Considerada uma das cidades com maior número de mortes pela Covid-19 em termos proporcionais, com taxa de 244,4 mortes/100 mil habitantes até o momento, atrás apenas das cidades do Rio de Janeiro e Manaus (AM), conforme estudo da Abramet – Associação Brasileira de Medicina de Tráfego, Santos adotou, finalmente, uma diretriz para atendimento aos casos suspeitos e/ou confirmados da doença.
O objetivo é padronizar a recepção aos pacientes da doença e assim tentar minimizar os riscos de mortes.
Na Baixada Santista, Praia Grande é uma das cidades que adota protocolo de internação precoce, cujos indicadores são inferiores às médias estadual e federal.
“Temos leitos e profissionais qualificados, não é possível que tenhamos números de mortes tão elevados”, enfatiza o secretário de Saúde, Adriano Catapreta.
Em razão do cenário, já são 1.071 vítimas santistas que perderam a batalhla para o Covid até hoje (16).
Catapreta reuniu profissionais das áreas públicas e particulares, como representantes de hospitais e planos de saúde, para discussão em conjunta dos tópicos a serem padronizados.
“Quero que me expliquem as razões da alta mortalidade em Santos. E não adianta dizer que é por causa do elevado índice de idosos na Cidade”, ressaltou o secretário, durante participação na semana passada do programa Jornal Enfoque – Manhã de Notícias, apresentado pelo jornalista Francisco La Scala.
Sua explicação acabou se tornando a portaria 02/2021, publicada dois dias depois (no Diário Oficial – 11 de fevereiro).
O secretário salientou que as diretrizes servem como apoio aos médicos, “que continuarão tendo autonomia no receituário”, ressaltou.
“Queremos uma conduta homogênea, que todos falem a mesma língua no atendimento aos pacientes suspeitos de Covid”, discorreu.
Confira trecho do vídeo onde ele explica os motivos desta padronização:
Diretrizes
Conforme as diretrizes divulgadas na portaria, os profissionais de saúde devem se atentar a uma série de itens, como seguem:
- É um quadro compatível com Covid-19 (observar sinais e sintomas mais frequentes e identificar data do início dos sintomas).
- Entre os sintomas estão: febre, tosse, fadiga, anosmia/ageusia – perda do olfato/paladar, falta de ar, dor muscular ou articular, dor de garganta, dor de cabeça, diarreia, náusea/vômito
Após preenchimento da ficha de notificação compulsória, devem ser realizados os seguintes procedimentos no paciente:
- idade igual ou superior a 60 anos
- comorbidades
- hemograma (relação neutrófilo/linfócito) maior que 3
- proteína C reativa (PCR) elevada
- Oximetria de pulso menor que 95% – medida em dedos diferentes por mais de 30 segundos
Se a resposta for positiva em algum destes itens, devem ser seguidos os seguintes procedimentos:
- coletar RT-PCR SARS-COV-2 entre 3º e 7º dia após início dos sintomas
- Encaminhar para UBS de referência ou médico assistente
- Prescrever sintomáticos
- Oseltamivir nos casos suspeitos, se sintomas gripais e condições de risco.
Se a resposta for negativa, o procedimento deverá ser o seguinte:
- coletar RT-PCR SARS-COV-2 entre 3º e 7º dia após início dos sintomas
- Orientar medidas de isolamento e higienização
- Orientar sobre fatores associados a complicações e necessidade de nova avaliação médica (desconforto respiratório e persistência de sintomas por mais de 3 dias)
- Prescrever sintomáticos, se necessário
- Oseltamivir nos casos suspeitos, se sintomas gripais e condições de risco.
Internação
No caso de necessidade internação, os tópicos são:
- saturação de oxigênio inferior a 93% ou desconforto respiratório
- persistência de febre acima de 37,8º C
- idade igual ou superior a 60 anos
- coletar RT-PCR
- Iniciar tratamento com corticoide (preferencialmente dexametasona), anticoagulação (preferenciamente enoxaparina). Oseltamivir nos casos suspeitos.
- Solicitar D-dímero, LDH, ferritina, transaminases, eletrólitos, função renal, gasometria arterial e tomografia do tórax.
Outras diretrizes
- Pacientes com fatores de risco para doença grave (idosos, com comorbidades, imunossuprimidos) devem ser reavaliados a cada 48 horas em razão do risco de deterioração rápida do quadro.
- Informar o paciente sobre a necessidade de retornar para reavaliação em caso de piora ou persistência dos sintomas respiratórios por mais de 3 dias.
- Pacientes que tiverem oxímetro em casa deverão verificar a saturação do oxigênio três vezes ao dia em dedos distintos por mais de 30 segundos.
- Se os indicadores forem inferiores ou iguais a 93%, devem procurar imediatament uma unidade de saúde.
- Repetir exames laboratoriais se piora clínica ou persistência dos sintomas por mais de 3 dias.
- Isolamento de casos confirmados/suspeitos deve ser de 10 dias após início dos sintomas e 24 horas sem febre ou sintomas respiratórios. E de 20 dias em casos graves (UTI)
- Pessoas próximas ao paciente infectado devem manter o isolamento por 14 dias (período máximo de incubação da doença).
- Não repetir RT-PCR para avaliar a suspensão do isolamento
- Coletar o RT-PCR entre o terceiro e sétimo dia (em pacientes internados, a qualquer período)
- Em caso de óbito que não houve coleta do PCR, o exame deve ser coletado em até 24 horas após a morte.
- Notificação de todo quadro suspeito à Seção de Vigilância Epidemiológica
- Indicação de prescrição de corticoide é para pacientes internados com necessidade de suplementação de oxigênio. Nos demais, fica a critério do médico indicar o uso domiciliar, desde que esse paciente seja acompanhado.
- Não há indicação de prescrição de cloroquina, hidroxicloroquina, ivermectina, nitazoxanida ou qualquer outro medicamento sem comprovação científica.
Vacinação
A vacinação continuará para maiores de 85 anos nesta quarta (17) com poucas doses restantes (cerca de 50 doses), das 8h às 17h (ou enquanto durar o estoque), em quatro policlínicas: Aparecida (Av. Pedro Lessa, 1.728), Vila Mathias (Rua Xavier Pinheiro, 284), Nova Cintra (Rua José Ozéas Barbosa s/nº) e Bom Retiro (Rua João Fraccaroli s/nº).
Para receber a vacina, é necessário levar carteira de identidade com foto, CPF e comprovante de residência em Santos.
Até o momento, o Governo do Estado não se manifestou em relação ao envio de novas remessas ao Município.