No último dia 3 de julho, houve o evento para entrega de conjuntos habitacionais no Tancredo Neves III, na Cidade Náutica, em São Vicente.
Contudo, um ponto que ficou marcado foi o desentendimento do prefeito de Santos, Rogério Santos (PSDB) e o prefeito de São Vicente, Kayo Amado (Podemos) sobre um assunto importante para a região da Baixada Santista que é a saúde.
Além disso, na oportunidade, a cerimônia contou com as presenças do vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin e do governador Tarcísio de Freitas.
Diferenças
Durante o evento, Kayo Amado mencionou no discurso a diferença de investimentos que São Vicente recebe em relação a Santos.
Desse modo, ele aborda que a história da cidade precisa de ajuda para se manter. “É importante saber que nesse mês de julho, Santos arrecadou tudo e mais um pouco que São Vicente até o final do ano não arrecadará. Essa é a desigualdade entre os municípios”, revelou Amado.
Todavia, logo depois, Rogério Santos respondeu. “A nossa UPA [Unidade de Pronto Atendimento], prefeito Kayo, atende mais de 50% da população de São Vicente”. Na sequência, Amado bate a mão na sua perna e deixa o palco ao lado da primeira-dama.
Na coletiva de imprensa, depois da cerimônia, Amado destacou que algumas palavras ditas pelo chefe do executivo santista o machucaram.
“Não acho que seja correto você virar e, de um jeito bonito, falar que paga a saúde da minha cidade, porque não é verdade. Você recebe do estado para pagar a saúde da região”, disse.
Por sua vez, Rogério Santos enalteceu a relação de ambos. “Tivemos várias reuniões entre equipes, desde o começo tanto do meu mandato quanto dele. Santos nasce da cidade de São Vicente. A gente já divide muitos serviços em comum, principalmente na área da Saúde. É esse o sentimento de metropolização”, contou o prefeito santista.
A Secretaria de Estado da Saúde (SES) informa que, até o dia 21 de julho de 2023, foram destinados R$300 milhões ao Departamento Regional de Saúde (DRS) da Baixada Santista para repasses na área da saúde das cidades da região.
São Vicente
Segundo a Prefeitura de São Vicente, por meio da Secretaria de Saúde (Sesau), sete equipamentos possuem farmacêuticos presentes nos locais atendendo a população, são eles: Centro de Atenção Psicossocial (Caps Rio Branco), Centro de Atendimento a Tuberculose (Cath), Centro Médico, Serviços de Assistência Especializada (SAE) e as UBS Central, Parque das Bandeiras e Praça Vitória.
Sendo assim, cerca de 14.100 pessoas recebem atendimentos mensalmente nas setes unidades, sendo que deste número, aproximadamente 700 pacientes possuem prescrições médicas (receitas) de municípios vizinhos – cerca de 5%.
Assim como, a Sesau informa que de janeiro a julho deste ano, o almoxarifado distribuiu para todas as unidades de saúde, mais de 9 milhões de comprimidos e soluções (medicamentos líquidos).
Já quanto aos medicamentos específicos, foram entregues mais de 1 milhão de remédios. Em relação aos medicamentos psicotrópicos, o almoxarifado enviou mais de 3 milhões de comprimidos e soluções distribuídas.
A Sesau tem 26 Unidades Básicas de Saúde (UBS)/Estratégias de Saúde da Família (ESF) para o atendimento primário. As unidades estão localizadas nos bairros da Cidade, tanto na Área Insular quanto na Continental.
Para atendimento de urgência e emergência, São Vicente disponibiliza quatro equipamentos na Área Continental da Cidade, que são o Pronto Atendimento Parque das Bandeiras, Pronto Atendimento Humaitá e Pronto-Socorro Jardim Rio Branco.
Para internação, a referência é o Hospital Doutor Olavo Horneaux de Moura, que fica no Humaitá. Já na Área Insular, a Cidade conta com o Pronto-Socorro Central (CREI), o Hospital do Vicentino e a Maternidade Municipal.
Números
Conforme dados do Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2022, São Vicente possui uma população de 329.844 moradores.
As unidades de urgência e emergência da Área Continental atendem uma população de 150 mil habitantes. Na Área Insular, são 179.844 pessoas.
A Sesau destaca que em 2022, foram registrados 392.902 atendimentos em toda a rede de urgência e emergência.
Desse número, 11.453 fichas são de pacientes de outras cidades e 2.893 pessoas de Santos. Este ano (2023), de janeiro a julho, São Vicente computa 250.307 atendimentos de urgência e emergência; 6.563 de outros municípios e 1.648 de munícipes de Santos.
Santos
De acordo com a Prefeitura de Santos, considerando o primeiro semestre de 2023, foram dispensados 49.540 itens a moradores de Santos nas farmácias das policlínicas, unidades especializadas e de saúde mental, que são de uso exclusivo de pacientes santistas.
Portanto, a compra e dispensação de itens nas UPAs são de competência das organizações sociais responsáveis pela gestão das unidades.
Dessa maneira, Santos possui 72 unidades de saúde, sendo 32 policlínicas. Há ainda hospitais, unidades de pronto atendimento, unidades especializadas e de Saúde Mental.
A cidade tem três UPAS: Central, Zona Leste e Zona Noroeste. Diferentemente das policlínicas, unidades especializadas e de Saúde Mental, que são exclusivas para moradores de Santos, as UPAs têm caráter universal, podendo ser acessadas por moradores de qualquer município que necessite de um atendimento de urgência e emergência.
Além disso, a Prefeitura disponibilizou a média diária de atendimentos nas UPAs, que são dados informados pelas organizações sociais responsáveis pela gestão das unidades.
Atendimentos
Conforme dados do Censo do IBGE de 2022, Santos possui uma população de 418.608 moradores. Na UPA Central há uma média de 379 atendimentos diários em junho de 2023. Já na UPA Zona Leste têm uma média de 386 atendimentos diários no mesmo período. E a UPA Zona Noroeste possui uma média de 400 atendimentos diários neste mês.
Portanto, segundo as origens declaradas pelos pacientes no ato de registro das fichas, em 2022 a UPA Zona Noroeste teve 154.857 atendimentos, dos quais 111.764 informaram morar em Santos e 43.093 em outras cidades, sendo 41.212 em São Vicente, resultando em 95,6% do total de moradores de outras cidades.
De janeiro a junho de 2023, ocorreram 84.268 atendimentos, dos quais 59.351 informaram morar em Santos, 24.917 em outras cidades, sendo 24.150 em São Vicente, o que reflete em 96,9%.
Na UPA Central em 2022 ocorreram 166.199 atendimentos: 101.753 informaram morar em Santos e 64.446 em outras cidades, sendo 23.688 vindos de São Vicente (36,7%).
Todavia, no primeiro semestre, aconteceram 72.661 atendimentos, sendo que 50.693 informaram morar em Santos e 21.968 em outras cidades, dos quais 8.252 em São Vicente (37,5% do total de pacientes de outras cidades).
Na UPA Zona Leste no ano passado foram realizados 130.506 atendimentos, e 121.076 informaram morar em Santos e 9.430 em outras cidades, dos quais 5.087 em São Vicente (53,9%).
Contudo, no primeiro semestre, os números foram estes: 71.376 atendimentos, sendo que 64.390 informaram morar em Santos e 6.986 em outras cidades, dos quais 2.689 em São Vicente (38,4%).
Desse modo, a conclusão para o planejamento e aplicação de uma saúde de qualidade para ambos municípios dependerá dos resultados alcançados por essa cooperação.
Assim como, das soluções encontradas para aprimorar o sistema de saúde das duas cidades.