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22 DE OUTUBRO DE 2008

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Centro Socioterapêutico é utilizado no atendimento à deficientes

Um espaço para estimular o prazer de viver das pessoas portadoras de deficiências. Um lugar onde se sintam livres, seguras e donas de si mesmas. Um ambiente onde encontram qualidade de vida, alegria e tranqüilidade. O Centro Municipal Socioterapêutico Antonio Tavares, localizado na Vila Sônia, se propõe a ser esse lugar. Inaugurado há cerca de […]

Por: Da Redação

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Um espaço para estimular o prazer de viver das pessoas portadoras de deficiências. Um lugar onde se sintam livres, seguras e donas de si mesmas. Um ambiente onde encontram qualidade de vida, alegria e tranqüilidade. O Centro Municipal Socioterapêutico Antonio Tavares, localizado na Vila Sônia, se propõe a ser esse lugar.


Inaugurado há cerca de cinco meses, o local recebe diariamente 40 pessoas (20 por período), com idade acima de 16 anos. Para o atendimento adequado, conta com equipe multidisciplinar composta por fisioterapeuta, fonoaudióloga, pedagoga, equoterapeuta e assistentes. Até o final do ano, contará também com psicólogos.


Inédito na Região Metropolitana da Baixada Santista, o centro socioterapêutico atende pessoas gravemente comprometidas por deficiências mentais. “Muitas já passaram por escolas especiais, mas chegaram a um ponto em que a parte pedagógica já havia feito tudo o que podia e esgotado as possibilidades de avanço”, explica a diretora Sônia Lia Garcia Cunha.


Uma das diferenças do centro em relação às escolas especiais é o acompanhamento de profissionais da saúde, como fonoaudiólogos, fisioterapeutas e psicólogos. Mesmo na área pedagógica, o enfoque também se diferencia. “Aqui, o integrante é muito mais livre que em sala de aula. Há uma preocupação maior com o ritmo dele. E, por respeitarmos seu próprio tempo, as regras não são tão rígidas”, compara Sônia Lia, exemplificando: “Se em determinado momento, a pessoa não está disposta para a caminhada, ela pode escolher outra opção de atividade, como o contato com os animais”.


Aliás, o contato com os bichos é um sucesso entre os integrantes, que têm grande prazer na proximidade com a natureza. “Isso se explica pelo instinto primário do ser humano. Quem é que não gosta do contato com a natureza e da sensação de liberdade que isso traz?”, prossegue a diretora.


Equoterapia – No centro socioterapêutico, os deficientes têm contato com cavalos, galinhas e pássaros, mas, de longe, o animal que mais os atraem são os cavalos. Contando com o apoio de equoterapeutas e seus assistentes, eles montam e andam a cavalo em espaço apropriado a essa atividade. “Quando estão montando, ficam muito mais soltos, menos tímidos; parece que esquecem suas dificuldades. Até a postura deles melhora”, afirma Sônia Lia.


Em função do relaxamento proporcionado pela atividade, este é o momento em que vários profissionais fazem interferências. A fonoaudióloga, por exemplo, fica ao lado do deficiente estimulando a fala. “O prazer destrava a pessoa, que vai respondendo a perguntas, formando frases e assim por diante”, pontua. O professor de educação física aproveita o momento para trabalhar a postura, o alongamento e estimula movimentos com os braços e tronco.


De acordo com o equoterapeuta e instrutor de equitação, Leste Batista da Silva, a terapia sobre o cavalo proporciona diversas vantagens à pessoa com necessidades especiais. “Favorece o desenvolvimento do equilíbrio, os deixa mais calmos, promove fortalecimento do tônus muscular e, principalmente, desenvolve o senso de responsabilidade consigo mesmo, pois quando estão em cima do cavalo, eles mantêm o cérebro atento. O medo de cair faz a pessoa se preocupar em pensar, o que não acontece em atividades mais simples, sem desafios”, explica o especialista. “Por todos esses fatores, a equoterapia é conhecida nacionalmente como um complemento de terapia para pessoas especiais”.


Segundo ele, não há perigo de cair do cavalo, já que a equipe multidisciplinar acompanha cada movimento. “Além disso, são animais treinados especificamente para esse tipo de atividade”, frisa.


Luiz Fernandes Santos Fraga, um dos participantes, se solta quando está na equoterapia. “Quando chegou aqui, não falava nem interagia com ninguém. Agora, já evoluiu bastante. A atividade que mais gosta é estar sobre o cavalo. Nesse momento, ele se realiza e reage positivamente aos estímulos e tentativas de interação”, conta a diretora. A mãe de Luiz, Josefa Carmélia Santos Fraga, confirma: “Ele melhorou muito. Está mais alegre, comunicativo, mais coordenado na hora de se alimentar, mais atuante na hora do banho e mais responsável. Quando acorda, já se preocupa com o horário de entrada no centro”, comemora.


Antes de freqüentar a instituição, Luiz ficava em casa, em frente à televisão, o dia todo. “Nessa situação, os deficientes se sentem sozinhos e ficam tristes pela falta de opção de atividade, além de se sentirem presos num espaço limitado”, argumenta a diretora Sônia. Já no centro, espaço e atividades não faltam, preenchendo suas vidas.


Além das caminhadas, da equoterapia e do contato com galinhas e pássaros, eles também participam de atividades artísticas e de educação física e ajudam a cuidar da horta. “Mas tudo é bem diferente do que se faz numa escola. Exercícios físicos, por exemplo, não são focados em esportes, mas adequados à necessidade de cada um. Há quem precisa melhorar o seu andar, enquanto outro tem de trabalhar o movimento dos braços. Já a atividade artística e o cuidado com a horta funcionam como terapia”, continua a diretora.


Os participantes praticam, ainda, aulas denominadas “Atividades de Vida Prática e Diária” (AVP/AVD), onde desenvolvem noções básicas de vida (normas de higiene, por exemplo), que os levem a alcançar mais autonomia. “Em casa, alguém acaba fazendo tudo pelo deficiente, dificultando o desenvolvimento da independência. É muito mais fácil, por exemplo, alguém da família escovar os dentes por ele do que esperar que ele próprio escove, no seu ritmo e com suas dificuldades. Aqui, pelo contrário, a idéia é promover a autonomia no escovar, no comer, no tomar banho e assim por diante”.


No momento das refeições, contam com o apoio de um profissional de fonoaudiologia, que orienta em relação à mastigação e deglutição. “Os ensinamos a comer adequadamente para que não tenham constrangimento quando estiverem em sociedade”, destaca a fonoaudióloga Bruna Nunes Ribeiro.


Para a diretora, os comentários das famílias atendidas são o termômetro de que o trabalho está no rumo certo, já que não há referências de outros centros públicos como esse para se basearem. “Os familiares comentam que eles estão mais calmos, mais comunicativos, comendo e dormindo melhor. Isso mostra que estamos no caminho certo”.


Ela também destaca que o sucesso do trabalho está nas mãos dos funcionários. “O profissional também tem de ser especial, desenvolver um olhar diferenciado e gostar realmente do que faz. E toda a equipe tem de falar a mesma linguagem. Esses pontos fazem a diferença para atingirmos bons resultados. Somos apaixonados por esse trabalho”.

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