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Clima

07 DE JULHO DE 2022

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Baixos recursos para minimizar efeitos climáticos se tornam desafio às cidades

Santos tem sido referência nos estudos dos impactos climáticos. Obras precisam ser feitas para minimizar os riscos que a Cidade sofrerá nas próximas décadas

Por: Fernando De Maria

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Os efeitos climáticos já são sentidos por todos.

E Santos, no litoral paulista, enfrenta o mesmo problema, ainda mais por ser uma cidade litorânea.

A diferença é que na cidade já é possível saber quais os cenários para as próximas décadas, inclusive com modelagens climáticas que chegam às situações mais críticas para o futuro (2050), como chuvas cada vez mais frequentes e maior intensidade.

O desafio é transformar os estudos em ações concretas.

E isso passa por recursos, nem sempre compatíveis e na mesma velocidade que a natureza reage diante das interferências humanas.

Os sinais, portanto, são claros.

Além das chuvas, ressacas com elevação da maré mais frequentes.

Reflexo nas praias

No caso de Santos, faixas de areia na Ponta da Praia já desapareceram ao longo dos últimos anos.

O mesmo ocorre nas praias da Aparecida e Embaré.

Por sua vez, há o ‘engordamento’ natural dos trechos próximos aos canais 1 e 2, onde ficam as praias do Gonzaga, Pompeia e José Menino.

Reflexo da areia que deslocada pelos ventos das praias à esquerda do estuário para a região mais central e à direita da orla santista na visão de quem mora na Cidade.

Não bastasse, bairros da Zona Noroeste, já naturalmente atingidos pela alta da maré em dias de ressaca em razão das peculiaridades geográficas, tendem a sofrer impactos ambientais cada vez mais frequentes.

O mesmo vale para os morros de Santos, a medida que os volumes de chuvas mais fortes em curtos espaços de tempo tendem a se intensificar, conforme projeções feitas por organismos internacionais, como as Nações Unidas.

Em fevereiro de 2020, a intensidade das chuvas resultou em mortes nos morros de Santos, Guarujá e São Vicente, com cerca de 50 vítimas fatais.

chuvas

Famílias perderam a vida nos morros de Santos, Guarujá e São Vicente. Tragédia de 2020 pode se repetir com maior frequência na região nos próximos anos diante do aumento do risco de fortes e mais constantes chuvas. Foto: Anderson Bianchi/Arquivo-Secom-PMS

Referência

Neste sentido, ao lado de Recife (PE), Santos se destaca no cenário nacional.

Assim, desde 2015 mantém um plano de ação climática, estudo atualizado no início deste ano.

Caso das geobags, parceria da Prefeitura de Santos com a Unicamp – Universidade Estadual de Campinas.

“Este é um estudo referência, com ações piloto”, salienta o engenheiro Eduardo Hosokawa, vice-coordenador da Seção de Mudanças Climáticas de Santos, ligada à Secretaria Municipal do Meio Ambiente.

Ele participou do Jornal Enfoque – Manhã de Notícias de hoje (7).

“Santos não vai afundar, nem será engolida. Mas os impactos globais também afetam a Cidade”, salienta.

“A constante elevação do nível do mar e chuvas mais frequentes geram impactos”, acrescenta.

Sobre os geobags, implantados em 2018 em parceria da Unicamp com a prefeitura de Santos, os resultados são animadores.

Para sua instalação houve aporte de quase R$ 3 milhões, repassados pelo Ministério Público após termo de ajuste em razão de multas por danos ambientais.

 

Geobags

Os geobags foram instalados a partir da mureta na orla da praia na altura da Rua Afonso Celso de Paula Lima, com cobertura com pedras.

Tapetes ficam embaixo dos sacos que forma a estrutura em L com 275 metros em uma parte e 240 metros em outra.

Ao todo, 49 bags foram instalados, preenchidos com cerca de 7 mil m3 de areia. Cada saco pesa cerca de 300 toneladas.

O desafio, porém, é ampliar a extensão deste equipamento, para até o Canal 4.

No entanto, não existem valores reservados para este finalidade.

Ou seja, faltam recursos para esta extensão, cujo objetivo é minimizar os impactos ambientais nas praias santistas.

Portanto,  em razão dos geobags, Santos se tornou referência no Brasil.

Além disso, atrai técnicos e especialistas do País e do exterior que querem saber detalhes de como eles funcionam.

O engenheiro Eduardo Hosokawa responde pelos estudos de mudanças climáticas da prefeitura de Santos. Foto: Carla Nascimento

Zona Noroeste

Hosokawa também comentou sobre as previsões presentes no estudo para outras regiões da Cidade, como a Zona Noroeste.

Conforme o levantamento, os riscos de enchentes e problemas em ruas dos bairros serão cada vez mais constantes.

Dessa forma, a situação será bem mais crítica até  2050 – previsão final do estudo. (são necessários 30 anos de acompanhamento para avaliar a evolução dos quadros climáticos)

Diz o levantamento à página 38 , o “cenário pressupõe um aumento do nível do mar em 0,35 metro no cenário 8.5 do IPCC (pessimista), de acordo com estudos locais, e o aumento dos eventos extremos deflagradores de inundações para o limiar de 110 mm/24h em 36% e de movimentos de massa para o limiar de 220 mm/72h em 400%, conforme análise dos modelos climáticos apresentada anteriormente”.

Assim, IPPC significa Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, criado pelo ONU.

“Verifica-se… a necessidade de planos, como o PACS, para que o município possa planejar e tomar providências para mitigar os efeitos do aumento dos riscos no território municipal”, diz o documento.

“O estudo leva em consideração 20 cenários para preparar o que precisa ser feito para as próximas décadas a curto, médio e longo prazos”, salienta Eduardo Hosokawa.

Portanto, lições que os gestores públicos deverão colocar em pauta o mais rápido possível.

Afinal, cada ano a menos no calendário até 2050, data final das projeções, pior as consequências futuras.

Estudo da Unicamp mostra a localização da instalação dos ecobags. Foto: Divulgação Unicamp

Referência

Dessa forma, o trabalho pioneiro atrai especialistas do Brasil e do exterior para conhecer as ações desenvolvidas para minimizar os impactos ambientais que se tornam cada vez mais comuns e frequentes em todo o mundo.

O pioneirismo santista ganhou destaque em reportagem no site da National Geographic no início deste mês, assinada pelo jornalista Kevin Damasio, em Portugal.

Não é à toa que Santos foi escolhida para abrigar em outubro a sede do evento mundial de Cultura Oceânica, que reunirá mais de 25 países, entre os dias 10 a 15 de outubro deste ano.

Estudo

O trabalho Plano de Ação Climática de Santos ocorre graças à parceria do ProAdapta – Projeto de Apoio ao Brasil na Implantação da sua Agenda Nacional de Adaptação à Mudança do Clima em aliança com a Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável (GIZ, sigla em alemão para Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit – GmbH).

Assim, a GIZ trouxe reforço técnico e financeiro à implementação da primeira fase do plano e à sua atualização.

Não bastasse, a proposta agora está sendo ampliada, com ajuda técnica e financeira da GIZ, para âmbito metropolitano.

Dessa forma, a perspectiva ocorre é que até o final do ano haja um documento da Baixada Santista sobre o tema, levando como ponto de partida o trabalho desenvolvido em Santos.

Em junho, ocorreu um Ambiente Virtual de Análise – AVA com integrantes das cidades da região participantes do Projeto Municípios Paulistas Resilientes (PMPR).

Dessa forma, o objetivo é criar um catálogo de serviços na elaboração do planejamento territorial com dados espaciais.

O PMPR decorre da SIMA e a Agência de Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável (GIZ) por meio do projeto ProAdapta (Apoio ao Governo do Brasil na Implementação da sua Agenda Nacional de Adaptação à Mudança do Clima).

Portanto, trata-se de fruto da parceria entre o Ministério do Meio Ambiente e o Ministério Federal do Meio Ambiente, Proteção da Natureza e Segurança Nuclear da Alemanha.

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