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Santos

12 DE JUNHO DE 2015

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Indicadores regionais já mostram reflexos da crise econômica

Aumento no desemprego, desaceleração na arrecadação e queda do consumo são sentidos em Santos

Por: Da Redação

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criseSeja folheando os jornais ou assistindo à TV, a população tem se deparado com a atual situação econômica no País. Números e gráficos complicados que normalmente afugentam a população passaram a ganhar mais importância à medida que o poder aquistivo do consumidor diminui e o desemprego aumenta.

Já é possível sentir o momento de instabilidade em escala municipal. Sindicatos e organizações relacionadas a consumo e serviços — as principais bases econômicas de Santos — sentem os reflexos da crise.

O presidente do Sindicato de Hotéris, Restaurantes, Bares e Similares da Baixada Santista (SinHoRes), Salvador Gonçalves Lopes, lembra que os problemas decorrem desde a não concretização de promessas de investimentos no pré-sal. “A nossa região sofreu muito com isso, pois todos trabalhavam com essa expectativa”, diz.

Agora, com os cintos apertados, Salvador lamenta a queda vertiginosa de movimento no setor. Segundo ele, a redução foi de mais de 50%. “Estamos fazendo promoções para tentar melhorar a situação. Os restaurantes estão fazendo pratos mais econômicos e de uma maneira geral tentam não repassar o valor aos cardápios. A gente está segurando, mas vai chegar em um ponto que não vamos conseguir aguentar. Esperamos que tudo volte à normalidade e que a região e o País consigam se recuperar”.

Comércio varejista
A situação não é diferente no varejo. O gerente administrativo do Sindicato do Comércio Varejista da Baixada Santista, Marco Antonio Guimarães, enxerga o cenário como atípico.“Sabemos que o começo do ano é complicado, mas já estamos chegando em junho e não vemos uma melhora”. Segundo ele, o sindicato tem procurado soluções por meio de palestras, capacitação, atendimentos, orientações e descontos.

O dado mais recente do faturamento do comércio varejista foi de R$ 1,37 bilhão em fevereiro, uma queda de 3,9% em relação ao mesmo período do ano anterior. Os dados são da Pesquisa Conjuntural do Comércio Varejista no Estado de São Paulo (PCCV), realizada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). Das nove atividades pesquisadas, seis apresentaram queda.

Com os resultados de fevereiro, estimativas da assessoria econômica da FecomercioSP apontam uma improvável possibilidade de retomada de confiança dos consumidores. Assim, o comprometimento das vendas aponta para uma retração de até 5% neste ano.

Reflexos
A inflação (aumento generalizado de preços) oficial do País, calculada pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), ficou em 0,74% em maio, conforme informado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É a maior taxa para o mês desde 2008, quando ficou em 0,79%. O índice foi puxado principalmente pela conta de luz e pelos alimentos.

Em Santos, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) apurado pelo Núcleo de Pesquisas e Estudos Socioeconômicos da Unisanta (NESE), aponta uma desaceleração da inflação de 0,21% contra 0,29% em abril.  Segundo a pesquisa, a desaceleração da inflação decorre da forte elevação dos juros e de outras medidas fiscais adotadas pelo Governo.economia

A coordenadora do Curso de Ciências Econômicas da Universidade Católica de Santos (Unisantos), Karla Andrea Derni Simionato, diz que apesar disso existe algo que o consumidor não pode fugir dentro da inflação. São os chamados preços administrados, ou seja, as tarifas públicas que são as mesmas no País inteiro, como gasolina, energia, telefone.

“A crise vai se refletir no Brasil inteiro. Esperamos que na Baixada tenha efeitos menores, proporcionais”. Segundo ela, a tendência é que essa pequena retração da inflação se inverta. “As taxas de juros vão subir com o aumento da Selic (taxa básica de juros da economia brasileira). Isso faz com que as pessoas deixem de consumir. As pessoas têm memória, lembram da época da oscilação inflacionária maluca da década de 80 e apertam os cintos. Consequentemente, alguns preços tendem a cair para atrair clientes”.

Karla também destaca que várias cidades da região também estão sendo afetadas no setor do turismo. “No último feriado, os municípios não encheram. É um indicador. Isso interfere nos empregos gerados e na arrecadação das prefeituras (ver quadro do ISS em Santos)”.

Olhando pelo reflexo positivo da crise, a economista lembra que a desvalorização do real frente a moedas estrangeiras favorece à exportação portuária e portanto maior volume de movimentação de cargas.

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Desemprego
A alta de desemprego nacional está diretamente relacionada com o momento de crise e com a recessão batendo à porta. A taxa de desempregos subiu para 7,9% no primeiro trimestre deste ano, um aumento de 12,6 pontos percentuais na comparação do mesmo período do ano anterior, passando de 7,049 milhões pra 7,934 milhões de pessoas. As informações são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Interessados devem procurar a unidade vicentina do PAT

Santos também teve uma alta no índice de desemprego. Segundo os dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED/Santos) realizada pelo Núcleo de Pesquisas e Estudos Socioeconômicos da Universidade Santa Cecília (Nese/Unisanta), a taxa referente a março de 2015 foi de 6,3%, superior ao que foi apurado em setembro de 2014 (5,4%) e maior do que a registrada na Região Metropolitana de São Paulo.

Soluções
A encarregada de recrutamento e seleção do Grupo NPO Recursos Humanos, Suraia Cassab Deloroso, afirma que a procura por empregos cresceu. Segundo ela, no último mês, foram recebidos cerca de 4 mil currículos. O normal é são aproximadamente 500. “Assim como a procura aumentou, a oferta diminuiu. As vagas reduziram em 70%. Ficamos sem ter muito o que fazer. Estamos trabalhando com as pessoas, gerenciando a ansiedade e incentivando a qualificação.”, diz.

O gerente regional do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Paulo Sergio Brito Franzosi, salienta que a melhor forma das empresas encararem a situação é de maneira inventiva. “É preciso buscar maneiras de se diferenciar no mercado. Inovar. Os clientes sempre buscam novidades. Estou confiante que vamos buscar uma saída”.

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