A barreira construída na Esplanada dos Ministérios em Brasília no intuito de separar os manifestantes contra e pró-impeachment neste domingo (17) é o símbolo que melhor define o quão dividido está o País neste histórico momento em relação ao futuro da presidente Dilma Rousseff e ao Partido dos Trabalhadores.
De um lado, estarão os manifestantes de verde e amarelo gritando que o processo é legítimo e que a saída presidencial é a melhor saída para a nação. Do outro, a cor dominante será o vermelho, com pessoas que defendem Dilma Rousseff, o governo e que – principalmente – acreditam que o impeachment nada mais é do que um duro golpe na democracia.
Fato é que o tema ganha também repercussão internacional, com matérias em jornais como o New York Times, que na última semana acompanhou o caso dando destaque em várias reportagens.
De acordo com historiador e doutor em História e Economia pela USP, Ricardo Rugai, a repercussão da mídia internacional, de maneira imparcial e até mesmo sugerindo que o processo é um golpe, chega a ser surpreendente. Para ele, o Brasil que tem uma democracia recente e frágil terá a imagem internacional como estado democrático afetada.
“Falar em resultado é muito arriscado. Tento analisar o fato como um todo no cenário econômico do País nos últimos anos. Afinal, o processo de impeachment da presidente tem raízes econômicas, muito mais do que política ou na questão de corrupção”, acredita. Para ele, a elite brasileira tem um grau de tolerância muito baixo quando o assunto é política para a camada popular e a situação se agravou por conta da perda de lucro das empresas.
O que acontecerá, segundo Ricardo, é que com a saída ou permanência da Dilma Rousseff, pautas devem ser votadas como a questão da CLT e serão encaminhadas de maneira mais lenta ou mais avançada caso ela saia.
Processo
Após a Comissão Especial do Impeachment da Câmara dos Deputados ter aprovado o parecer do relator Jovair Arantes (PTB-GO) pela admissibilidade da abertura do processo – com 38 votos a favor e 27 contrários – a votação entre todos os deputados foi marcada então para este domingo. Discussão, como todo o Brasil pôde acompanhar, que começou nesta sexta-feira (15).
No domingo (17), a votação terá início com deputados do Norte e será feita com alternância entre parlamentares das bancadas do Norte e do Sul. Os líderes de todos os partidos poderão falar para orientar o voto de suas bancadas. Logo em seguida, será iniciada a votação. Cada parlamentar será chamado pelo nome e terá 10 segundos para anunciar o voto favorável ou contrário.