Exploração sexual é uma prática pouco discutida pela sociedade, porem em contínuo crescimento. O tráfico de pessoas hoje movimenta cerca de 117 bilhões de euros por ano (valor estimado em R$ 468 bilhões), apenas atrás do tráfico de drogas.
Em meio dessa prática, existem dois caminhos principais: o trabalho forçado e a exploração sexual. De acordo com a Unicef, a exploração sexual infanto-juvenil é uma ação que atinge 200 mil crianças/ano.
O assunto em Santos e região não é diferente. Diariamente casos e mais casos são denunciados e alertados aos profissionais da área. Idalina Galdino, conselheira tutelar e integrante da Comissão de Enfretamento à Violência Sexual, relata situações chocantes já vivenciadas no Conselho Tutelar.
Uma que ela se recorda até hoje é a de uma jovem de 13 anos que disse-lhe: ‘- Tia, eu não aguento mais. Tenho que cheirar cocaína para aguentar a fazer os programas’.
De um lado está presente o abuso sexual, onde crianças e jovens têm sua intimidade violada por um adulto. Por outra via, a exploração sexual, em que a jovem se sujeita a ter relações sexuais por dinheiro ou mera necessidade de sobrevivência.
Projeto Sentinela
A retomada do Projeto Sentinela ou algo semelhante está em ritmo bem lento. Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) seria assinado até o final do primeiro semestre do ano passado. No entanto, nenhuma solução foi dada. A proposta prevista no TAC seria o auxílio da Prefeitura, que disponibilizaria atendimento para meninas exploradas sexualmente.
”O tema ainda é discutido pela Promotoria Comunitária. A Promotoria lançou o TAC para termos um espaço como o antigo Projeto Sentinela, que hoje é considerado como CREAS, mas não funciona da mesma forma”, afirma.
Idalina chegou a atuar no Projeto Sentinela, onde existiam dois períodos de serviço. Na parte da manhã, as garotas eram localizadas. Já à noite, o grupo de agentes voltava e dava produtos para as meninas.
“Isso chamava a atenção das garotas. Elas amavam. Existiam oficinas, um acolhimento para elas, uma casa onde poderiam vir, sem a necessidade de data ou presença”,
Os encontros que aconteciam no acolhimento do projeto eram uma oportunidade de incentivo para as garotas deixarem a vida de exploração. Por meio do empoderamento, elas percebiam que eram capazes de fazer o que desejassem.
A Luta Continua
Em meio a tantos obstáculos, os profissionais não abrem mão da causa. Para superarem os degraus, há necessidade de apoio coletivo. “Se o prefeito assinar o TAC, subiremos um degrau. Se os cidadãos se conscientizassem de que existe um mundo fora da suas residências, seria outro degrau. Nestes encontros, em razão do nosso vínculo, as incentivamos a deixar aquela vida”, enfatiza.
Fórum
No último dia 26 ocorreu o 1º Fórum de Discussão sobre Exploração Sexual Infanto Juvenil, onde especialistas e autoridades discutiram o tema na Universidade Santa Cecília.
Dentre os convidados, estava o jornalista Carlos Ratton, que publicou reportagens sobre casos de explorações sexuais infantis em Santos e região.
O deputado estadual Paulo Corrêa Junior (PEN) apresentou a minuta de um projeto de lei a ser apresentada na Assembleia Legislativa, onde dá autonomia para o Governo do Estado criar um serviço telefônico de denúncias de abusos ou de exploração sexual de crianças e jovens.
Procurada, a Prefeitura de Santos, informou que, por meio da Sedes – Secretaria de Desenvolvimento Social, está discutindo com o Ministério Público os termos do TAC. Não há previsão de data.