Nesta segunda-feira (25), o Movimento Independente Mães de Maio e a deputada estadual Ediane Maria (PSOL) promovem audiência pública no campus da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), em Santos, a partir das 17h30 (Rua Silva Jardim, 136 – Vila Mathias – Santos)
O evento terá a presença de movimentos sociais, entidades, autoridades federais, estaduais e municipais para discutir as ações dos policiais na Operação Escudo.
Na audiência, haverá a apresentação do pré-relatório efetuado pelo Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH).
Segundo a fundadora do Movimento Independente Mães de Maio, Débora Silva, o evento tem como objetivo dar a voz para as famílias e moradores da comunidade da Baixada Santista.
“Nessa guerra não declarada, as maiores vítimas são os moradores da periferia, as pessoas negras”, salientou Débora.
“Queremos explicações, existem relatos de abuso por parte dos policiais. Não podemos admitir tantas mortes na nossa região”, salientou Débora.
Ela ainda enfatiza a necessidade de mudanças na área da segurança pública, como a ressocialização para que pessoas não cometam mais crimes.

Evento acontece em Santos/Fotoarte
Mâes de maio
Débora Silva está na luta dos direitos humanos desde 2006. Ela fundou o movimento Mães de Maio, após perder seu filho Edson Rogério dos Santos, aos 29 anos.
O filho foi morto a tiros, após sair na rua, durante o confronto entre policiais militares e uma facção criminosa.
Edson foi uma das 564 pessoas que morreram entre os dias 12 e 26 de maio de 2006. Segundo dados oficiais, 505 eram civis. Porém, o Movimento Mães de Maio cita que foram mais de 600. “Estou nesta luta há 17 anos e vou continuar seguindo, pois precisamos agir para que casos como os de 2006 não voltem a se repetir”, finalizou.
Operação Escudo Parte I
A morte do soldado da ROTA, Patrick Bastos Reis completa dois meses nesta quarta-feira (27).
O policial foi atingido por um disparo no bairro da Vila Júlia, em Guarujá. Ele foi levado para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA), mas não resistiu aos ferimentos. Desde então os confrontos entre policiais e criminosos tem sido rotina na região, sobretudo nas periferias das cidades de Guarujá, Santos e São Vicente.
Um dia depois da morte de Patrick Bastos Reis começou a Operação Escudo, que durou 40 dias.
A operação contou com um grande reforço policial, por meio da ROTA e do Batalhão de Ações Especiais da Polícia (BAEP) de diversas regiões do Estado de São Paulo.
Com o objetivo de identificar os autores da morte do soldado e combater o crime organizado na Baixada Santista, a Operação Escudo terminou com a prisão de 958 pessoas, sendo 382 procurados pela justiça.
Além de 70 adolescentes infratores.
Entre as principais prisões, estão as dos suspeitos da morte do soldado da Rota e também de bandidos que gravaram um vídeo desfilando com armas em uma rua na comunidade da Vila Baiana, em Guarujá. As imagens viralizaram nas redes sociais.
Os policiais também apreenderam quase uma tonelada de drogas e 117 armas, incluindo fuzis e submetralhadores. Vale ressaltar que durante a Operação Escudo, dois policiais foram baleados no mesmo dia. Najara Gomes foi atacada por criminosos, em frente a uma padaria no bairro do Campo Grande, em Santos.
Enquanto, Pablo Uriel tomou um tiro enquanto estava em uma operação para identificar os bandidos que atiraram contra a PM
Posição

Operação em Guarujá durou 40 dias/Foto: Divulgação/Governo do Estado
O secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, afirmou em entrevistas coletivas e por pronunciamentos nas redes sociais, que o Estado não será afrontado pelo crime organizado.
“Esperamos que novas operações não sejam necessárias, mas caso se façam, caso o Estado seja afrontado, em qualquer ponto, operações como a Escudo serão desencadeadas para garantir que não haverá um estado paralelo dentro do Estado de São Paulo”, ressaltou Guilherme Derrite, durante a coletiva.
Com o fim da Operação Escudo, Guarujá ainda contará com a Operação Impacto que já estava em vigor na cidade, diante dos atentados contra policiais aposentados que acontecem desde o início do ano. Dessa forma, a Operação Impacto vai seguir até a Operação Verão.
Mortes
O ponto de principal debate da Operação Escudo foi o número de mortes que chegou a 28 oficialmente em 40 dias. A maioria aconteceu na cidade de Guarujá.
A Secretaria de Segurança Pública ressalta que todas as mortes aconteceram diante de confrontos armados, nos quais, os bandidos não se renderam e atacaram os agentes de segurança.
O secretário Derrite garantiu que não houve tortura por parte dos policiais, conforme a perícia. Parte das câmeras usadas pelos policiais estava desligada.
Por outro lado, parcela dos moradores e ongs que defendem os direitos humanos citam que houve excesso dos policiais, com denúncias de execução e tortura.
Inclusive, moradores gravaram a ação dos PMs nas comunidades.
A indignação se espalhou.
Além disso, populares se manifestaram contra algumas das mortes, inclusive com fechamento de acessos nos morros, em especial.
Operação Escudo Parte II
Dessa forma, logo após o fim da Operação Escudo, em Guarujá, o policial militar aposentado Gerson Antunes Lima foi a morto a tiros na calçada de casa, em São Vicente.
Por conta disso, uma nova etapa da Operação Escudo começou, sem ligação com a que ocorreu em Guarujá.
No mesmo dia, uma jovem de 23 anos morreu em uma comunidade na Zona Noroeste, em Santos.
Dessa forma, uma bala perdida a atingiu, após um tiroteio entre policiais e bandidos. Deixou três filhos.
Assim, ao longo do mês, diversas ocorrências tiveram registro em São Vicente.
Na última quarta-feira, por exemplo, um homem foi morto, após trocar tiro com policiais do 5º BAEP.
Aliás, ele estava com uma submetralhadora e mochila com drogas.
Assim, em nota, a Secretária de Segurança Pública não informou o número de mortes da Operação Escudo II, em São Vicente.
De acordo com dados da SSP, até a última terça-feira (19), o saldo chegava a 51 pessoas presas, das quais 27 foragidas da Justiça.
Além disso, os policiais apreenderam até 10 quilos de drogas e duas armas.