Neste domingo (2), o Porto de Santos celebra seus 133 anos de história, quando comemora-se o início dos primeiros metros de porto organizado. Ao longo dos anos, a infraestrutura portuária tem sido fundamental para o crescimento econômico da cidade de Santos e do Brasil. Assim, o Porto enfrenta desafios significativos e as perspectivas apontam para um caminho de inovação e aprimoramento.
3° pista da Imigrantes
Sobre a importância da construção da terceira pista da Imigrantes, o professor e especialista em setor portuário Hélio Hallite comenta que Santos possui terminais representados por empresas mundiais, como MSC, Maersk, CMA CGM, fazendo um investimentos expressivos e o Porto de Santos é o único do Hemisfério Sul que está conectado com 200 portos de destino.
“É uma importância muito grande das nossas rotas. Das 10 pistas do Sistema Anchieta Imigrantes, apenas duas são para caminhões, sendo que segunda pista é para fazer ultrapassagem. Eles querem que os caminhões desçam em uma única pista da Anchieta. Temos a realidade da ligação Santos-Guarujá, ou seja, temos obras necessárias de engenharia civil e de mobilidade de fundamental importância.”
Meio ambiente
Desse modo, Hallite afirma que é possível pensar na entrega da terceira pista em 2031 “sendo otimista”.
“Você vê o traçado que foi lançado e ele ocupa a Mata Atlântica. Seu bioma foi o mais devastado ao longo desses 40 anos. Agora que a Amazônia está indo para o “brejo” e temos a Caatinga, que pouca coisa pode acontecer de ruim em um ambiente hostil como é, além de preservar a natureza deles. E temos a nossa Mata Atlântica. Então, você construir uma obra como essa, ainda que seja em 2031, mas vencendo obstáculos da legislação ambiental e fazer obra sustentável economicamente e ecologicamente correta é difícil”.
Crescimento dos navios
Em relação à necessidade de não perder cargas, transportando mais produtos no menor volume de tempo usando a mesma embarcação, o especialista aborda que houve uma sinalização de crescimento dos navios há 15 anos com surgimento da linha dos navios da Maersk, que já eram navios para 12 mil TEUs (capacidade de contêineres) e causaram grande mudança no pensamento de como seria a mudança das embarcações.
Ele reforça que o tamanho dos navios vai crescer cada vez mais. “Hoje falamos de um navio de 400 metros. Ele pode utilizar profundidade máxima que o nosso calado pode permitir que será de 17 metros. Então, um navio de 400 metros pode carregar até 24 mil TEUs – unidades de 20 pés. Hoje o máximo que temos são navios de 14 ou 16 mil TEUs.
Ele ressalta que o contêiner hoje é a maior preocupação, pois demanda esse tipo de navio de 366 metros – os mais que trafegam pelo cais santista. Mas para receber um super navio, será necessário maior estrutura.
Hallite informa que você tem que ter público, demanda e importância econômica. “Temos que fazer uma retomada muito grande no setor industrial, porque contêiner é igual indústria. Grão é grão, mas o contêiner emprega muito mais gente. Ele passa um reflexo daquilo que a indústria está produzindo e do potencial que a gente tem de fazer essas trocas com os asiáticos que trabalham intensamente com contêineres”.
Para ter noção, segundo o especialista, Santos é a rota mais curta entre o Brasil e a Ásia, China, Taiwan, Hong Kong, Coreia do Sul e Malásia, e essa é uma rota de contêiners, ou seja, eles têm um potencial muito grande de exportar e com isso vem o fator que é fiel dessa balança, que é a potência e a eficiência da economia de Santos. “Se a gente não tiver consumo tanto para a gente receber o que tá vindo e tanto para atender aquilo que eles precisam, não adianta a gente falar de super navios, porque, por exemplo, nós vamos estar construindo um ginásio para 60 mil pessoas, mas se temos uma torcida de 3 mil”.
Desafios
De acordo com o secretário de Assuntos Portuários e Emprego de Santos, Bruno Orlandi menciona que um dos desafios do Porto é a Alemoa, uma área que necessita de intervenção. “Na minha primeira passagem pela secretaria, nós fizemos um trabalho junto a setores da sociedade civil, do porto organizado, conseguimos buscar um montante de recursos. O prefeito de Santos, Rogério Santos, esteve com o governador do Estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas e veio um recurso para a Cidade na ordem de R$ 120 milhões”.
O secretário menciona que as obras começam após o Carnaval e incluem investimentos em drenagem e pavimentação. “São obras que vão mexer com o geométrico da Alemoa para garantir mais fluidez e mais segurança no tráfego”.
Terminal de passageiros
Por outro lado, Orlandi sinaliza que é preciso avançar em alguns temas para a cidade como a mudança do terminal de passageiros. “O terminal hoje serviu ao propósito que se destinou, tem uma história riquíssima e é importante demais para o Brasil, mas ele precisa ter o seu local alterado. Hoje, ele está concorrendo com carga, num cais que tem fertilizante próximo, que tem grão, que tem operação portuária, passagem de trem. Nós precisamos mudar essa realidade. O terminal de passageiros precisa ficar no local mais adequado ou seja na região central da cidade, pois facilita o acesso”,diz.
Assim, você não tem mais concorrência com carga, ou seja, vai ser um terminal exclusivo para passageiros e num local que é em frente à Secretaria de Turismo, em frente ao Museu Pelé com uma ligação direta com o Parque Valongo que. na minha visão. é maior emblema da relação Porto-Cidade.”
Túnel Santos-Guarujá
O secretário cita que o projeto do futuro túnel Santos-Guarujá é um sonho dos santistas há um século. Ele está em vias de acontecer, com o edital de licitação previsto para esse ano e a perspectiva é que a construção inicia a partir de 2026. O trabalho da secretaria de Assuntos Portuários é acompanhar todo desenrolar dos fatos para que tenha o mínimo impacto possível na cidade. “Eu estou falando de mobilidade urbana, de eventuais desapropriações que caso aconteçam, tem que ser minimizadas. Trabalhamos muito para que tenhamos o desenvolvimento econômico, mas mantendo a qualidade de vida de todo o santista”.
STS-10
Outro fator é o leilão da área do STS-10, de 601 mil m2 no Saboó, para expansão do setor de contêineres no Porto de Santos. Segundo Orlandi, é uma preocupação, pois ninguém é contra o desenvolvimento econômico, mas há uma preocupação maior por conta dos empregos. O cais público é uma atividade muito antiga na cidade de Santos e importante empregador.
“Então hoje vai parar a atividade do cais público naquele local, mas isso vai para onde? Vamos acompanhar isso de perto, mas não são soluções fáceis, existem pontos que precisam ser esclarecidos”, enfatiza.
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