Recuperando o glamour | Boqnews

Cidades

20 DE FEVEREIRO DE 2009

Siga-nos no Google Notícias!

Recuperando o glamour

Há quatro anos, o desfile das escolas de samba retornava para Santos, sendo realizado, enfim, no trecho Avenida Afonso Schmidt, na Zona Noroeste. Local esse que há mais de trinta anos era requisitado pelos envolvidos na festa. Tratava-se da volta de uma tradição da Cidade, que chegou a ser dada como morta e que foi […]

Por: Da Redação

array(1) {
  ["tipo"]=>
  int(27)
}

Há quatro anos, o desfile das escolas de samba retornava para Santos, sendo realizado, enfim, no trecho Avenida Afonso Schmidt, na Zona Noroeste. Local esse que há mais de trinta anos era requisitado pelos envolvidos na festa. Tratava-se da volta de uma tradição da Cidade, que chegou a ser dada como morta e que foi marcada por, no passado, principalmente por volta dos anos 80, ter propiciado o segundo maior carnaval do Brasil, atrás apenas do Rio de Janeiro. Com o retorno da rotina festiva no Município, as escolas voltaram às atividades, ainda que de forma vagarosa, e a população, ávida pelas celebrações, tornou a comemorar o carnaval de modo efusivo.







Foto: Lincoln Chaves
Foto: Lincoln Chaves

Os desfiles carnavalescos deste ano ainda estavam há alguns dias de começarem na passarela Dráusio da Cruz, mas os arredores da região já respiravam à plenos pulmões as festividades. Marchinhas de carnaval e mesmo o samba-enredo das escolas que disputarão o posto de campeãs santistas compuseram a trilha-sonora das imediações durante a semana, fosse em lanchonetes, vendinhas, lojas de móveis e mesmo residências, evidenciando que, para os “vizinhos” do sambódromo, o desfile era sinônimo de muita festa e até bons negócios.

O comerciante Luís Carlos Santana é um dos que mais comemoram a ocasião, já que, segundo ele, é a única do ano em que seu bar, situado na Avenida Engenheiro Manuel Ferramenta Júnior – e os demais – obtém um lucro acima do normal. “O movimento melhora muito, é até surpreendente. E mesmo depois do desfile, ainda se consegue ir bem no comércio, já que muitos dos trabalhadores acabam consumindo por aqui, até terminarem de desmontar o sambódromo”, explica.

A festa também agrada a Pedro Luiz Freitas dos Santos, que fazia a segurança da entrada do sambódromo durante a finalização da construção das estruturas e cuja animação com a ocasião já era clara, trajando uma camisa regata da tradicional escola carioca Estação Primeira de Mangueira: “É muito legal ver a festa animar a Cidade de novo. Sempre tivemos grandes desfiles, e não poderíamos ficar muito mais tempo sem o carnaval”.

Um dos incentivadores para tal procura das pessoas é, para o comandante do 6º Batalhão de Polícia Militar do Interior (6º BPM-I), Tenente-Coronel Armando Bezerra Leite, a própria localização da passarela do samba. “O local é de mais fácil acesso para as agremiações do que a praia; é mais próximo de onde está a maioria das comunidades das escolas, facilitando e incentivando ao santista que gosta e acompanha a escola a participar da festa; e colabora também com a fluidez do trânsito na região”, explica.

Bezerra Leite completa, ainda, que a própria cobertura policial foi favorecida. “Além disso, você passou a ter um público bem definido, enquanto na praia, os foliões se misturavam com os turistas, o que podia incomodar quem não gostava de carnaval. Isso permitiu que se pudessem dividir dois públicos distintos. Um é aquele mais familiar, ou mais ‘sério’, que fica pelas tendas, e o outro é o que quer brincar e se divertir no desfile”, ressalta.

Contraponto
No entanto, se aos olhos do povo e mesmo da segurança, a festa está maravilhosa, o secretário de Cultura, Carlos Pinto, cobra mais empenho por parte das escolas. Para ele, os desfiles têm levado muitos fãs à avenida e incentivado a participação popular, mas tem a qualidade prejudicada pelo que as agremiações levam para a passarela. “Infelizmente, as escolas estão longe do que era apresentado há 20, 25 anos. Muitas ainda têm picuinhas uma com a outra, preocupam-se demais com a rival e não se mexem muito para elas mesmas. As pessoas gostam da festa, mas querem ver um espetáculo”.

Na visão do secretário, a queda de rendimento do carnaval santista se deu a partir da década de 90, e se acentuou quando os desfiles foram cancelados. “No Rio de Janeiro e em São Paulo, as escolas trabalham o ano todo, seja promovendo eventos sociais, campeonatos, o que for. Aqui, muitas começam a trabalhar a poucos meses do carnaval, e acabam dependendo da verba que recebem da Prefeitura para trabalhar (em torno de R$ 80 mil por agremiação). É preciso que essas escolas se profissionalizem, que vivam o ano todo, e não três meses ao ano”, critica.
Carlos Pinto afirmou que o assunto é discutido sempre que há reuniões referentes ao desfile, mas diz não receber respostas firmes por parte das agremiações. “Sinto que falta um pouco de seriedade, pois, quando se conversa sobre isso, há um silêncio total. Devia-se seguir os exemplos de outros carnavais, como do Rio e de São Paulo, onde as escolas são quase que profissionais. É a forma de se retomar a tradição de outrora”, finaliza.

Notícias relacionadas

ENFOQUE JORNAL E EDITORA © TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

desenvolvido por:
Este site usa cookies para personalizar conteúdo e analisar o tráfego do site. Conheça a nossa Política de Cookies.