financiou o Carnaval (N.R: a empresa foi uma das doadoras para a Grande Rio representar Santos no Carnaval carioca). Como uma empresa que diz não ter dinheiro para pagar os funcionários pode financiar uma escola de samba? Fica difícil entender e chegar num acordo”. A Libra foi procurada, mas não respondeu até o fechamento desta edição.

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