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11 DE ABRIL DE 2024

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Após quase 20 anos dos Crimes de Maio, Gaeco arquiva investigações

Os crimes de maio de 2006 ainda estão na memória das dezenas de famílias afetadas pelas mortes de jovens, vários deles sem qualquer envolvimento com o crime. Aliás, crimes prestes a completar a maioridade, ou seja, 18 anos no próximo mês. Ao todo, foram 564 mortes ocorridas no Estado de São Paulo, como resposta a […]

Por: Fernando De Maria

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Os crimes de maio de 2006 ainda estão na memória das dezenas de famílias afetadas pelas mortes de jovens, vários deles sem qualquer envolvimento com o crime.

Aliás, crimes prestes a completar a maioridade, ou seja, 18 anos no próximo mês.

Ao todo, foram 564 mortes ocorridas no Estado de São Paulo, como resposta a ataques praticados contra agentes de segurança e policiais.

Somente na Baixada Santista, cerca de 70 jovens tiveram fim trágico.

Até hoje, ninguém foi condenado.

A situação relembra as operações Escudo e Verão, praticadas pelas forças policiais da Secretaria de Segurança Pública paulista desde o ano passado na Baixada Santista.

Somadas, as mortes chegaram a 75.

No entanto, desta vez, as ações ocorreram em confrontos policiais.

Porém, naquela ocasião, os assassinatos ocorreram no período noturno, em uma época onde as câmeras pessoais e coletivas engatinhavam deixando de lado importantes registros de imagens.

E provas para serem usadas nos processos e identificações.

Assim, apenas depoimentos de testemunhas se tornaram a principal fonte de informação.

Mães de Maio ainda aguardam por respostas em razão das mortes dos seus filhos. Foto: Divulgação/Arquivo

Arquivamento

Dessa forma, uma decisão do GAECO – Núcleo Santos, iniciada em 2012, ou seja, 6 anos após os crimes, concluiu em agosto passado pelo arquivamento do procedimento investigatório criminal.

E sem apontar culpados.

O documento teve a assinatura de três promotores.

A decisão é de 4 de agosto do ano passado, mas somente agora se tornou pública por meio do site jornalístico A Ponte.

Ao todo, foram nove procedimentos abertos totalizando 22 vítimas, sendo 12 fatais.

Os crimes ocorreram durante a noite e madrugada entre os dias 14 de maio de 2006 até 17 de março de 2007, cuja morte de Rogério Monteiro Ferreira teria relação direta com os crimes de quase um ano antes.

“O que eles deram de devolutiva foi a criminalização dos nossos filhos e das mães durante esses 12 anos de espera por este desfecho”, lamenta Débora Silva, presidente e símbolo da luta por justiça pelas mortes ocorridas em 2006, à frente do grupo Mães de Maio.

Ela própria perdeu seu filho, que trabalhava na empresa responsável pela limpeza pública em Santos.

Débora levou o caso a todas as esferas possíveis no Brasil e no exterior.

O tema se tornou alvo de dezenas de publicações.

Inclusive um estudo em parceria entre a Universidade de Oxford e a Unifesp.

Sua luta, aliás, virou tema do filme A Mãe, com a atriz Marcélia Cartaxo.

 

Procedimentos

O procedimento investigatório analisou os casos das vítimas Jô Farias da Silva, Marcos Rebello Filho e Thiago Roberto Soares (crime ocorrido na Rua Francisco Lourenço Gomes Jr, na Areia Branca).

Marcos e Thiago morreram.

E ainda: as vítimas Davi Jilvencio dos Santos, Givaldo José da Silva, Hideo de Jesus Sasaki, Jonathan Ribeiro Freire.

E ainda:  Juracy dos Santos Smith, Kauê Alexandre Leite Santana, Paulo Roberto de Moura Santos e Vinicius Lemos Ribeiro.

Entre estes jovens, Juracy veio a óbito.

Os crimes ocorreram na Rua Almirante Tamandaré, no Macuco, na esquina da Rua Liberdade com Rua Joaquim Montenegro, no Estuário.

E ainda: na Rua Alexandre Martins (BNH), esquina com Rua Vergueiro Steidel, na Aparecida, e na Rua Santos Dumont, no Macuco.

Mais mortes

O terceiro procedimento investigatório ocorreu nas vítimas Anderson Francisco Anchia, Diego Vieira dos Santos Miranda, Ewerton de Castro Moreira e Wagner Lins dos Santos, este único falecido.

O crime ocorreu no Caminho da Divisa, no Jardim Castelo.

O quarto procedimento tratou de Fernando Alves de Oliveira, assassinado na Rua da Constituição, na Vila Nova.

Meia hora depois foi o caso do casal Ana Paula Gonzaga Santos, que estava grávida e prestes a dar à luz a uma menina, e seu companheiro, Eddie Joey de Oliveira Lavezaris.

O tiro atingiu até o bebê, atingido por duas balas.

Dessa forma, o ataque ocorreu no cruzamento da Avenida Campos Sales com Rua Brás Cubas.

Aliás, o caso ganhou repercussão internacional, a ponto da Universidade de Oxford elaborar estudo com a Unifesp sobre o assunto.

Vinte minutos depois mais uma vítima – Edson Rogério Silva dos Santos, morto na Rua Torquato Dias, no Morro da Nova Cintra.

Já no dia 17 de maio de 2006, Ricardo Porto Noronha morreu no Chico de Paula, às 20h47.

Três minutos depois o separaram da morte de Mateus Andrade de Freitas, no mesmo bairro.

Já em 17 de março de 2007, a vítima foi Rogério Monteiro Ferreira, assassinado na Av. Jovino de Melo, na Areia Branca.

Ele teria sido uma das testemunhas entre as mortes ocorridos 10 meses antes.

Portanto, chamam a atenção a proximidade dos horários e locais entre as vítimas.

Ao lado de outras mães, Débora aguarda por Justiça pela morte do seu filho. Foto: Arquivo

Relatos

Conforme o Gaeco Santos, a testemunha Rodrigo dos Santos Muniz estava junto com Ana Paula e Eddie Joey na noite da morte de ambos.

Ele estava na companhia de Edilson, vulgo Cara Suja.

A testemunha afirmou que ‘os atiradores passaram a efetuar os disparos”. Ele e Edilson saíram correndo do local.

“As vítimas não tiveram tempo de esboçar qualquer reação e nada falaram”.

Conforme o documento, a vítima disse ‘que o boato era de que os ataques eram cometidos por policiais, mas não pode ter certeza. Ademais, afirmou que não reconheceu nenhuma das pessoas retratadas como autores do delito”.

Outra testemunha ouvida foi Ademário Santa Júnior.

Ele afirmou aos promotores que se dirigia a um estabelecimento quando ouviu vários tiros.

“Nessa mesma hora encontrou com a pessoa de nome Iago, que era seu conhecido e, enquanto tomavam sentido contrário ao dos disparos, surgiram duas pessoas em uma motocicleta e passaram a atirar sem nada falar”.

Ele informou que não conseguiu ver quem era os atiradores e que não tinha condição de reconhecê-los, pois usavam capacete.

Diante do exposto entre as vítimas sobreviventes, os promotores solicitaram o arquivamento do procedimento, mas deixaram em aberto o desarquivamento, caso se constatem novos fatos.

 

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