Um trabalhador santista que recebe o atual salário mínimo precisa trabalhar cada vez mais para comprar uma cesta básica.
O reajuste do salário mínimo, que passou de R$ 954 para R$ 998, equivale a 81,1 horas trabalhadas para a aquisição de uma cesta básica em supermercados de Santos.
Em novembro de 2017, o trabalhador que recebia o salário mínimo na ocasião gastava 69,8 horas para adquirir a mesma cesta básica.
Em novembro passado – data do último levantamento divulgado em dezembro último – o valor da cesta básica nos supermercados santistas chegou ao recorde de R$ 408,50.
Na comparação com o salário mínimo, equivale a 40,9%.
Ao todo, são 16 mercados pesquisados, espalhados por bairros, divididos em zonas da orla, intermediária, central e noroeste.
Os dados fazem parte da pesquisa realizada pelo Labores – Laboratório Econômico Social da Universidade Católica de Santos.
Salário mínimo paulista
Para se ter ideia, em novembro de 2017, o valor da cesta básica equivalia a 30,7% do salário mínimo paulista (R$ 1.072,20).
Em novembro passado, chegou a 36,8% do salário mínimo paulista de 2018 (R$ 1.108,38).
Os novos valores para 2019 ainda não foram divulgados pelo governo paulista.
Já em relação ao novo salário mínimo nacional chega a 40,9% do montante recebido.

Professores e alunos realizam o estudo mensalmente e constatam a elevação do custo da cesta básica, que atinge principalmente moradores de áreas mais periféricas. Foto: Nando Santos
“As pessoas estão comprando menos comida”, enfatiza o coordenador do Labson – Laboratório de Soluções Organizacionais, professor João Alfredo Carvalho Rodrigues.
“É uma triste realidade que temos notado. E tem atingido especialmente as pessoas de menor poder aquisitivo”, salienta o coordenador dos cursos de Negócios da Unisantos, Elias Salim Haddad Filho.
Ou seja, justamente as pessoas que moram em áreas mais periféricas têm pago mais pelos alimentos que compõem a cesta básica.
A alta foi maior entre os supermercados da Zona Noroeste (24,6%) entre novembro/17 e novembro/18. (ver quadro abaixo)
Quantidade per capita
A quantidade da cesta básica se baseia no consumo mensal per capita por morador em uma mesma família.
Por exemplo – são 7,5 litros de leite ao mês – o equivalente a 250 ml diários.
No caso de famílias, com crianças, no entanto, este percentual é praticamente impossível de ser atingido.
Ou 100 gramas de arroz/dia e 150 gramas de feijão/dia.
Aumento real
Após três anos, o salário mínimo nacional teve aumento real (foi reajustado em 4,6%).
No entanto, originalmente a proposta era reajustar para R$ 1.006,00, mas a queda na inflação empurrou para um valor menor (R$ 998,00).
Como o ex-presidente Michel Temer resolveu não assinar o reajuste, coube ao novo presidente Jair Bolsonaro fazê-lo.
Valores médios da cesta básica por zona (R$)
Zona Valor médio (nov/18) Valor médio (nov/17) Variação
Central (*) – 341,27 –
Intermediária 389,23 332,67 + 17%
Noroeste 406,87 326,41 + 24,6%
Orla 414,62 347,05 + 19,5%
Fonte: Labores – Unisantos. Comparação entre novembro/17 e 18. O supermercado da Zona Central estava em reforma.